Destruição das florestas primárias em toda a bacia amazônica diminuiu significativamente desde a década de 2000, afirma pesquisa publicada na segunda-feira por um grupo de organizações sociais e ambientais da América Latina, conhecido como A Rede Amazônica de Informação Georeferenciadas Socioambiental (RAISG).
O estudo, lançado como um relatório com um mapa detalhado do desmatamento indica que, o desmatamento entre 2000 e 2013 caiu drasticamente, tanto dentro como fora da Amazônia brasileira. Os resultados são significativos, pois são os primeiros a documentar mudanças na floresta primária na Amazônia fora do Brasil.
A queda no desmatamento no Brasil tem sido amplamente divulgada devido ao sistema de monitoramento avançado do país. O que é menos conhecido é a tendência nos países não brasileiros.
Dados para aqueles países de outras fontes, como a ONU e Global Forest Watch, não dividem a perda de floresta por bioma ou olham apenas para a perda de floresta bruta e líquida, mas sim ao desmatamento, especificamente.
“Os dados do Global Forest Watch incluem alterações florestais, através do crescimento de florestas secundárias e plantações. O relatório do RAISG apresenta dados de florestas primárias, que é a diferença”, diz Carlos Souza do Imazon, uma ONG brasileira que é uma das parceiras da pesquisa.
O relatório, que está disponível em espanhol, mostra que o desmatamento médio anual na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname caíram significativamente para o período de 2000-2013 relativo ao período de 2005-2010. Somente a Venezuela e a Guiana Francesa apresentaram aumentos no desmatamento. A tendência na Venezuela foi, particularmente, preocupante, aumentando de forma constante, desde 2000.
No geral, o desmatamento anual em toda a Amazônia não brasileira caiu 55 por cento, de uma média de 11.480 quilômetros quadrados para 5.132 quilômetros quadrados. Incluindo o Brasil, a taxa média anual caiu 49 por cento, de 15.562 quilômetros quadrados para 7.970 quilômetros quadrados.
O relatório detalha a perda de floresta dentro de cada país, discutindo causas de desmatamento e recentes desenvolvimentos relacionados às florestas. As causas podem variar de país para país, mas a agricultura e pecuária em larga escala, exploração da madeira e indústrias extrativas são os principais contribuintes para a perda de floresta primária e degradação.
O relatório, também, estima o histórico de cobertura florestal e o desmatamento acumulado desde 1970, concluindo que 13,3 por cento da maior floresta tropical do mundo estava limpa durante esse tempo. Em uma base, tanto relativa quando absoluta, o Brasil liderou todos os países amazônicos no desmatamento, com 17,6 por cento, embora sua taxa anual de perda tenha diminuído em 75 por cento, desde o início de 2000. Peru (65.848 km quadrados), Colômbia (45.970 km quadrados) e Bolívia (24.431 km quadrados) seguem a ordem, respectivamente.
Os dados são baseados em análises de imagens de satélite, usando uma metodologia padronizada pelas sete filiais do RAISG: FAN (Bolívia), ISA e IMAZON (Brasil), Gaia Amazonas (Colômbia), EcoCiência (Equador), IBC (Peru) e Provita (Venezuela ).