Modelos climáticos e estudos das mudanças na Amazônia estão levando cientistas a prever a savanização irreversível da floresta. A não ser que se tomem medidas imediatas, estima-se que de 50 a 70% da Floresta Amazônica possa se transformar em savana nos próximos 50 anos.
Esse desastre ecológico provocaria uma liberação de grandes quantidades de carbono armazenado na vegetação, levando a uma catástrofe climática. A transformação está sendo desencadeada por diversos fatores que estão tornando a região mais árida, entre eles o avanço crescente do desmatamento, o aumento dos incêndios florestais e as mudanças climáticas em escala regional e global.
Embora modelos climáticos tenham sido os primeiros a dar indício do chamado tipping point – um ponto crítico de devastação irreversível da floresta –, agora eventos reais na região causam ainda mais preocupação. Nas últimas décadas, a Amazônia ficou mais quente e seca, além de queimar com mais velocidade. Espécies de plantas adaptadas ao clima úmido estão morrendo, enquanto espécies resistentes à seca prosperam. E o desmatamento voltou a crescer depois de 11 anos.
Cientistas argumentam que esse estado crítico pode ser revertido com fortes políticas ambientais. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro está caminhando na direção oposta, com planos de desenvolver economicamente a Amazônia. Seu governo planeja abrir reservas indígenas para a mineração e o agronegócio, além de construir hidrelétricas, estradas e outras obras de infraestrutura.
“Estamos na beira de um precipício”, diz o cientista climático Carlos Nobre, autor de um editorial publicado no mês passado em parceria com o biólogo especializado em conservação, Thomas Loveloy. No texto, eles alertam: “Já chegamos ao ponto crítico da Amazônia”.
Cientistas que estudam a Amazônia estão muito preocupados. Nas últimas décadas, o bioma tem se tornado cada vez mais árido, tornando a floresta, antes quase à prova de fogo, mais propensa a incêndios. A frequência de eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e temperaturas elevadas, também está aumentando. A estação seca está ficando mais quente e longa e as árvores estão morrendo. Modelos climáticos digitais mostram que tudo isso pode ser um prenúncio de que algo muito pior está por vir.
Mas o que é aquilo que os especialistas vêm chamando de tipping point, o ponto de virada crítica e irreversível da Amazônia? Como exatamente seria e quando poderia acontecer? Como um declínio gradual ou uma queda súbita? A Mongabay conversou com vários cientistas para descobrir.
A Floresta Amazônica é historicamente um lugar chuvoso, úmido e verde. Antes, em seu estado natural, nem mesmo raios de grande intensidade podiam provocar incêndios na região – a vegetação era simplesmente úmida demais para isso. Mas hoje, em grande parte da região, pesquisadores sustentam que o ciclo hidrológico que manteve a floresta tropical prosperando por milênios está ameaçado, com o bioma sofrendo cada vez mais instabilidade e estresse devido ao agravamento do desmatamento e às mudanças climáticas.
Essas tendências, contudo, podem ser reversíveis: atividades humanas como o reflorestamento da vegetação nativa, por exemplo têm potencial para levar a Amazônia a um novo paradigma ecológico, e inclusive trazê-la de volta ao seu estado original.
Avanço rápido em direção a um ponto irreversível
De acordo com a teoria do ponto crítico, hoje grande parte da Floresta Amazônica está prestes a morrer, o que a transformaria em uma espécie de savana – seca e degradada. Alguns pesquisadores, como Nobre, têm certeza de que estamos à beira de uma situação perigosa. Outros não estão tão convencidos dessa iminência, mas também não negam uma eventual transição do bioma.
O argumento não é meramente acadêmico, nem a resposta relevante apenas para a Amazônia: a floresta possui um estoque amplo de carbono em suas plantas e solo. Uma transição para o estado de savana, portanto, não significaria apenas um desastre para a biodiversidade da região e para os povos que dependem dela para sobreviver; essa transformação, especialmente se for rápida, pode levar as emissões atmosféricas de carbono para uma grave situação de perigo, o que causaria uma catástrofe climática global.
