Para conquistar o mercado mundial, os três grandes frigoríficos brasileiros – JBS, Marfrig e Minerva – foram atrás de capital estrangeiro. Hoje são todos transnacionais, com os fundadores originais possuindo apenas ações minoritárias em suas próprias empresas.
Investidores estrangeiros, incluindo empresas de gestão de ativos e fundos de pensão, agora possuem grandes participações, o que significa que cidadãos comuns nos Estados Unidos e em outros lugares estão ajudando a financiar o desmatamento da Amazônia por meio de seus investimentos.
As três famílias por trás dos três grandes frigoríficos brasileiros têm histórias notáveis de enriquecimento, mas sua rápida expansão global foi em grande medida impulsionada pelo Governo Federal por meio do BNDES.
As empresas se expandiram rapidamente no exterior, mas sua presença nos EUA significa que agora estão sujeitas a um maior escrutínio de autoridades e ONGs.
É amplamente aceito que o avanço da pecuária representa 70% do desmatamento da Amazônia, com a taxa de corte da floresta tropical acelerando drasticamente desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência no início de 2019. No primeiro semestre de 2022, segundo dados do Deter/Inpe, 3.987 km2 de floresta foram perdidos – número mais alto para o período desde 2016. Não por acaso, desde o início dos anos 2000, o maior crescimento de frigoríficos e rebanhos de gado no Brasil aconteceu na Amazônia Legal.
Menos reconhecido fora dos círculos financeiros, porém, é o papel que o capital internacional, particularmente dos Estados Unidos, desempenha na destruição da Amazônia por meio de seus investimentos no setor de carne bovina do Brasil.
De fato, o capital estrangeiro – na forma de participações, empréstimos e compra de títulos – hoje supera o capital brasileiro na JBS, Marfrig e Minerva, os três grandes frigoríficos do país. Essa afirmação é baseada em evidências encontradas pela pesquisa da Mongabay em bolsas de valores brasileiras e norte-americanas, estudos acadêmicos, relatórios de empresas e processos judiciais. Esses investimentos estrangeiros transformaram o Brasil no segundo maior produtor mundial de carne bovina e seu principal exportador.
Isso significa que muitos trabalhadores assalariados fora do Brasil estão ajudando a alimentar o desmatamento da Amazônia por meio de seus investimentos indiretos nessas empresas. A Minerva, por exemplo, lista bombeiros de Los Angeles, funcionários públicos dos estados da Califórnia e Ohio, trabalhadores ferroviários dos EUA e professores de Illinois entre seus acionistas. É bem provável que esses trabalhadores não tenham ideia que seus respectivos fundos de pensão estão investidos em uma empresa cúmplice do desmatamento.
Incontáveis outros cidadãos dos EUA e da União Europeia investem em sua aposentadoria por meio de empresas internacionais de gestão de ativos que administram participações nos três grandes frigoríficos brasileiros. Isso inclui os principais players financeiros, como BlackRock, Vanguard, Fidelity, State Street, Aviva, Legal and General, Columbia, Thomas White, Boston Private Wealth e Pharus. A BlackRock, sozinha, tem US$ 408 milhões em ações na JBS, na Marfrig e na Minerva.
Investimentos globais impulsionam o desmatamento
Os fundos soberanos da China e do Oriente Médio também desempenham um papel importante na perda de árvores na Amazônia. A Minerva agora é mais saudita do que brasileira: a Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (SALIC) detém atualmente 33,83% do capital social da Minerva, enquanto a família brasileira Vilela de Queiroz, que fundou a Minerva em 1992, detém apenas 17,6%.
A Minerva é especializada na exportação de gado vivo para o Oriente Médio, principalmente proveniente do severamente desmatado estado do Pará. Essas exportações têm quase cinco vezes mais risco de desmatamento por tonelada do que as exportações de carne bovina do resto do Brasil.
Uma análise de Gabriel da Silva Medina, da Universidade de Taubaté, em São Paulo, estima que a participação brasileira na Minerva seja ainda menor, de apenas 7,6%. Seu estudo de 2021 identificou 15,5% de capital brasileiro na Marfrig, segundo maior frigorífico do Brasil, e 38,3% na JBS, líder de mercado, que cresceu nos últimos anos para ser a maior empresa de carnes do mundo.
