A Inglaterra clama ‘aproximação cautelosa’ sobre os biocombustíveis
A Inglaterra clama ‘aproximação cautelosa’ sobre os biocombustíveis
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
20 de Julho, 2008
A Inglaterra e os Estados Unidos deveriam exercer cautela ao ir adiante no uso de biocombustiveis, adverte um novo estudo comissionado pelo governo da Inglaterra.
O relatório — dublou a “Revisão Gallagher” [PDF] para Ed Gallagher, o presidente da Agencia de Cobustíveis Renováveis do Governo que conduziu o estudo — examinou os impactos sociais e ambientais da produção de biocombustíveis. O relatório concluiu que enquanto o governo não deveria abandonar os biocombustíveis como uma fonte de energia, a introdução dos biocombustíveis “deveria ser desacelerada para levar em consideração as evidências científicas que estão emergindo sobre sua sustentabilidade.”
“Nós concluimos que há um futuro para a indústria de biocombustíveis sustentáveis mas a produção de mantimentos deve evitar a terra agrícola que poderia ser usada para a produção de alimentos,” afirmou a revisão. “A introdução de biocombustíveis deveria ser significantemente desacelerada até que controles adequados que endereçam os efeitos de deslocamento sejam implementados e demonstrados serem eficientes. Uma desaceleração irá reduzir também o impacto de biocombustiveis sobre o preço das matérias primas dos alimentos, notavelmente sementes oleaginosas, que tem um efeito prejudicial sobre as pessoas mais pobres.”
Trajetória proposta para a política da União Européia |
A revisão que saiu menos de uma semana depois The Guardian relatou em um trabalho para o Banco Mundial que atribuiu 75 por cento dos 140 por cento de aumento de preços dos alimentos desde 2002 ao boom dos biocombustíveis.
Ainda o novo estudo é otimista de que a industria de biocombustiveis sustentaveis poderia ajudar a atender a futura demanda por energia enquanto reduz as emissões de gases de efeito estufa até 338 – 371 milhões de toneladas metricas de dioxido de carbono até 2020.
“Está cada vez mais claro do que nunca que precisamos romper nossa dependência do petróleo. Para abordar a mudança climática precisaremos desenvolver novos e mais limpos combustiveis — mas não significa avançar indiscriminadamente sobre os biocombustiveis que podem fazer mais mal do que bem,” disse a Secretária do Meio Ambiente, Hilary Benn. “Nós precisamos de mais cautela do que pensávamos, mas deveriamos não desistir do potencial de alguns biocombustiveis para nos ajudar a abordar a mudança climática agora e no futuro. Isso não é sobre nossos próprios alvos aqui no Reino Unido – estaremos presionando duramente a Europa para assegurar de que todos os biocombustiveis da Europa sejam condicionais em forte critério de sustentabilidade que incluem os impactos indiretos de produzi-los.”
‘Não’ para uma moratória, mas tome ‘aproximação cautelosa’ para alvos de biocombustiveis
Economias estimadas de GHG de biocombustiveis atuais |
A revisão de Gallagher diz que a moratória sobre os biocombustiveis deveria ser rejeitada: “Uma moratória reduzirá a habilidade da industria de biocombustiveis de investir em novas tecnologias ou transformar a fonte de seus mantimentos para as mais sustentáveis necessárias para criar uma industria verdadeiramente sustentável. Isso tornará significantemente mais dificil para o potencial de biocombustiveis ser compreendido.”
O relatório diz que o alvo atual da Obrigação de Transporte com Combustíveis Renováveis na Inglaterra de 5 por cento deveria ser extendida até 2013-2014 do horizonte atual de 2010-2011 e argumenta que o nivel de alvo europeu de 10 por cento pode ser alcançável até 2020 se puder ser mostrado que o combustivel está “sendo entregue sustentavelmente e sem significantes impactos sobre os preços dos alimentos.”
A revisão recomenda que o estabelecimento do critério de sustentabilidade para os biocombustiveis enderecem efeitos indiretos bem como diretos sobre o uso da terra incluindo o desflorestamento. Ambientalistas ligaram a expansão agrícola com os mantimentos de biocombustiveis (palmeira de óleo, cana de açucar, soja) para o desmatamento da floresta na Amazônia e Sudeste da Ásia.
“Não podemos bancar o abandono dos biocombustiveis como parte de um transporte com baixo carbono,” escreveu Gallagher. “Igualmente, não podemos continuar produzindo biocombustiveis que são mais prejudiciais ambientalmente e socialmente do que combustiveis fósseis que eles procuram substituir.”