Infelizmente, o aumento do desmatamento – o que, de acordo com os modelos climáticos, aproximaria a floresta mais rapidamente do ponto crítico – é uma realidade cada vez mais evidente na Bacia Amazônica. Já no primeiro ano do governo Bolsonaro, a taxa de desmatamento voltou a crescer depois de 11 anos e as proteções ambientais foram drasticamente reduzidas. A esperança de alcançar as metas de redução de carbono do Acordo de Paris está diminuindo à medida que o presidente apresenta planos para novas estradas, represas, ferrovias e linhas de transmissão elétrica na Amazônia.
Uma floresta tropical sem chuva não é uma floresta
De acordo com Nobre, os primeiros sinais de uma mudança de floresta para savana – movida por mudanças climáticas, pela intensificação do desmatamento e pelo aumento dos incêndios – estão começando a aparecer na Amazônia. O ponto crítico “não é mais uma previsão teórica sobre o futuro”, diz o climatologista.
Depois que vários estudos feitos nos últimos dois anos revelaram sinais de uma Amazônia em transformação, Nobre e Lovejoy decidiram reavaliar suas previsões anteriores. O que eles haviam antecipado por meio de modelos climáticos agora estava ocorrendo em tempo real e de forma muito mais rápida do que o esperado.
Nobre agora projeta que de 50 a 70% da floresta se tornará savana em menos de 50 anos. “Mais da metade da Amazônia se tornar uma savana degradada em 50 anos é como cair de um penhasco”, alerta. “Em termos de biologia evolutiva, isso é um estalo”.
Um estudo importante por trás dessa previsão é um relatório científico da Rainfor (Rede Amazônica de Inventários Florestais), que coletou dados de 106 parcelas diferentes de um hectare de Floresta Amazônica durante mais de três décadas. O estudo, liderado pela ecologista Adriane Esquivel Muelbert, da Universidade de Birmingham, mostra que espécies adaptadas ao clima de floresta úmida estão morrendo enquanto espécies resistentes à seca estão proliferando.
“Nosso projeto foi bastante conservador. Não colhemos amostras de áreas desmatadas ”, diz Muelbert. “É por isso que é tão preocupante. Mesmo nos cantos mais remotos do planeta, estamos vendo os impactos humanos.”
Um estudo da Nasa publicado em outubro de 2019 por Sassan Saatchi e Armineh Barkhordarian corrobora essas descobertas. A pesquisa mostra que a umidade está diminindo em toda a região, mesmo em áreas não-afetadas pelo desmatamento. A aridez aumentou de forma contínua entre 20 e 30% nas últimas três décadas.
Esses dados apontam para um efeito indireto: um ciclo de feedback positivo – visto há muito tempo pelos cientistas através de seus modelos – que agora está levando a Amazônia a um ponto de virada crítica e irreversível. “Até o Noroeste [da Amazônia], que supostamente tem enorme resiliência e chuvas exuberantes, está sendo impactado”, revela Saatchi. Os efeitos do ressecamento começaram a aparecer a partir da seca de 2005. No Sudeste – uma região com desmatamento muito maior –, o processo de ressecamento é observado desde o início dos anos 90. “É extremamente alarmante”, diz Saatchi.
Agora é possível observar impactos em todos os níveis: a copa e as folhas das árvores estão ficando mais quentes e o ar ao seu redor menos úmido. O solo abaixo, cada vez mais árido por conta de secas prolongadas ou saturado pela intensificação das inundações, retém menos água para alimentar as raízes. “Nas áreas de floresta tropical, a duração da época de seca aumentou de 5 a 7 dias por década de forma consistente nos últimos 30 anos”, relata Saatchi.
Na Amazônia, as árvores agem como bombas, enviando água do solo de volta para as folhas do dossel e depois para o céu, reciclando a chuva e mantendo a atmosfera úmida. Como as árvores regulam o clima, e o clima afeta as árvores, mudanças pequenas em qualquer um dos dois podem criar um efeito dominó.