Em 2020, a Global Trade Review (GTR) somou o dinheiro estrangeiro investido nesses três frigoríficos, identificando US$ 156,6 bilhões no total: US$ 58 bilhões dos Estados Unidos, US$ 47,3 bilhões da China, US$ 34,7 bilhões da UE e US$ 16,6 bilhões do Reino Unido.
A ONG Global Witness mostrou que 250 instituições financeiras facilitaram ou forneceram diretamente US$ 9 bilhões aos três grandes frigoríficos brasileiros entre 2017 e 2019. Dessas instituições, 41% estão sediadas nos Estados Unidos e na UE, incluindo J.P. Morgan, Deutsche Bank, Santander, BNP Paribas, ING, HSBC, Barclays e Lloyds, .
Desmatar a Amazônia é muito lucrativo
A invasão da pecuária na Amazônia é alimentada por um processo gradual que pode trazer grandes lucros aos principais atores em cada etapa. Na primeira fase – a derrubada da floresta –, grileiros avançam sobre áreas florestais de ocupação ilegal, dentro de Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Em seguida, os grileiros vendem a terra desmatada a fazendeiros – na Amazônia, 1 hectare de terra desmatada vale 100 ou até 200 vezes mais do que 1 hectare de floresta em pé.
Um contundente relatório do Greenpeace em 2009, denunciando o terrível custo ambiental da expansão da pecuária brasileira, além do clamor público global que se seguiu à sua publicação, forçou a JBS, a Marfrig e a Minerva a agir. Todos firmaram acordos para não adquirir gado de fornecedores ligados ao desmatamento e à violação de direitos humanos.
No entanto, alegando dificuldades práticas além de seu controle, os três frigoríficos não cumpriram totalmente os acordos. Como vários estudos mostraram, eles ainda estão comprando gado de fazendas associadas ao desmatamento ilegal e ao trabalho escravo.
Eis o que acontece: o gado é normalmente comprado e vendido várias vezes durante sua vida útil, com os animais movidos de áreas recentemente desmatadas para fazendas estabelecidas mais próximas dos frigoríficos. O rastreamento inadequado permite a “lavagem” da carne bovina, já que o gado nascido e criado em terras recém-desmatadas acaba sendo abatido em terras que perderam suas árvores há muito tempo.
Quando confrontados com evidências de lavagem de gado – relatórios policiais, fotografias de satélite ou licenças de transporte –, os escritórios centrais dos três grandes frigoríficos frequentemente expressam negações diretas.
“A situação é desesperadora”, disse John Wilkinson, especialista em agronegócio global da Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Mongabay. “Você vai a uma fronteira agrícola e não pode imaginar que já foi floresta. É um negócio selvagem e causa um certo desgosto. O capital financeiro acelera as mudanças.”
Algumas medidas isoladas para combater a destruição, porém, foram tomadas. Por exemplo, em fevereiro de 2022, um empréstimo de US$ 200 milhões para a Marfrig do Banco Interamericano de Desenvolvimento não se concretizou porque investigações do banco mostraram que a empresa ainda estava comprando animais criados em terras desmatadas. Mas nada sugere que a destruição tenha sido interrompida.
Pecuaristas pastoreando gado dentro de uma reserva indígena. As ONGs pediram à JBS e a outras empresas brasileiras de carne bovina que encerrassem os relacionamentos com fazendas que têm ligações comprovadas com o desmatamento da Amazônia, invasão de terras protegidas e indígenas, disputas de terra e trabalho escravo. Exigências semelhantes precisam ser impostas a paraísos fiscais e investidores internacionais, dizem analistas. Imagem © Rodrigo Baléia / Greenpeace.
Início modesto
No início, os três maiores frigoríficos do Brasil eram firmemente controlados por seus fundadores, cada um deles um exemplo de enriquecimento pessoal. Um açougueiro rural que abatia cinco novilhos por dia, um caminhoneiro de gado do interior e um filho de açougueiro de 16 anos vendendo miudezas criaram essas corporações transnacionais que, juntas, faturaram cerca de US$ 94 bilhões em 2021, com a JBS à frente, respondendo por US$ 64 bilhões desse total.
