O aquecimento poderia trazer os tubarões para o Continente Antártico com consequências ecológicas devastadoras
O aquecimento poderia trazer os tubarões ao Continente Antartico com consequências ecológicas devastadoras
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
19/03/2008
O aquecimento global poderia tornar as águas em volta do continente Antártico receptivas aos tubarões pela primeira vez em 40 milhões de anos. Seu retorno poderia ter consequências ecológicas devastadoras relatam os pesquisadores da Universidade de Rhode Island.
Analisando as adaptações psicológicas e o metabolismo dos tubarões e outros predadores, Cheryl Wilga e Brad Seibel descobriram que um aumento de apenas alguns graus Celsius poderia tornar as águas do continente Antartico habitável para tubarões Benthic, especie que vive no fundo do mar e nada muito pouco. Os tubarões de alto mar, que tem um alto metabolismo porque precisam nadar constantemente para ventilar suas brânquias, não sobreviveriam nas águas geladas da Antartida.
Wilga e Seibel ainda dizem que porque “eles não podem nadar a grandes distâncias e não produzem um estágio larval capaz de larga dispersão, é improvável [Tubarões Benthic] que poderiam chegar a Antárdida por si só.”
No entanto, se eles alcançassem a Antártida, causariam provavelmente um impacto ecológico significante dizem os pesquisadores.
Apesar de viverem em águas geladas, os tubarões leopardos poderiam não sobreviver na Antártida. Diferentemente dos tubarões benthic, o tubarão leopardo deve nadar constantemente para ventilar suas brânquias, requerindo um alto metabolimo e grande quantidade de energia. |
“Há pouco predadores que esmagam as vítimas nas águas da Antártida. Como resultado, o fundo do mar Antártico tem sido dominado pelos invertebrados relativamente de corpos macios e de movimentos lentos, como nos oceanos antigos, antes da evolução dos predadores.” disse Wilga. “A água apenas precisa permanecer acima do ponto de congelamento durante o ano para se tornar habitável para algunns tubarões, e nas taxas em que estamos, isso poderia ocorrer nesse século. Uma vez que eles cheguem lá, mudará completamente a ecologia da comunidade benthic da Antártida.”
Wilga e Seibel dizem que o camarão, as minhocas de fitas e estrelas quebradiças são prováveis a serem os mais vulneráveis ao declínio de população se os tubarões chegarem à Antártida.
“Peixes do gelo — o único peixe ósseo que hoje vive nas águas antárticas, porque eles tem sistema anticongelante — irão enfrentar uma nova ameaça também,” Wilga acrescentou. “Eles já são presas de focas e pinguins. Acrescentar tubarões e outros peixes ósseos ao habitat causará um grande impacto a eles.”
Oceanos mais quentes poderiam também ajudar caranguejos. Atualemente “as águas geladas da Antartida reduzem sua habilidade de nivelar o magnésio de seu sangue, levando à narcose por magnésio e à morte”, de acordo com uma indicação da Universidade de Rhode Island, mas temperaturas mais altas estão capacitando os caranguejos de se aproximar da Antartida.
As águas em volta da Península da Antártida aqueceram entre 1 a 2 C nos últimos 50 anos, uma taxa que é o dobro ou triplo da média global.
O estudo de Wilga e Seibel, “Ningém gosta do frio: limitações Fisiologicas dos Predadores na Antartida,” foi apresentado hoje em Boston no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.