Embora investidores e governo frequentemente classifiquem barragens como fontes de energia amigas do meio-ambiente, nem sempre este é o caso. Barragens impactam o curso dos rios, mudando ecossistemas indefinidamente; elas podem inundar grandes áreas forçando pessoas e vida selvagem a se mudarem; e nos trópicos elas também podem se tornar fonte massiva de gases de efeito estufa devido a emissões de metano. Apesar desses aspectos, a bacia Amazônica – a maior floresta tropical do mundo – tem sido vista como importante peça de desenvolvimento para projetos de hidroelétricas. Atualmente cinco países – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador e Peru – planejam mais de 146 barragens na Bacia Amazônica. Algumas dessas barragens inundarão florestas tropicais primitivas, outras ameaçarão povos indígenas e todas mudarão o ecossistema amazônico. Agora um novo website, Dams in Amazonia, destaca os locais e impactos dessas barragens em um mapa interativo.
Desenvolvido pela ONG americana International Rivers e pela ONG argentina Fundacion PROTEGER, com fundo brasileiro do ECOA, o site usa informações de documentos oficiais para mostrar barragens nos mapas do Google. Atualmente disponíveis em Inglês, Espanhol e Português, detalhes sobre as barragens incluem se as construções já começaram, quais as empresas contratadas, a potência das usinas, o custo, quais rios serão afetados e quais povos indígenas e áreas de proteção podem ser impactadas.
“Para a próxima fase do projeto, planejamos incorporar outras fontes úteis de dados, tais como mapas de cobertura de terras indígenas e conversores de unidades de medida, além de linhas de transmissão, para ilustrar melhor quantos projetos de barragens terão impacto direto em áreas sensíveis e protegidas”, disse Brent Millikan, Diretor de Programas na Amazônia da International Rivers.
O planejamento de algumas barragens resultou em protestos e barreiras de grupos indígenas, incluindo uma das barragens mais controvérsas do Brasil: a barragem de Belo Monte. Se construída ela irá inundar 500km² de florestas tropicais primitivas, realocar 12.000 pessoas e, de acordo com críticos, impactar negativamente 45.000 índios que dependem do rio.
“É assombroso ver os planos que os governos e a indústria de barragens têm para a mais importante bacia hidrográfica do mundo. Se todos esses projetos fossem construídos, seria catastrófico para o ecossistemas amazônico e os meios de subsistência de centenas de milhares de indíos e ribeirinhos que dependem do rio para sobreviver”, acrescentou Millikan.
Governos argumentam que barragens são necessárias para ir de encontro a demanda crescente de energia da população, que em alguns casos está cada vez mais “plugada”.