A JBS se chamava Friboi até 2005, quando foi rebatizada com as iniciais de seu fundador, José Batista Sobrinho. Em 1995, Batista Sobrinho e seu filho mais velho, Juvensor, transferiram o comando para os dois filhos mais novos, Wesley e Joesley Batista, nascidos com 10 meses de diferença em 1972.
Enquanto se preparavam para a expansão no final do século 20, a JBS empregou executivos que haviam trabalhado para a Vestey Holdings, do Reino Unido. Propriedade privada de uma dinastia familiar secreta, a Vestey foi a JBS do século 20, administrando vastas fazendas e plantas de processamento na Austrália, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, juntamente com linhas de navegação e cadeias de açougues do Reino Unido.
Mas, na década de 1990, a Vestey começou a desmantelar suas operações “da fazenda à loja”, optando por empresas independentes. Em 2005, a empresa britânica se livrou de seus navios, lojas e fazendas australianas e vendeu seus dois importantes frigoríficos brasileiros para a JBS. A empresa sediada no Reino Unido manteve suas fazendas brasileiras, renomeadas CFM Agropecuária e povoadas por uma média de 70 mil cabeças de gado.
Em 1996, a JBS montou sua divisão de exportação sob o controle de Jerry O’Callaghan, da Irlanda, que se tornou presidente da empresa em 2017. Ele trouxe açougueiros europeus para ensinar cortes estrangeiros aos brasileiros e começou a exportar carne in natura no ano seguinte. Segundo John Wilkinson, a Vestey ajudou a JBS a abrir as portas para o mercado britânico. Hoje, a Vestey compra carne da JBS para suas empresas de alimentos do Reino Unido e tem um contrato com o Ministério da Defesa do Reino Unido para fornecer refeições prontas às tropas britânicas.
Transformação em players globais
A entrada de enorme sucesso da JBS, da Marfrig e da Minerva no mercado mundial a partir da primeira década deste século começou com o emprego de executivos com know-how internacional, seguido por um rápido crescimento sob a orientação de banqueiros de investimento internacionais.
Jovens profissionais, empregados pelos braços de investimento de bancos globais, trabalharam estrategicamente. Eles prepararam os frigoríficos brasileiros para listagem pública, localizaram aquisições internacionais e criaram empresas em paraísos fiscais, jurisdições sigilosas onde as leis locais permitem que as empresas evitem impostos e ocultem a identidade dos acionistas.
Hoje, todos os grandes frigoríficos brasileiros possuem empresas nas Ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal. A JBS também possui subsidiárias em lugares como Ilhas Virgens Britânicas, Holanda, Luxemburgo, Bermudas e Estados Unidos. A Minerva possui empresas em Luxemburgo e Cingapura, e a Marfrig na ilha britânica de Jersey e em Luxemburgo.
Um único banqueiro de investimentos, informalmente conhecido como “o banqueiro da JBS”, impulsionou a empresa de carnes durante seus anos de maior crescimento. Patricia de Moraes, do JP Morgan, especialista em fusões e aquisições e filha do ex-ministro da Agricultura brasileiro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, assumiu a JBS em 2002. Seu primeiro sucesso foi convencer Joesley Batista, que dirigia a empresa em conjunto com seu irmão, a começar a se proteger contra flutuações nos preços do gado e nas taxas de câmbio. Resultado: a JBS se tornou o primeiro frigorífico brasileiro a criar uma mesa permanente de negociação de futuros, os acordos legais para comprar ou vender uma determinada commodity a um preço predeterminado no futuro.
Em 2006, Moraes guiou Joesley Batista e uma equipe de executivos da JBS em uma turnê mundial para promover sua primeira emissão de títulos de dívida. O empreendimento superou as expectativas: procurando por US$ 100 milhões, eles receberam ofertas de US$ 300 milhões. Em 2007, Moraes organizou mais uma turnê internacional, desta vez marcando o lançamento da JBS na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Wesley e Joesley cruzaram os EUA em um avião particular, buscando recursos em fundos de investimento.