Segundo o cientista e pesquisador do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Heil Costa, a Amazônia precisa de pelo menos sete meses de chuva para prosperar. “Com seis meses de chuva, você tem uma savana”, ele diz. No entanto, a pesquisa de Costa mostra que, na última década, a época de chuvas tem começado mais tarde e a de seca tem chegado mais cedo.
É na parte mais desmatada do sul da Amazônia que esse efeito de ressecamento é mais extremo, diz Costa, apontando dois estudos publicados em 2019. Algumas áreas já se aproximam desse limite de seis meses, correndo o risco de se transformar em savana. “Isso é a prova de que as condições para um ponto crítico já estão dadas”, diz ele.
E não é apenas a floresta que corre risco com o aumento da estiagem. A agricultura, setor-chave para a economia do país, já vem dando sinais de impacto, segundo Costa: “Se você conversar com qualquer agricultor de Mato Grosso, lhe dirão que as chuvas estão diminuindo.” Os rios e aquíferos da Amazônia e do Cerrado também estão sendo afetados, o que é uma notícia extremamente ruim para as grandes cidades que dependem dos dois biomas para o abastecimento de água.
As condições devastadoras da seca no sudeste da Amazônia estão também ressoando no oeste, em regiões amplamente florestadas – as mais cruciais para a função de atrasar os feedbacks positivos climáticos que aumentam o ressecamento. “A umidade e a massa de ar estão se movendo do leste para o oeste”, diz Lovejoy. “É o desmatamento, portanto, que faz a maior diferença” nas áreas florestais da Amazônia mais a oeste. A perda total de vegetação amazônica desde 1970 totaliza 718.927 km2, uma área maior que a França. E que cresce a cada ano que passa.
Mas o que ainda não se sabe ao certo é em que ponto as mudanças climáticas e a perda de árvores se combinam para se auto-propagarem – um processo que se inicia sem necessidade de força humana –, resultando então em uma espiral desenfreada de morte que avança até que a Amazônia como a conhecemos deixe de existir.
Incerteza e um “plano de ação”
Por mais terrível que isso tudo pareça, cientistas não têm total certeza dos cálculos por trás desse tipping point. Anteriormente, se baseado apenas no desmatamento total da Amazônia, os modelos climáticos previam que esse ponto de virada irreversível seria alcançado quando 40% do total da floresta fosse desmatado. Mas, depois de adicionar os impactos das mudanças climáticas e dos incêndios na Amazônia, essa previsão foi reduzida para 20 a 25%. Hoje, estima-se que 17% da cobertura total da floresta original da Amazônia já tenham sido perdidos.
“O ponto crítico é algo que nos preocupa muito. Mas [ainda] não temos certeza de como os mecanismos funcionam,” confessa Sassan Saatchi, da Nasa. “Nossos modelos de ecossistema não estão completamente equipados para simular isso para nós. Alguns mostram uma diminuição drástica de árvores, enquanto outros mostram mais flexibilidade e resiliência.”
Em 2013, por exemplo, a simulação de um modelo climático encontrou uma resiliência surpreendente da vegetação amazônica, beneficiada por um surto de crescimento causado por níveis mais altos de gás carbônico na atmosfera. Peter Cox, um dos autores do estudo, publicou um artigo histórico em 2000 com o Met Office britânico alertando sobre um ponto de virada amazônico, mas desde então ele tem revisto essa hipótese.
Adriane Muelbert alerta sobre confiar demais nos modelos climáticos, que sempre são limitados pelos dados disponíveis, e, portanto, possivelmente imperfeitos. Os modelos, de acordo com ela, não têm o mesmo peso científico que as observações da vida real, que provam que uma devastação significativa já começou.
Vários pesquisadores disseram à Mongabay que os modelos climáticos de hoje precisam ser aprimorados com novos dados antes que possam determinar de modo preciso o momento e os mecanismos de ação do ponto de virada da Amazônia em savana, e enfatizaram a necessidade de novos investimentos em ciência e tecnologia. “Precisamos de modelos para responder às novas perguntas que temos hoje. Há vinte anos, a savanização era uma mera possibilidade. Hoje, temos provas de que a floresta já está nesse caminho. Mas os modelos estão se tornando obsoletos”, disse Costa.
