A presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf estabeleceu uma comissão para investigar uma proposta de acordo envolvendo créditos de carbono florestais entre a Autoridade de Desenvolvimento Florestal (ADF) dos países ocidentais da África e a britânica Carbon Harvesting Corporation.
As informações são da ONG Global Witness, que foi quem alertou originalmente sobre o esquema envolvendo 400 mil hectares ou um quinto da área florestal total da Libéria. A polícia de Londres já havia prendido na semana passada o CEO da Carbon Harvesting Corporation, Mike Foster.
A investigação da Global Witness questionou a “relevante inexperiência, falta de consultas e salvaguardas e mecanismos de monitoramento inadequados” da Carbon Harvesting Corporation além de denunciar que o projeto poderia expor o governo da Libéria a passivos de mais de US$ 2 bilhões.
“A investigação do acordo proposto pela Carbon Harvesting Corporation, anunciada pela presidente Sirleaf é um primeiro passo importante”, comentou Amy Barry da Global Witness em uma declaração. “A Libéria terá que ficar vigilante contra a corrupção para garantir que a sua riqueza em recursos naturais seja gerenciada sustentavelmente e em benefício da população em geral. Vontade política genuína e espaço para o envolvimento da sociedade civil serão essenciais para garantir a transparência em futuros projetos relacionados ao carbono”.
A natureza ainda não regulada dos nascentes mercados florestais de carbono, onde os proprietários de terras são pagos para conservar e manejar de forma sustentável as florestas, tem despertado preocupações entre ambientalistas e grupos de direitos humanos sobre a apropriação da terra e fraudes.
Muitos grupos estão defendendo salvaguardas mais fortes, maior transparência e participação dos povos das florestas no desenvolvimento e implementação de um quadro regulatório para os projetos de conservação sob o proposto mecanismo UN REDD (redução das emissões por desmatamento e degradação).