A JBS, seguida pela Marfrig e pela Minerva, fez suas ofertas públicas iniciais (IPOs) na Bovespa em 2007. Mais de 70% das ofertas da Bovespa naquele ano foram para investidores estrangeiros. No dia de seu IPO, a família Batista se reuniu nos escritórios do JP Morgan em Nova York para ver as negociações atingirem o maior volume da história da Bovespa.
Pouco depois, a JBS se lançou agressivamente no mercado norte-americano com a aquisição, em julho de 2007, das operações norte-americanas e australianas da empresa de carnes Swift, a um custo de US$ 1,5 bilhão e novamente com o apoio do BNDES. A empresa passava por dificuldades, mas seu faturamento anual era cinco vezes maior que o da JBS.
Wesley Batista mudou-se para os Estados Unidos, renomeando a Swift como JBS USA. O ex-gerente da Vestey, Iain Anderson Mars, assumiu o comando da JBS Austrália. Hoje, Mars é presidente da Minerva Austrália.
A JBS começou a operar no ramo do processamento de frango nos EUA em 2009, comprando 64% da Pilgrims Pride, então em processo de falência, mas ainda uma gigante com 235 mil funcionários em todo o país. Desde então, mal se passou um ano sem que a JBS comprasse outra empresa internacional. No Brasil, construiu uma fábrica de celulose e atualmente há rumores de que está procurando oportunidades de mineração.
A Marfrig chegou tardiamente ao cenário de produção de carne bovina dos EUA, comprando 51% da quarta colocada National Beef Packing Co. em 2018.
Devido ao seu poder de influenciar os preços e as condições gerais do mercado, os acadêmicos classificam o setor de frigoríficos brasileiro como um “oligopsônio”: um mercado concentrado dominado por um número reduzido de compradores. As poucas empresas que administram os frigoríficos do Brasil podem definir os preços do gado e afetar milhares de pecuaristas, enquanto as autoridades fazem vista grossa.
“Pegamos frigoríficos vacilantes, cuidamos deles e os colocamos para trabalhar”, explicou Joesley Batista em 2015. “Nosso timing foi bom”, acrescentou.
“Certamente foi uma forma diferente de fazer um negócio crescer”, comentou um analista brasileiro. A JBS “não expandiu e depois fez aquisições. Eles foram às compras para expandir.”
A JBS e a Marfrig foram beneficiadas por recursos vindos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que implementou uma política industrial nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e Dilma Rousseff (2011-2016) para criar os “Campeões Nacionais.”
De acordo com esse plano, um punhado de empresas brasileiras seriam convertidas em algumas das maiores transnacionais do mundo, capazes de competir globalmente. Já em 2015, o braço de investimentos do BNDES, BNDESPAR, detinha 25% do capital social da JBS.
A política de empréstimos e investimentos em condições favoráveis do BNDES gerou enorme polêmica no Brasil, com o banco inicialmente acusado de favoritismo e depois de corrupção. Em 2016, já no mandato de Michel Temer, a JBS foi alvo de uma investigação policial. Os Batistas fizeram planos para mudar a sede da JBS para a Irlanda, mas isso foi vetado pelo BNDES.
No ano seguinte, os irmãos Joesley e Wesley optaram por uma delação premiada, confessando ter pago US$ 148 milhões em propinas para obter verbas do BNDES e de fundos de pensão do Estado, além de fornecer “doações de campanha” aparentemente ilegais a 1.829 políticos de todos os partidos. Os irmãos passaram seis meses na prisão e a holding JBS foi penalizada com uma multa recorde de US$ 3,2 bilhões (não tão severa quanto parece à primeira vista, já que a multa foi distribuída por 25 anos com juros baixos).
Dia do acerto de contas chegando?
O setor de frigoríficos dos EUA, também altamente concentrado, está atualmente sob ataque do governo Biden. “Capitalismo sem competição não é capitalismo. É exploração”, disse o presidente em 3 de janeiro de 2022, ao anunciar o Plano de Ação Biden-Harris, uma série de medidas para combater a concentração corporativa na indústria da carne.