Outros veem a ênfase no ponto crítico como contraproducente, acreditando que o conceito poderá gerar um sentimento de impotência com o público. “Incorporado à hipótese do tipping point da Amazônia, há um fatalismo que transmite a mensagem errada – de que não há volta”, adverte Daniel Nepstad, presidente da Earth Lab Initiative.
Yadvinder Malhi, professor da Universidade de Oxford e especialista em florestas tropicais, faz coro com essa visão: “Há um sentimento de que é inevitável. Que estamos condenados. Não creio que tenhamos chegado lá. Há muita coisa que pode ser feita. Em vez de desesperar, acho que é um apelo à ação para evitar esses piores cenários.”
A partir deste momento, resta saber se os primeiros sinais de perigo agora em evidência resultarão na degradação irreversível de metade da Amazônia, ou se a floresta responderá de forma diferente ao estresse decorrente das mudanças climáticas, do desmatamento e do fogo.
“Minha sensação é que as mudanças que você está vendo no sul da Amazônia são um prelúdio”, diz Lovejoy. “Você verá muito mais fogo, muita vegetação morta. Vai ficar muito mais seco. Não é uma imagem bonita, mesmo que possamos ter muita clareza sobre como isso se dará.”
E simplesmente sentar e esperar para que a realidade comprove que a Amazônia está chegando perto de uma virada crítica e irreversível, de acordo com ele, é um experimento “impensável”.
Incêndio em uma floresta tropical não é mais um paradoxo
Quando Ane Alencar, hoje diretora científica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), começou a pesquisar incêndios na Amazônia há 25 anos, ela estava em grande parte em uma missão solo. No início dos anos 90, os cientistas não estavam estudando incêndios em florestais tropicais porque simplesmente não havia muitos para estudar. “Isso era novo”, lembra ela. “Um fenômeno muito estranho”.
De forma natural, um ciclo de incêndios na Amazônia deveria acontecer apenas uma vez a cada 500 ou mil anos, explica Alencar. Mas recentemente, na Amazônia Oriental – uma região com altos níveis de desmatamento –, ela encontrou áreas que estão queimando a cada três anos. “Partes da Amazônia já estão neste ponto de autodestruição”, afirma ela. “O sistema não sustenta mais a si mesmo. Quanto mais seco está, mais fogo há, e quanto mais fogo há, mais seco fica”, e assim por diante.
Um estudo publicado em janeiro de 2020 pelo pesquisador do Ipam Paulo Brando estima que a área da Amazônia queimada por incêndios pode chegar a 16% da floresta até 2050. “Esforços agressivos para eliminar fontes de ignição e suprimir incêndios florestais serão cruciais para a conservação das florestas do sul da Amazônia,” afirma seu relatório.
A aparência desses incêndios é diferente da dos incêndios gigantescos que ocorrem em regiões temperadas. E, diferente do fogo em terras desmatadas, as queimadas nas florestas tropicais muitas vezes passam despercebidos pois ocorrem sob o dossel das árvores. Mas, com a floresta degradada, eles pioram os incêndios futuros. Durante a seca intensa provocada por El Niño em 2015, Daniel Nepstad, do Earth Lab, conta que foi exatamente esse tipo de incêndio que destruiu uma área de floresta a nordeste de Santarém. O trecho destruído era maior do que todo desmatamento da Amazônia em 2015.
“É tudo uma questão de quão frequentes e intensas essas queimadas são”, diz Nepstad. “E quando elas chegam, existem fatores que as desencadeiam? É uma grande oportunidade para nós.” Ao prevenir o fogo e aumentar os esforços de combate e monitoramento, diz ele, muitos incêndios na Amazônia podem ser evitados ou contidos.
