Após uma Pausa, a Destruição da Amazônia se Intensifica
Após uma Pausa, a Destruição da Amazônia se Intensifica
Rhett A. Butler
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
23 de junho de 2008
A menos que medidas radicais sejam adotadas, metade da Floresta Úmida do Brasil pode ser desmatada, queimada ou seca dentro de 20 anoss.
Após declinar por três anos consecutivos, o desmatamento na Amazônia Brasileira aumentou vertiginosamente durante os últimos cinco meses de 2007, quase duplicando sobre o mesmo período um ano antes. O aumento, largamente atribuído ao boom global dos produtos, precipitou esperanças de que as iniciativas de conservação e esforços de reforço da lei tivessem finalmente conseguido controlar os interesses de desflorestamento na região.
Igualmente sugeriu que o crescente papel que a globalização e o crescimento econômico terá no destino da maior floresta úmida do mundo. As economias em crescimento da China, Índia, Sudeste da Ásia, Rússia, e do Brasil estão abastecendo uma demanda internacional por produtos que estão contribuindo para a continua degradação da Amazônia. Se não for verificado, esse desenvolvimento da demanda por produtos – combinado com prévia extração de madeira e outras mudanças em larga escala tais como fragmentação, incêndios e seca – pode conduzir à mais extração, queima ou degradação de mais da metade da Amazônia, dentro dos próximos 20 anos, de acordo com recentes estudos. Fatorando o impacto da mudança climática — esperada secar e aquecer partes da Amazônia— as perdas na região podem ser ainda piores.
Historicamente, a Amazônia tem provado ser resiliente á mudança climática, perturbação humana pela população pré-Colombiana, e até mesmo por períodos de incêndio e secas extremas durante eventos milenares como o el-Nino. Contudo as presentes forças que afetam a Amazônia são imprecedentes. Nunca antes a região experimentara impactos simultaneous de perda florestal em larga escala e degradação, fragmentação, incêndios florestais, e aquecimento global. Muitos cientistas e ambientalistas estão profundamente preocupados, não apenas devido à perda de biodiversidade que acompanha a destruição da floresta, mas também porque as derrubadas deste vasto repositório de carbono aquecerão ainda mais um planeta já em um ritimo alarmante.
“O desflorestamento da Amazonia libera grandes quantidades de gases de efeito estufa,” disse FEARNSIDE, um pesquisador do Instituto de Pesquisas Smithsonian Tropical. “Diferente de outras áreas tropicais do mundo que também estão sofrendo rápido desflorestamento, a Amazônia pode liberar quantidades muito maiores de gases no futuro porque ainda há muita floresta para desmatar. Isso é parte de um ciclo vicioso ajustados no movimento do aquecimento global, especialmente devido a seu papel em impulsionar mais prejuizos dos eventos El Niño. Esses eventos causam a morte de árvores da floresta Amazônica através da seca e de incêndios, liberando gases que levam a um maior aquecimento e ainda mais mortes de árvores. Emissões das árvores que estão morrendo e o aquecimento dos solos podem contribuir para um efeito estufa.”
Condutores do desflorestamento na Amazônia Brasileira
Diferente dos anos 70, quando o desflorestamento era frequentemente ligado aos esquemas de desenvolvimento patrocinados pelo governo que promoviam a colonização através da subsistência e a mudança no uso da terra na Amazônia Brasileira é dominada hoje pela conversão em larga escala da floresta para a agricultura industrial e alastrando pastos para gado. A noção da Amazônia como um “deserto verde” – mal vale o desmatamento e desenvolvimento – é uma coisa do passado. Hoje, os brasileiros enxergam a Amazônia como a nova fronteira agrícola da América do Sul, uma rival ao coração dos Estados Unidos, que irá abastecer em tanques de gás e alimentos as mesas ao redor do mundo. Essa transição — com suas profundas implicações para o futuro da Amazônia — tem sido possível pela expansão da infraestrutura, a erradicação de doenças no gado, e inovação agrícola que tem convertido os pobres solos ácidos da região em terra apropriada para plantações extensivas de soja.
A medida que se torna uma grande zona agrícola, a Amazônia vê seu destino altamente conectado aos mercados globais de alimentos e biocombustíveis — aumentar os preços são um incentive para o desmatamento da floresta. Muitos fatores alimentam os pontos de queimada e desmatamento de terras. Entre eles estão o recente aumento dos preços das matérias –primas conduzido pelo aumento da demanda internacional; maior consume de carnes nos mercados em desenvolvimento e emergentes, que por sua vez exigem grãos como alimentos para o gado; e o surgimento de interesse por biocombustível, alimentado pela alta dos preços do petróleo e subsídios americanos para o etanol de milho. Um outro catalizador da expansão agrícola do Brasil é um programa de $43 bilhões, antes conehcido como Avança Brasil mas agora conhecido como Programa para Aceleração do Crescimento (PAC), que está fianciando a construção de estradas, portos, encanamentos, represas hidrelétricas, e outras melhorias de infraestrutura dentro e ao redor da Amazônia.