Uma mistura de recompensas e punições, o plano de ação promete incentivos no valor de US$ 1 bilhão para fábricas independentes de processamento de carne e nova legislação para conter o poder das quatro maiores empresas que controlam de 80 a 85% do mercado de carne bovina dos EUA, o maior do mundo. Duas das quatro — a JBS USA e a National Beef Packing Co., controlada pela Marfrig — são nominalmente brasileiras e intimamente ligadas à sua gigantesca pecuária.
Se aprovadas pelo Congresso, duas reformas dentro do plano de ação prometem atingir mais duramente os brasileiros: a proibição de empacotadores dos EUA rotularem produtos processados de carne bovina de fora dos Estados Unidos como “feito nos EUA” e uma exigência de maior transparência.
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) já multou a JBS por várias infrações regulatórias, incluindo, em fevereiro de 2022, uma multa maciça de US$ 52,5 milhões por reter os estoques de carne bovina para inflar os preços. Atualmente, a JBS e a Bertin, uma pequena empresa brasileira de carnes, estão sob investigação tanto da SEC quanto da Comissão de Valores Mobiliários brasileira, devido às suas transações de 2009 na Blessed Holdings LLC., um paraíso fiscal em Delaware, Texas, feitas por um advogado do JP Morgan.
A JBS havia anunciado o acordo de 2009 como uma fusão. Logo depois, Joesley Batista comprou seu primeiro iate de luxo, batizando-o de “Blessed” (Abençoado). Na verdade, a JBS estava comprando a parte da Bertin em sua joint venture brasileira, BF Produtos Alimentícios, por meio de uma complexa troca de ações. Em outubro de 2021, o caso subiu de nível quando a Superintendência de Sanções (SPS) da CVM rejeitou a oferta do Bertin de acordo extrajudicial, citando “a gravidade do caso” e a possibilidade de os acionistas minoritários da JBS terem sido fraudados.
A JBS também está na mira de ambientalistas. Em abril deste ano, a ONG Institute for Agriculture and Trade Policy, com sede no estado de Minnesota, EUA, calculou que, entre 2016 e 2021, as emissões anuais de gases de efeito estufa da JBS aumentaram 51%, para 421,6 milhões de toneladas métricas – mais do que a pegada climática anual da Itália.
Foi uma infusão de financiamento do setor financeiro global que ajudou a alimentar essas emissões. Em um relatório conjunto de 2021, Greenpeace e WWF escreveram que os bancos e gestores de ativos do Reino Unido foram responsáveis pelo financiamento de 805 milhões de toneladas métricas de liberação de CO2 em 2019. “O setor financeiro está impulsionando a economia de alto carbono, mas atualmente não há exigência de redução de suas emissões de acordo com as metas do governo”, afirmou o relatório.
Sujeitar as atividades bancárias às diretrizes climáticas é uma demanda recente, mas que ganha força rapidamente. Em março deste ano, 34 ONGs brasileiras apelaram para que as instituições financeiras fossem incluídas nos parâmetros de desmatamento zero.
No mesmo mês, a ONG britânica Make My Money Matter (Faça Meu Dinheiro Importar, em tradução livre) lançou uma campanha pedindo aos investidores que mudem para fundos de pensão sustentáveis, sob a justificativa de que um quinto do patrimônio de 2,7 trilhões de libras (US$ 3,39 trilhões) atualmente investido em fundos de pensão do Reino Unido está ligado ao desmatamento mundial.
Campanhas semelhantes estão surgindo nos Estados Unidos.
Embora o financiamento estrangeiro possa ter ajudado os três maiores frigoríficos brasileiros a se expandir no início do século 21, é esse investimento internacional que impulsiona os ativistas, oferecendo-lhes um novo caminho para pressionar os frigoríficos a conter seu desmatamento desenfreado.
https://brasil-mongabay-com.mongabay.com/2021/05/gigante-da-carne-jbs-promete-desmatamento-zero-daqui-a-14-anos/
Imagem do banner: fazendeiro pastoreando gado em Mato Grosso. Foto: Bernard Dupont via Flickr (CC BY-SA 2.0).