Mas tais políticas requerem vontade política. E até agora, sob o regime de Bolsonaro, a vontade tem ido na direção oposta, com o desmantelo de órgãos ambientais responsáveis pelo combate a incêndios e pelo desmatamento ilegal. De acordo com um relatório do O Eco, em 2019, o orçamento do programa de prevenção de incêndios sofreu uma queda de 50% como parte de um corte de 187 milhões de reais do orçamento do Ministério do Meio Ambiente.
“No fim, a quantidade de fogo depende da ignição. E a ignição é provocada por humanos e muito sinalizada pela política ”, diz Alencar. A maioria dos incêndios na Amazônia é ateada por proprietários de terras e não devido a causas naturais. “O governo precisa entender o valor da Amazônia. Fico triste por estarmos jogando isso fora.”
Danos irreversíveis no mundo todo
Mesmo enquanto o debate sobre o tipping point continua, há um consenso entre especialistas sobre um fato: a morte de bilhões de árvores da Amazônia liberaria enormes quantidades de carbono na atmosfera, desfazendo as metas globais de redução de emissões, aumentando as temperaturas planetárias e causando eventos climáticos mais extremos.
Esse declínio da Amazônia também pode provocar impactos em outros biomas e ecossistemas. Um estudo recente, por exemplo, mostra que os incêndios na floresta estão derretendo geleiras na Cordilheira dos Andes. Mas ainda não se sabe exatamente como a transformação da Amazônia de floresta em savana, com uma liberação de maciça de carbono na atmosfera, poderia causar outros pontos críticos em nível global.
“Quando você acaba com a Amazônia, os efeitos disso chegam em partes bem distantes do planeta”, diz Timothy Lenton, professor da Universidade de Exeter que estuda as conexões entre os diferentes tipping points da Terra. “Isso pode significar que outros lugares distantes ficarão mais úmidos ou mais secos à medida que a circulação da atmosfera se reorganiza”.
Pensa-se que a savanização da Amazônia seria permanente: “A biodiversidade diminuirá drasticamente e o ecossistema mudará completamente”, projeta Costa. “Árvores que não estão adaptadas ao fogo não sobreviverão. É um processo de seleção natural.”
Para evitar que a Amazônia chegue a esse ponto crítico, o governo precisa se esforçar, diz Monica de Bolle, economista e assessora de políticas ambientais do Instituto Peterson de Economia Internacional. “Precisamos de um governo que faça um esforço ativo para proteger a Amazônia, o que não tem sido o caso de Bolsonaro”.
Mas a comunidade internacional, diz ela, com seus próprios problemas de emissões climáticas (que, por sua vez, impactam a Amazônia), também deveria se empenhar. “Atacar Bolsonaro, como fizeram alguns governos, sem considerar a cooperação e o fornecimento de incentivos para evitar o desmatamento, colocou o governo em uma posição de confronto que não serve aos interesses de ninguém”, escreveu de Bolle em um relatório de outubro de 2019.
Nobre e Lovejoy, os principais defensores da teoria do ponto crítico, ainda têm esperança de um futuro sustentável, apesar de suas previsões. “A hora de agir é agora”, dizem, apresentando metas ambiciosas de reflorestamento para salvar a Amazônia, juntamente com a transformação das práticas do agronegócio industrial, eliminando a pecuária insustentável e as monoculturas de soja e cana-de-açúcar.
Lovejoy observa que existem terras abandonadas que estão se recuperando naturalmente, ressaltando que um quarto da perda total de cobertura vegetal no Brasil agora está voltando a crescer.
“O único caminho sensato é lançar um grande projeto de reflorestamento, especialmente no sul e no leste da Amazônia”, escrevem os dois cientistas no Science Advances. “A notícia boa é que podemos reconstruir uma margem de segurança”.
A comunidade científica ainda tem muitas divergências quanto ao tipping point. Mas quando se trata da necessidade urgente de reduzir o desmatamento, combater incêndios e investir em ciência – preservando a biodiversidade da Amazônia e alcançando metas globais de redução de carbono – elas são unânimes. A hora de agir é agora.
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