O INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, confirmou hoje um aparente aumento no abate da floresta amazónica ao longo do período de quatro meses que terminou a 28 de Fevereiro de 2013.
De acordo com o DETER, o sistema de detecção de desmatamento em tempo real do INPE, a desflorestação da Amazónia está a acontecer a um ritmo cerca de 15 por cento acima do índice do ano passado, quando o desmatamento em geral atingiu o seu nível mais baixo desde que começaram os registos anuais, no final dos anos 80. O sistema DETER indica que pelo menos 615 km2 de floresta tropical foram derrubados na Amazónia brasileira entre Novembro de 2012 e Fevereiro de 2013. No período homólogo do ano anterior foram desmatados 536 km2.
Dados mensais DETER
Mas os observadores não devem tirar demasiadas conclusões a partir destes números. A detecção da desflorestação é particularmente difícil nesta altura devido à cobertura de nuvens por cima da Amazónia. Para além disso, o DETER recorre a dados de satélite de baixa resolução mais destinados a alertar as autoridades para a desflorestação do que a medir a verdadeira extensão do desmatamento. As estimativas anuais da desflorestação baseiam-se num sistema diferente, que compara as mudanças durante o pico da estação seca, quando a cobertura de nuvens está no seu nível mínimo.
No entanto, o relatório do INPE vai ao encontro com o que tem sido reportado pela IMAZON, uma ONG que tem o seu próprio sistema para detectar a desflorestação. Os dados da IMAZON demonstram um ritmo de perda florestal bem acima da taxa de 2011-2012.
A desflorestação na Amazónia brasileira tem abrandado drasticamente, devido à implementação de políticas, melhor aplicação das leis e tendências macroeconómicas. A perda do ano passado de 4 656 km2 ficou 83 por cento abaixo do abate de 27 772 km2 em 2004, o que deixa o governo adiantado para o cumprimento da sua meta de redução da desflorestação em 80 por cento até 2018. Outros países da Amazónia não conseguiram acompanhar o ritmo do Brasil, registando-se no mesmo período graves aumentos de perda florestal na Bolívia, Peru, Guiana, Suriname e Guiana Francesa, de acordo com Tim Killeen, do WWF.
Desflorestação nos países da Amazónia além do Brasil
No entanto, existem preocupações que o progresso do Brasil na redução da desflorestação poderá estagnar, devido à revisão no ano passado do seu Código Florestal, que regulamenta a quantidade de floresta que os proprietários de terras são obrigados a preservar, e também novos projectos infraestruturais. O enfraquecimento do real brasileiro pode também aumentar os incentivos ao desmatamento tornando as exportações agrícolas mais competitivas nos mercados estrangeiros.
Desflorestação anual na Amazónia brasileira desde 1988