O dia internacional do Meio Ambiente: Será mais um dia sem valor, cheio de falsas promessas e intenções?

O Dia da Terra (22 de abril) e O dia internacional do Meio Ambiente ( 05 de junho):

30/11/2007

Hoje é o dia dedicado ao meio ambiente. Você pode encarar este dia como outro “feriado” que aparece em seu calendário, sem direito a um dia de folga, em que o povo deixa o carro na garagem, e os altos executivos das empresas falam sobre seus projetos para o meio ambiente.

Será mais um dia, cheio de falsas promessas e intenções para melhorar o meio ambiente, e depois fica tudo como sempre foi?

Bem, talvez o dia do meio ambiente devesse ser um dia para tomar uma pausa para reflexão. Nos Estados Unidos o Dia da Terra é celebrado; as crianças se vestem como borboletas e dançam em volta de árvores nas ruas, nas praças e nos parques enquanto os adultos tomam vinho orgânico e cerveja produzida por micro-cervejarias que usam tecnologia sustentável e que não agride o meio ambiente. Não estão mudando o mundo fazendo isso, mas pelo menos estão conscientes do que é necessário para fazê-lo. O primeiro passo para reduzir o impacto ambiental é criar consciência do problema.

Neste dia, todos nós deveríamos relaxar e avaliar honestamente o que podemos contribuir para reduzir o impacto que causamos para o mundo ao nosso redor.. .

	A floresta tropical de Borneo, foto por R. Butler

Podemos começar a reciclar e usar menos plástico, ou comprar produtos que não agridem o meio ambiente. Podemos prestar atenção nos rótulos de produtos nacionais e importados e na política ambiental do país de origem.

Pequenas conscientizações. Talvez você comece a perceber que não se deve descartar o cigarro pela janela do carro, não somente para não causar fogo, mas porque a bituca ficará centenas de anos no planeta devido ao filtro na ponta, e jogar pela janela não resolverá este problema.

Você é uma pessoa decente. Porque não mostrar um pouco de respeito para o meio ambiente que te presenteia com tantas coisas? As pessoas ignoram as necessidades do ambiente e os impactos que causam nela por diversas razões, pode ser por preguiça, ganância, indiferença e nos países mais pobres por ignorância.

No dia internacional do meio ambiente e no dia da terra temos a oportunidade de quebrar todas essas barreiras e recriar vínculos com a natureza. São muitas as crianças que não sabem que o ovo vem da galinha, não do supermercado. Pior, crianças demais nunca viram uma galinha. É o dia ideal para refletir um pouco sobre nossa linda e tão agradável terra, e sobre como você pode ajudar a manter ela como ela é.

A vida é curta. Não vou estar aqui para ver os estragos que estou causando. Se essa for a sua desculpa, pense em seus netos, aqueles que você já tem ou algum dia terá. Pense em como você sofre hoje com a poluição, o lixo e o efeito estufa porque seus pais e avós pensaram da mesma maneira. Em sua vida, você talvez não veja uma mudança significativa na qualidade de vida da terra, mas em duas gerações com certeza haverá mudanças, assim como hoje vem mudanças de duas gerações atrás.

Para mim, não foi o dia da terra que me fez pensar mais sobre o mundo ao meu redor. Eu comecei a ficar envolvido com este site voltado para o meio ambiente depois de uma experiência pessoal em Borneo.

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Estou descansando ao lado de um córrego pequeno na floresta tropical de Sabah na ilha de Borneo, Malásia, e estou prestando atenção à água movendo-se rapidamente sobre pedras gastas, redondas. O ritmo do fluxo aumenta sobre uma cachoeira curta e por último deságua em um posso límpido. Borboletas de cores vibrantes, amarelas, alaranjadas, e verdes dançam nas colunas de luz que penetra pela copa das árvores. O canto dos pássaros, e o grito do Calau desafiam o zangão rítmico das cigarras. A floresta nunca fica em silêncio e mesmo assim traz um sentido profundo de calma.

	Macaco Orangotango em Borneo, foto pelo R. Butler

Sento-me com os pés na água fresca, buscando pelas sanguessugas nas minhas roupas, que procuram alimentação em cada vinco do material. Enquanto retiro estas criaturas com cores vibrantes, que se alimentam de folhas, e estou contente por observar um solitário macaco orangotango masculino descer devagar pelo mato acima do córrego. O ambiente idílico e a companhia de meu irmão símio de barba vermelha são o fim perfeito á trilha que percorri por meio dia.

Oito semanas depois de deixar esta floresta na Malásia, que me encheu de tanta felicidade, fiquei sabendo que ela foi destruída, as árvores cortadas e moídas em micro plaquetas e fornecidas para uma planta de polpa de papel. Este lugar, cheio de maravilhas e de beleza estava perdido para sempre. Virou uma agenda pessoal ou uma impressão de dados de cartão de ponto. O macaco orangotango , os Calaus, as borboletas, e mesmo as sanguessugas tinham que resolver o que fazer em seu ambiente dramaticamente mudado. Muitos não conseguiriam se adaptar ao novo ambiente e desapareceriam para sempre. Abriram espaço no mundo para que pudéssemos ter mais papel.

Eu passei poucos anos na floresta, mas não era a primeira vez que eu tinha perdido um lugar tão especial, nem seria a última vez.

Estas perdas pessoais me deixaram tristes por muito tempo, mas a perda deste pequeno pedaço de floresta em Borneo criou em mim uma urgência para agir, satisfazer uma idéia que estava me incomodando. As perdas e a degradação ambiental das florestas tropicais ainda não alcançaram o ponto do colapso, mas é triste ver o desaparecimento contínuo das selvas e a perda de espécies. Sinto muito que só posso dividir aquele espaço de floresta por meio de fotos. Os cheiros, o frescor, os sons se perderam para sempre e sobrevivem somente na minha memória. E é em homenagem àquela memória que luto por aqueles que nunca tiveram o privilégio de ver de perto a beleza exuberante destes lugares. Se esta perda de biodiversidade continuar, tento imaginar como vou explicar aos meus netos porque estes lugares que eu tanto apreciei em minha juventude não existem mais. Não conseguirei explicar por meio de fotos e palavras a maneira que uma floresta vazia faz uma pessoa sentir-se completa.

Estas experiências me fizeram criar o meu projeto de Web site, mongabay.com, que hoje também abrange assuntos além da conservação das florestas tropicais. A lição que quero que Mongabay ensine é que nós não temos que aceitar este futuro. Muito ainda pode ser feito.

Se usarmos nossa inteligência e inovação, a espécie humana pode preservar a biodiversidade e lugares originais para futuras gerações, sem comprometer a qualidade de vida para as populações atuais. Ao contrário, a qualidade de vida melhorará para as gerações futuras.

Neste dia, o dia do meio ambiente, pare um minuto e relembre um lugar onde te aconteceu algo memorável e depois tente imaginar como você se sentiria se este lugar não existisse mais. Se não tivermos consciência, um dia este lugar poderia ser a Terra.

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Créditos

Rhett Butler Editor/a

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