O novo Ministro do Meio Ambiente culpa os fazendeiros pela aceleração do desflorestamento da Amazônia
O novo Ministro do Meio Ambiente culpa os fazendeiros pela aceleração do desflorestamento da Amazonia
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
23 de Junho, 2008
O desflorestamento na Amazônia brasileira aumentou significantemente em Abril de 2008 de acordo com Carlos Minc, novo Ministro do Meio Ambiente do Brasil.
Minc, um fundador do Partido Verde do Brasil, attribiu a aceleração da perda florestal para o desmatamento pelos fazendeiros e plantadores que estão tirando vantagem dos altos preços dos grãos e da carne. A Amazonia é uma fonte cada vez mais importante de produção agrícola no Brasil.
Informações de satélite brasileiro liberadas na Segunda feira mostrou que 1.123 quilometros quadrados de floresta foram perdidas em Abril, quase oito vezes mais que as 145 milhas quadradas desmatadas em Março. Mas as autoridades advertiram que o salto pode ser superestimado devido á limitada visibilidade das coberturas de nuvens em Março.
O desflorestamento na Amazônia caiu mais de 60 por cento entre 2004 e 2007, mas aumentou na segunda metade de 2007. Quase 400.000 quilômetros quadrados de floresta tem sido desmatada nos últimos 20 anos. |
Ainda o impulso no desflorestamento não é boa notícia para o novo ministro que está tentando extinguir a desaprovação dos ambientalistas após a renúncia de Marina da Silva, anterior ministra do meio ambiente. Silva, ex-seringueira e famosa ambientalista, renunciou após perder uma série de batalhas ambientais para os interesses economicos incluindo poderosos fazendeiros e agropecuaristas.
Minc disse que a perda florestal irá provavelmente piorar no período de Junho a Setembro, estação de seca quando o maior volume de desflorestamento ocorre na Amazônia. Latifundiários tipicamente queimam grandes porções de terra para estabelecer pastos para o gado e desmatam para plantio de soja.
“Será muito difícil para o desflorestamento esse ano ficar abaixo do ano passado,” disse Minc aos repórteres em Brasília. “Os piores meses ainda estão por vir.”
Minc disse que o governo planeja criar uma “barreira verde” para áreas protegidas a fim de deter a expansão do desflorestamento que vem do sul e irá apreender e vender gado, grãos e madeira produzidas e extraídas ilegalmente na região, de acordo com Bloomberg. Os rendimentos da venda dos produtos ilícitos serão usados para financiar inciativas anti-miséria.
O aumento do desflorestamento não era inesperada: de forma incomum grandes quantidades de queimadas tem sido detectadas por satélites nos recentes meses e os preços das matérias -primas — cada vez mais correlacionados com o desmatamento da floresta na Amazônia — ficaram perto dos níveis recorde.
O aumento do desflorestamento na segunda metade de 2007 e primeiro trimestre de 2008, segue um declínio de três anos no desmatamento florestal.
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O Brasil abriga mais de 60 por cento da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo. Nos últimos 30 anos quase um quinto da área da floresta tem sido desmatado, na maior parte para a agricultura e pastagem para gado. Os cientistas estimam que a floresta pode abrigar um quarto de espécies terrestres de plantas e espécies e animais bem como a maior população de indígenas ainda vivendo de modo tradicional.
Detalhes adicionais nas imagens do desflorestamento de Abril
Informações liberadas pelo INPE, Agência Espacial do Brasil, mostraram que 70 por cento do desflorestamento durante o mês de Abril de 2008 ocorreu em Mato Grosso, um importante estado produtor de soja e carne na chamada “Arca do Desflorestamento” onde a maior parte do desflorestamento está ocorrendo na Amazônia. O estado de Roraima teve a segunda maior área de perda florestal durante o mês.
As novas imagens vêm do sistema DETER (Detecção em Tempo Real do Desflorestamento) de monitoração do desflorestamento. O DETER detecta áreas de desflorestamento maiores que 25 hectares. Outro sistema de satélite do Brasil é conhecido como PRODES (Programa para Calcular o Desflorestamento na Amazônia). Ele pode detectar áreas de desflorestamento de mais de 6.5 hectares.