O Greenpeace Brasil divulgou fotos impactantes dos incêndios que atualmente queimam florestas e terras agrícolas na Amazônia brasileira.
Alguns dos incêndios parecem queimar florestas com estrutura de dossel bem desenvolvida, dando a entender que florestas densas de carbono e biodiversas estão sendo diretamente afetadas pelos incêndios
O Greenpeace diz que sua análise espacial própria indica que 15.749 dos 23.006 focos de calor registrados na Amazônia nos primeiros 20 dias do mês foram em áreas que eram florestas em 2017
Essas conclusões fornecem ainda mais evidências de que os incêndios foram causados intencionalmente para fins de derrubada de florestas
O Greenpeace Brasil divulgou fotos impactantes de incêndios na floresta tropical que estão ocorrendo atualmente na Amazônia brasileira.
As imagens mostram terras agrícolas, pastagens e florestas em chamas nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Pará. Alguns dos incêndios parecem queimar florestas com estrutura de dossel bem desenvolvida, dando a entender que florestas densas de carbono e biodiversas estão sendo diretamente afetadas pelos incêndios.
O Greenpeace diz que sua análise espacial própria indica que 15.749 dos 23.006 focos de calor registrados na Amazônia nos primeiros 20 dias do mês foram em áreas que eram florestas em 2017. Um quarto dos focos de calor registrados na semana passada ocorreu em áreas de conservação ou em territórios indígenas oficialmente reconhecidos, segundo o grupo.
Essas conclusões fornecem ainda mais evidências de que os incêndios foram causados intencionalmente para fins de derrubada de florestas. Na semana passada, uma pesquisa publicada pelo IPAM Amazônia, um grupo de pesquisa brasileiro, revelou que os 10 municípios amazônicos que tiveram mais focos de incêndio este ano foram também os que tiveram as maiores taxas de desmatamento.
“Estes municípios são responsáveis por 37% dos focos de calor em 2019 e por 43% do desmatamento registrado até o mês de julho”, afirmou o relatório do IPAM. “Esta concentração de incêndios florestais em áreas recém-desmatadas e com estiagem branda representa um forte indicativo do caráter intencional dos incêndios”.
O grupo atribuiu a culpa diretamente às políticas do presidente Jair Bolsonaro, que tem sido um crítico sincero dos esforços de conservação na Amazônia, enquanto incentiva fazendeiros, agricultores, madeireiros e mineiros a derrubar florestas.
“É urgente e necessário colocarmos um fim nesse ciclo vicioso, enquanto ainda temos tempo”, disse Danicley Aguiar, ativista da Amazônia no Greenpeace Brasil, em um comunicado. “Durante um sobrevoo na região da BR-163 pudemos observar as consequências reais do desmonte da agenda ambiental brasileira: extensas áreas desmatadas, cercadas de fumaça, denunciando o avanço da agropecuária sobre a floresta. Diferentemente do que alega o governo Bolsonaro, a onda de fogo que varre a Amazônia está ligada ao aumento do desmatamento na região”.
Dados do governo brasileiro mostram que o desmatamento na Amazônia aumentou 57% até o final de julho. O desmatamento se expandiu em julho, quando mais de 2.092 quilômetros quadrados — uma área com mais de 35 vezes o tamanho de Manhattan, distrito de Nova York — foram derrubados. Esse foi o mês que, sozinho, teve o maior desmatamento em mais de 12 anos.
Depois que esses dados foram publicados, Bolsonaro demitiu o chefe da agência espacial brasileira (INPE) e exigiu o direito de “revisar” os dados de desmatamento antes que se tornassem públicos, aumentando o receio de que seu governo manipulasse os dados. O INPE não publicou nenhum dado de desmatamento desde então.
O desmatamento crescente, juntamente com a fumaça dos incêndios, provocou protestos globais, incluindo protestos de rua, pedidos de boicote a empresas e produtos brasileiros e condenação dos líderes mundiais. A União Europeia ameaçou cancelar um grande acordo comercial em função do problema.
Parece que a pressão sobre Bolsonaro está se intensificando. No final da semana passada, ele retirou algumas de suas alegações mais infundadas e inflamatórias — de que as ONGs estavam causando os incêndios para fazê-lo parecer uma pessoa má — e mobilizou milhares de soldados para combater os incêndios. Mas ele ainda não anunciou nenhuma medida política necessária para resolver o problema a longo prazo. Isso levou o Greenpeace a criticar o presidente.
“As queimadas que estão devastando a Amazônia também estão destruindo a imagem do Brasil”, disse Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, em um comunicado. “Até mesmo setores do agronegócio já assumem que a política antiambiental do governo pode trazer prejuízos. Enquanto isso, Bolsonaro não está anunciando nenhuma medida concreta para combater o desmatamento. Ele parece mais preocupado em salvar a si mesmo do que em salvar a floresta”.
“A floresta também tem seu limite, e estamos perigosamente chegando perto dele. Além disso, desmatar só traz prejuízos para nossa economia, para o clima do planeta e coloca em risco a vida de milhares de pessoas. Agir pelo fim do desmatamento deve ser objetivo de todos, e uma obrigação de quem governa o país.”
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Fotos dos incêndios florestais na Amazônia
Nova Bandeirantes, Mato Grosso
Porto Velho, Rondônia
Candeiras Do Jamari, Rondônia
Colniza, Mato Grosso
Artigo original: https://news-mongabay-com.mongabay.com/2019/08/greenpeace-releases-dramatic-photos-of-amazon-fires/