O madeireiro e político Silvério Fernandes, cotado por Bolsonaro para assumir o comando do Incra na região do Xingu (Pará), encampa campanha acusatória contra padre Amaro, sucessor da missionária norte-americana assassinada em 2005.
“Dorothy vive!”, exclama um estudante com o punho cerrado. Outras dez pessoas repetem o gesto: “Sempre!”. Os gritos encerram a oração realizada em volta do túmulo de Dorothy Stang, a missionária norte-americana assassinada em 2005 na luta por reforma agrária. A reza antecede a segunda audiência judicial do padre José Amaro Lopes de Souza, o padre Amaro, que busca na fé alento para mais um capítulo das acusações que enfrenta há nove meses.
Sucessor de Dorothy e membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – braço da igreja católica na articulação com trabalhadores rurais –, o padre é julgado por associação criminosa, ameaça, extorsão, invasão de propriedade e lavagem de dinheiro. Reunidas, as acusações atribuem a ele a liderança de uma organização criminosa destinada a ocupar terras em Anapu, no Pará.
A tentativa de criminalização do padre é comandada pelo presidente do Sindicato Rural de Anapu, Silvério Fernandes, um madeireiro que já foi vice-prefeito de Altamira, candidato a deputado estadual, derrotado na última eleição, e um dos principais cabos eleitorais do presidente eleito Jair Bolsonaro na região do Xingu. Em contrapartida, Bolsonaro gravou um vídeo em apoio à candidatura do madeireiro.
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