Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay, tornou-se a primeira brasileira vencedora do John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism, da Universidade de Columbia, nos EUA, pela investigação que revelou a explosão de gado ilegal e crimes ambientais na Terra Indígena Arariboia, em meio a um número recorde de assassinatos de indígenas Guajajara.
“A reportagem de Mendes é um feito extraordinário de documentação, multimídia, jornalismo de dados, mapeamento e análises”, escreveram os jurados do prêmio, anunciado em 23 de julho, em Nova York.
Os jurados destacaram as “provas rigorosamente coletadas que desencadearam uma série inovadora de ações”, como o uso da investigação pelo governo brasileiro para remover milhares de cabeças de gado da TI Arariboia.
Criado em 1994, o Oakes é considerado um dos prêmios mais importantes do jornalismo, reconhecendo contribuições excepcionais para a compreensão do público sobre questões ambientais; a vitória de Mendes é inédita tanto para a Mongabay quanto para o jornalismo brasileiro.
Repórter investigativa da Mongabay no Brasil, Karla Mendes é a primeira brasileira vencedora do John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism (Prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental), da Universidade de Columbia, nos EUA. Ela venceu a edição do prêmio em 2025 com uma investigação que revelou a explosão de gado ilegal e crimes ambientais na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, em meio a um número recorde de assassinatos de seus habitantes, os indígenas Guajajara.
“A reportagem de Mendes é um feito extraordinário de documentação, multimídia, jornalismo de dados, mapeamento e análises”, escreveram os jurados do prêmio, anunciado em 23 de julho pela Universidade de Columbia, em Nova York. “Mendes arriscou sua vida várias vezes para fazer a reportagem em campo, passando por áreas dominadas pelos criadores de gado para chegar à Arariboia, uma das áreas mais perigosas do mundo.”
Criado em 1994, o Oakes é considerado um dos prêmios mais importantes do jornalismo, reconhecendo contribuições excepcionais para a compreensão do público sobre questões ambientais. A vitória de Mendes marca a feito inédito tanto para a Mongabay quanto para um jornalista brasileiro.
A investigação da repórter revelou como redes criminosas ligadas à atividade pecuária impulsionaram uma onda de violência e mortes contra os indígenas Guajajara da TI Arariboia — particularmente aqueles que defendem o território como Guardiões da Floresta na ausência do Estado. A reportagem revelou que, entre 1991 e 2023, 38 indígenas Guajajara foram mortos; nenhum dos acusados foi levado a julgamento.
Os jurados destacaram as “provas rigorosamente coletadas que desencadearam uma série inovadora de ações”. Publicada em português, inglês e espanhol, a investigação foi usada pelo governo federal para remover milhares de cabeças de gado da TI Arariboia. A reportagem faz parte da série A madeira do sangue Guajajara, que teve financiamento e apoio editorial da Rainforest Investigations Network, do Pulitzer Center.
Gráfico de Andrés Alegría/Mongabay.
A série tem como fio condutor o assassinato do Guardião da Floresta Paulo Paulino Guajajara em novembro de 2019, em uma emboscada organizada por madeireiros na Arariboia. Mendes entrevistou Paulo nove meses antes de sua morte, para um documentário que codirigiu e que ganhou quatro prêmios internacionais. O Ministério Público Federal usará a série como evidência no julgamento do assassinato de Paulo.
As reportagens, que também receberam menção honrosa no Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo, foram destacadas em uma série da CBC sobre os riscos de se fazer jornalismo na Amazônia. Também foi citada no livro What Will Your Legacy Be?: Conversations With Global Game Changers About the Climate Crisis (Qual o seu legado? Conversas com lideranças sobre a crise climática), de Sangeeta Waldron, que dedicou um capítulo do livro à investigação e à trajetória profissional de Mendes.
Imagem do banner: Paulo Paulino Guajajara, da esquerda para a direita, com Laércio Guajajara, Karla Mendes e Olimpio Guajajara durante a primeira viagem de Mendes para a TI Arariboia em 2019. Paulo foi morto em uma emboscada nove meses depois. Foto: Karla Mendes/Mongabay.