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Ecologia florestal e dinâmica do carbono

Análise por Timothy J. Killeen em 6 Junho 2023 | Translated by Lisete Correa

Mongabay Series: Uma tempestade perfeita na Amazônia

Uma floresta tropical é composta de milhares de espécies de árvores de longa vida, cada uma com uma história natural caracterizada por atributos morfológicos, fisiológicos e reprodutivos únicos. Muito pouco se sabia sobre os processos ecológicos dentro dessas comunidades vegetais em 1980, quando os ecologistas começaram a estabelecer estudos de longo prazo para documentar sua composição, estrutura e função.

Leia aqui o texto em inglês e espanhol

A temporada de incêndios de 2020 na Amazônia ao sul da linha do Equador foi típica: a temporada de incêndios começa em julho, pois os proprietários de terras utilizam o fogo para renovar pastagens (a) e limpar campos em fazendas existentes (b). O uso do fogo aumenta no final da estação seca (setembro a outubro) quando os proprietários queimam terras recentemente desmatadas para expandir a produção (c). O fogo controlado escapa para criar incêndios que afetam o sub-bosque (d). O eixo Y mostra a área queimada (km2) conforme medida pelo instrumento MODIS nos satélites da NASA. Fonte de dados: Base de dados global de emissões de incêndios, Amazon Dashboard, https://globalfire-data.org/pages/amazon-dashboard/

Em um projeto próximo a Manaus, cientistas criaram uma experiência para avaliar o impacto do desmatamento e da fragmentação florestal nas comunidades vegetais e animais. Em outro, dezenas (e, mais tarde, centenas) de botânicos afiliados a universidades e instituições de pesquisa locais criaram uma rede de centenas (e, mais tarde, milhares) de parcelas permanentes de um hectare espalhadas por toda a região. Eles usaram essas parcelas para estudar a biodiversidade das árvores amazônicas, identificando quais espécies são extraordinariamente abundantes (hiperdominantes) e quais são extremamente raras, além de documentar como as comunidades arbóreas variam entre os gradientes latitudinais, altitudinais e climáticos, informações essenciais para entender como a Amazônia pode mudar no futuro, devido ao aquecimento global.

Os ecologistas, fazendo inventário florestal e medindo as dimensões das árvores, revelaram a extensão das enormes reservas de carbono da Amazônia. E, ainda mais importante: ao repetirem suas medições periodicamente, descobriram que o ecossistema amazônico tem funcionado como uma rede de sequestro de carbono ao longo das últimas décadas. Surpreendentemente, eles descobriram que a capacidade fotossintética da floresta primária intacta era tão grande que a vastidão da selva tem sequestrado mais carbono anualmente do que estava sendo perdido pelo desmatamento e pela degradação da floresta em suas bordaduras.

Brigadistas do Prevfogo/Ibama participam de operação conjunta para combater incêndios na Amazônia. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama.

Infelizmente, esses mesmos estudos identificaram uma tendência de aumento da mortalidade de árvores e uma mudança na composição das espécies que pode transformar a floresta primária intacta em uma rede de fontes de emissões de carbono durante a próxima década. A mudança na função do ecossistema deve-se, em parte, a alterações nos processos fisiológicos das folhas, estressadas pela seca periódica e altas temperaturas, mas também a uma mudança na composição das espécies arbóreas causada pelo aumento da mortalidade das árvores.

Os investimentos em ecologia florestal foram acompanhados por esforços paralelos para observar e avaliar as paisagens florestais usando tecnologia de sensoriamento remoto. O Brasil liderou o caminho no início da década de 1980 com o compromisso de quantificar anualmente o desmatamento usando imagens de satélite, uma decisão que teria um enorme impacto no debate público sobre a expansão da fronteira agrícola, bem como as decisões tomadas em fóruns internacionais que tratam da mudança climática. Os protocolos e a tecnologia desenvolvidos pela agência espacial brasileira foram adotados como padrão global e agora são utilizados por todas as nações da Pan-Amazônia para monitorar suas próprias fronteiras florestais.

Com o tempo, a inovação na tecnologia de sensoriamento remoto levou à implementação de sensores transportados por satélite que podem monitorar o desmatamento em tempo real, bem como identificar a degradação da floresta pela exploração madeireira e pelos incêndios florestais. Esses estudos complementaram a pesquisa de campo realizada por ecologistas florestais, o que permitiu aos pesquisadores mapear espacialmente a distribuição da biomassa florestal, bem como detectar como a variação sazonal e interanual do clima estava impactando o funcionamento dos ecossistemas da paisagem, nas escalas regionais e continentais.

Notas do autor:

Ecologistas afiliados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em colaboração com o Instituto Smithsonian, iniciaram o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (BDFFP- The Biological Dynamics of Forest Fragments Project), uma experiência de longo prazo iniciada em 1979 para documentar como o desmatamento e a fragmentação afetam a composição, a estrutura e a função de um ecossistema florestal.

A Rede Amazônica de Inventários Florestais (RAINFOR) publicou mais de 200 artigos revisados por 200 autores contribuintes. Veja: http://www.rainfor.org/en

“Uma tempestade perfeita na Amazônia” é um livro de Timothy Killeen que contém as opiniões e análises do autor. A segunda edição foi publicada pela editora britânica The White Horse em 2021, sob os termos de uma licença Creative Commons (licença CC BY 4.0).

Matéria publicada por Mayra
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