Lábrea, quarto município mais desmatado do Amazonas em março, combina localização remota, ausência de autoridades e completo caos fundiário. Essa fórmula catalisa a grilagem de terras, o desmatamento, a extração ilegal de madeira. E a morte. Em doses cavalares.
Qual o impacto socioambiental de 75 projetos de estradas previstos para a Bacia Amazônica nos próximos cinco anos? Pesquisadores analisaram e descobriram que os 12 mil quilômetros de estradas novas ou ampliadas podem causar o desmatamento de 2,4 milhões de hectares de floresta nativa que se estenderão por até 20 anos.
O Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP), da Amazon Conservation, documentou mais de 102 km2 de desmatamento ligado à mineração nas Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami.
Em Santarém, no Pará, cerca de 600 indígenas veem suas lavouras ficarem inférteis à medida que o agronegócio se expande pela região. Com a soja, chegam também a apropriação irregular de terras ancestrais e um atraso ainda maior na demarcação de uma reserva indígena na área.
Reserva valiosa da Mata Atlântica e cenário histórico do descobrimento do Brasil, a terra dos Pataxó sofre com a derrubada ilegal de madeiras nobres, usadas para a produção de artesanato. Entre os envolvidos no crime, há também indígenas.
Floresta secundária degradada no Brasil armazena apenas duas vezes a taxa de carbono absorvida pela floresta primária, em comparação com taxas até 11 vezes maiores em outros lugares; cientistas poderiam estar superestimando a capacidade de armazenamento de carbono da Amazônia.
Projetos de estradas que se ramificariam a partir da BR-319 abririam a parte norte deste vasto bloco de floresta para a entrada dos desmatadores. Agora, uma nova ameaça avança rapidamente: o projeto de extração de petróleo e gás na região do Solimões, que prevê milhares de poços espalhados pelas porções central e sul dessa área florestal. Embora não façam parte do relatório preliminar de impacto ambiental oficial, futuras estradas ligando as áreas perfuradas à BR-319 provavelmente darão aos desmatadores acesso à toda a área.
Uma das maiores mineradoras do mundo, a Anglo American, junto com duas subsidiárias brasileiras, tem quase 300 requerimentos de pesquisa registrados na Agência Nacional de Mineração que incidem sobre terras indígenas na Amazônia. Os requerimentos atingem 18 terras indígenas, algumas com a presença de povos isolados.
O desmatamento e as mudanças climáticas podem transformar a Floresta Amazônica em savana até 2050. Novas obras de infraestrutura podem acelerar o processo.
Dados exclusivos mostram que a mineradora tem 11 processos de pesquisa abertos na Agência Nacional de Mineração (ANM) que incidem diretamente sobre as TIs Arara da Volta Grande do Xingu e Trincheira Bacajá, no Pará. O projeto foi planejado para ser a maior de exploração de ouro a céu aberto da América Latina.
O garimpo ilegal de cassiterita, associado a agropecuária ilegal e à construção de estradas, tem contribuído para o desmatamento de um das áreas de maior biodiversidade na Amazônia.
Um novo estudo descobriu que o impacto do fogo resultou em depósitos de carbono negro que escurecem as neves das geleiras da Cordilheira dos Andes. A absorção – em vez da reflexão – da radiação solar aumenta o derretimento do gelo, que deve resultar, em curto prazo, num aumento do fluxo d'água das geleiras andinas, provavelmente causando inundações.
O Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina publicou uma análise dos dados preliminares do desmatamento na Amazônia ocorrido em 2019. Os números indicam que o desmatamento ao longo do ano diminuiu, ainda que pouco, ou manteve-se estável em quatro dos cinco países incluídos no estudo.
Em um documento de 94 páginas intitulado ‘Querida Amazônia’, o papa Francisco fez um forte apelo aos líderes mundiais, às companhias transnacionais e à população de todo o planeta para aumentarem os esforços de proteção da floresta amazônica e dos povos indígenas que nela vivem.
Aumento nos incêndios, intensificação do desmatamento e agravamento das mudanças climáticas podem transformar a Amazônia em uma fonte de carbono até 2050.
No início de janeiro, atentados a locais sagrados, expulsões e violentos embates contra seguranças armados e oficiais do governo estadual assolaram os Kaiowá de Dourados e Rio Brilhante, municípios próximos à fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Comunidades tradicionais no Pará serão as primeiras a receber o projeto Amazônia 4.0, que une ciência, inovação e planejamento estratégico para criar uma bioeconomia da floresta em pé.
Modelos climáticos e eventos reais indicam que, a menos que medidas imediatas sejam tomadas, até 70% da Floresta Amazônica pode se tornar savana em menos de 50 anos, com grandes liberações de carbono.
Dados obtidos via Instituto Socioambiental (ISA) e a Agência Nacional de Mineração revelam, pela primeira vez, a extensão dos planos de mineradoras que incidem sobre povos indígenas isolados. Atualmente, 3.773 requerimentos minerários afetam 31 Terras Indígenas e 17 Unidades de Conservação que possuem 71 registros de povos indígenas isolados em seu perímetro. É mais da metade de todos os registros de povos indígenas isolados na Amazônia.
Em entrevista exclusiva, Marcelino Guedes, pesquisador da Universidade Federal do Amapá fala sobre a importância do manejo e dos saberes tradicionais para o fortalecimento de uma economia florestal no Brasil, capaz de vencer o paradigma que coloca a floresta em pé como inimiga do desenvolvimento.