O número de incêndios florestais no Brasil subiu 85% entre 1º de janeiro e 20 de agosto, em comparação com um ano atrás, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Cerca de metade das ocorrências de incêndio deste ano foram registradas nos últimos 20 dias, mostraram os dados do INPE.
Em nota técnica divulgada na noite de 20 de agosto, a ONG brasileira IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) disse que as ocorrências estão diretamente ligadas ao desmatamento, uma vez que não foram encontradas evidências para argumentar que os incêndios poderiam ser consequência de uma falta de chuva.
Os incêndios no Brasil ficaram em evidência desde a tarde de 19 de agosto, quando o céu de São Paulo se tornou negro de repente, estimulando a discussão sobre a ligação entre os incêndios e o fenômeno. Desde então, “Incêndios na Amazônia” são tendências no Twitter sob a hashtag #PrayforAmazonia (Reze pela Amazônia).
O presidente de extrema-direita Bolsonaro reagiu em 21 de agosto, levantando suspeitas de que membros de ONGs poderiam estar por trás dos incêndios em retaliação contra o governo por ter causado a suspensão de um pagamento de 33,2 milhões de dólares da Noruega ao Fundo Amazônia.
Os incêndios florestais aumentaram drasticamente na Amazônia brasileira este ano, na esteira das crescentes taxas de desmatamento, levantando preocupações entre os ambientalistas quanto ao destino da maior floresta tropical do planeta.
O número de incêndios ativos chegou a 74.155 entre 1º de janeiro e 20 de agosto, um aumento de 85% em relação ao mesmo período de 2018, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Cerca de metade das ocorrências de incêndio deste ano foram registradas nos últimos 20 dias, mostraram os dados do INPE.
Em nota técnica divulgada na noite de 20 de agosto, a ONG brasileira IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) disse que não foram encontradas evidências para argumentar que os incêndios poderiam ser consequência de uma falta de chuva.
“O incêndio que estamos vendo hoje é um incêndio que está diretamente relacionado ao desmatamento”, explicou Ane Alencar, diretora científica do IPAM.
Ane, coautora da nota técnica, enfatizou que estes não são incêndios florestais, mas incêndios feitos por humanos que acontecem todos os anos em áreas específicas. Segundo ela, esse tipo de incêndio é um último estágio comum do processo de desmatamento na região amazônica.
“Eles cortam as árvores, deixam a madeira secar e depois a queimam, para que as cinzas possam fertilizar o solo”, explicou, acrescentando que quando as chuvas chegam, a grama do pasto floresce no curto prazo devido aos nutrientes deixados pelas cinzas.
O presidente de extrema-direita Bolsonaro reagiu em 21 de agosto, sugerindo que os membros das ONGs poderiam estar por trás dos incêndios, noticiou o jornal Folha de São Paulo.
“Pode estar havendo, não estou afirmando, a ação criminosa desses ‘ongueiros’ para chamar a atenção contra minha pessoa contra o governo do Brasil”, disse Bolsonaro segundo a entrevista, que foi divulgada pelo governo nas redes sociais logo na sequência.
Segundo ele, a medida poderia ser uma retaliação contra o governo por ter causado a suspensão de um pagamento de US$ 33,2 milhões da Noruega ao Fundo Amazônia, relatou o jornal.
Céu negro em São Paulo
Os incêndios no Brasil ficaram em evidência desde a tarde de 19 de agosto, quando o céu de São Paulo se tornou negro de repente, disparando o tópico em tendência “Incêndios na Amazônia” amplamente pelo Twitter, sob a hashtag #PrayforAmazonia (Reze pela Amazônia), estimulando a discussão sobre a ligação entre os incêndios e o fenômeno.
Logo na sequência, a imprensa divulgou que a causa de um evento tão incomum era a combinação de dois fenômenos inter-relacionados. O primeiro foi a chegada de uma massa de ar frio, que aumentou a quantidade de nuvens baixas e neblina sobre a cidade. O segundo foi que a frente fria se expandiu, uma mudança nos padrões de vento levou para a cidade a fumaça dos incêndios florestais que ocorriam na região amazônica e em outras partes da América do Sul, a milhares de quilômetros de distância.
A formação desse “corredor de fumaça”, como é chamado, depende de vários fatores, dizem os especialistas.
“Sempre há incêndios nesta época do ano. Mas o corredor de fumaça não se forma todo ano por razões que incluem o número de incêndios e sua intensidade, o tipo de combustível, a umidade do solo e questões meteorológicas”, explicou Santiago Gassó, pesquisador da Nasa ao UOL Notícias..
A situação é especialmente terrível na região amazônica. O estado do Acre e partes do estado do Amazonas declararam estado de emergência para combater os incêndios.
O que preocupa os cientistas é que este não foi um ano atípico em termos de eventos climáticos. Não houve quaisquer secas extremas ou eventos meteorológicos, como o El Nino, que são tipicamente associados com um aumento acentuado em incêndios, a exemplo do que ocorreu na região em 1998, 2005 e 2015.
Em vez disso, os incêndios deste ano parecem estar intimamente ligados ao desmatamento: dados do IPAM mostram que os 10 municípios com as maiores taxas de desmatamento são também os que apresentam o maior número de ocorrências de incêndios neste ano.
Segundo Ane, os incêndios começaram mais cedo este ano. Os proprietários de terras geralmente cortam e queimam suas terras cerca de um mês antes do início das chuvas. Mas as chuvas não começarão antes do final de setembro — mais tarde, em partes mais ao norte da Amazônia. “Isso pode significar que haverá muito mais fogo pela frente”.
Legenda da imagem do banner: No final da temporada de incêndios de 2018 na Floresta Amazônica, o Greenpeace capturou essa imagem da queima da floresta no estado brasileiro do Pará. Imagem de © Daniel Beltrá/Greenpeace
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