Nas eleições de 2018, 422 candidatos em todas as Unidades da Federação receberam doações de pessoas e sócios de empresas ligadas a crimes ambientais na Amazônia; 156 deles foram eleitos. Mato Grosso foi o líder em doações: 62 candidatos receberam R$ 6 milhões de infratores multados pelo Ibama. Total das multas por crimes ambientais desses financiadores supera R$ 260 milhões.
Em 16 de abril de 2020, a Funai publicou a Instrução Normativa nº 9, que permite o registro de imóveis rurais em Terras Indígenas ainda não demarcadas no Brasil. Desde então, o Governo Federal já certificou e registrou mais de 250 mil hectares de fazendas em territórios de 49 povos indígenas ao redor do Brasil.
No vale do Rio São Francisco, oeste da Bahia, o governo baiano planeja construir um polo agroindustrial e bioenergético com 200 mil hectares de canaviais e dez usinas de etanol.
Em 30 de abril, o governo federal encerra oficialmente a operação Verde Brasil, ação militar de fiscalização iniciada em agosto de 2019 para combater o pico de queimadas ilegais na Amazônia.
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Entre abril e novembro, o governo da Bahia liberou 1,9 bilhões de litros para captação diária por projetos agrícolas no oeste do estado. A irrigação em larga escala oferece grande risco para as comunidades tradicionais da região.
Quem viaja ao extremo oeste da Bahia se vê cercado por lavouras de soja preenchendo toda a faixa entre o horizonte e as margens de rodovias federais, como a BR-135,…
Em setembro, o Tribunal de Justiça da Bahia deu razão à tese de que as terras da fazenda Gleba Campo Largo, no oeste baiano, foram griladas. A fazenda pertence à Caracol Agropecuária Ltda., empresa que por quase uma década foi financiada por um fundo da universidade norte-americana de Harvard.
Há mais de um século, as comunidades de fecho de pasto no oeste baiano preservam o Cerrado criando gado em terras de uso comum, coletando espécies nativas e cultivando alimentos orgânicos.
Certamente não os povos da floresta: grileiros, latifundiários e até petrolíferas são os beneficiados pela nova diretriz da Funai, que abre 237 terras indígenas no Brasil à venda, loteamento e especulação.
Enquanto o vírus se espalha e produz cenas dramáticas na região amazônica, grileiros avançam, a seca se aproxima e os índices de desmatamento já são os piores da década. Tudo isso em meio a uma crise política cujo maior efeito é a perda de fiscais em campo.
Em Santarém, no Pará, cerca de 600 indígenas veem suas lavouras ficarem inférteis à medida que o agronegócio se expande pela região. Com a soja, chegam também a apropriação irregular de terras ancestrais e um atraso ainda maior na demarcação de uma reserva indígena na área.
No início de janeiro, atentados a locais sagrados, expulsões e violentos embates contra seguranças armados e oficiais do governo estadual assolaram os Kaiowá de Dourados e Rio Brilhante, municípios próximos à fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
Há mais de 50 anos, os Xavante lutam para retomar a soberania da Terra Indígena Marãiwatsédé, em Mato Grosso. O mais recente obstáculo são os planos do governo federal de asfaltar a BR-158, rodovia que atravessa a reserva bem ao meio.
Desde janeiro de 2019, o fantasma do desenvolvimentismo voltou a assombrar a Amazônia brasileira. Sob a presidência de Jair Bolsonaro, grandes projetos de infraestrutura retomaram força, envernizados por uma perspectiva…