Informações de satélite brasileiro do final de 2007 mostram um acentuado aumento no número de queimadas e desflorestamento nos estados- chaves produtores de soja e gado , Pará e Mato Grosso. Ambos experimentaram aumentos na perda florestal de 50 por cento ou mais sobre o mesmo período em 2006, juntamento com um grande salto nas queimadas – no caso de Mato Grosso, um ponto de mais de 100 por cento. As 123.000 queimadas detectadas pela Amazônia Brasileira pelos satélites Terra e AQUA são as maiores desde que as mensurações começaram em 2003. O desflorestamento nos últimos cinco meses de 2007 é esperado exceeder 7.000 quilometros quadrados, uma área mais de duas vezes maior que o tamanho de Rhode Island.
Politica e economia — ambas no Brasil e fora dele – e tendo um papel chave na expansão agrícola na Amazônia. A política de energia Americana, que concede generosos subsídios para etanol de milho, tem efetivamente desencorajado os lavradores de plantar soja nos Estados Unidos, promovendo a expansão da soja no Brasill.
“Estamos vendo uma conexão do etanol de milho com o desflorestamento da Amazônia,” disse Smithsonian’s Laurance, autor de um trabalho de Ciência em Dezembro de 2007 sobre o assunto.
“Nós vemos os preços da soja aumentando em parte porque menos soja está sendo cultivada nos Estados Unidos conforme o milho se expande para atender a crescente demanda pelo emergente etanol industrial,” acrescentou Dr. Daniel Nepstad, diretor do Programa Amazônia em Belém, Brasil, do Centro de Pesquisas Woods Hole. “Similarmente, conforme a cana de açucar se espande no sul do Brasil, a produção de soja está rumando para o norte, invadindo a Amazonia.”
Apesar dos cultivadores de soja na Amazônia estarem atualmente observando uma moratoria de dois anos em novos desmatamentos para cultivo de soja, nenhuma moratoria existe nas vizinhanças, o cerrado, um ecossitema de savana que está sendo convertido num índice três vezes mais rápido que na Floresta Amazônica. Conforme a soja e a cana de açucar — a fonte do etanol do Brasil — expandem suas áreas cultivadas no cerrado, elas competem com fazendas de gado, a forma predominante de uso da terra na região. Fazendas de baixa intensidade, que rendem significante menos por hectare que a agricultura industria, são então deslocadas para areas de fronteira, aumentando o desflorestamento. Os rancheiros que vendem suas terras aos cultivadores de soja e cana podem comprar 10 vezes mais terras na fronteira.
Conforme a demanda por biocombustivel continua a crescer, há uma real possibilidade que palma de óleo — a semente de óleo mais rentável do mundo — poderia se tornar um cultivo dominante na Amazônia. Tal desenvolvimento seria sinistro, porque a plantação difundida de oleo de palma tem sido a força condutora atrás da recente destruição de enormes areas de floresta úmida na Indonésia e Malásia. Mapas de solos apropriados do Instituto de Pesquisa Woods Hole Research mostram que o Brasil tem 2.3 milhões de quilometros quadrados de terra florestal apropriada para cultivo de oleo de palma, igual ás areas florestais apropriadas para a produção combinada de soja e cana de açucar.
Intrduzir esses produtos agrícolas para o Mercado, que foram muito tempo um impedimento para o desenvolvimento da Amazônia, está rapidamente se tornando mais fácil graças ao número de projetos de estradas sendo financiados pelo Programa Avança Brasil (PAC). A melhora da Rodovia Transoceânica, que liga o coração da Amazônia aos portos do Pacífico no Peru, promete estimular mais expansão agrícola. Rodovias como a Transoceanica dá aos madeireiros, especuladores de terra, fazendeiros, lavradores, e colonos, um acesso para areas remotas. Esses interesses economicos, especialmente os setores agroindustriais e madeireiros, constroem entao as estradas “não oficiais”, abrindo ainda mais a floresta para o desenvolvimento.
Ameaças Sinergéticas
Conforme cresce a demanda global por materias primas agrícolas na Amazônia, a região está sendo cada vez mais afetada por forças maiores, incluindo mudança climática, seca, fragmentação, e queimadas, que interagem para criar os efeitos de consequência. O impacto cumulativo dessas forças sinergéticas aumentam as questões pertinentes ao futuro da Amazônia.
De longe, a mais ponderosa dessas influencias é a mudança climática, e os cientistas estão trabalhando para compreender seu impacto potencial na maior floresta úmida do planeta. Alguns modelos sugerem que partes da Amazônia irão experimentar elevadas temperatures e menos chuvas, enquanto outras regiões irão ter mais chuvas, mas o debate vai longe quando chega a hora de prever a sensibilidade dos ecossistemas da região em relação ao aquecimento global.
O pouco que é se sabe sobre a atual mudança na Amazônia é preocupante. Desmatamentos gigantes sugam a umidade dos fragmentos nos arredores da floresta e permtem que ventos soprem derrubando pequenas árvores, enfraquecendo a copa e incapacitando os raios solares de alcançarem o chão da floresta. Isso seca as folhas e mata as árvores. Árvores em processo de morte deixam cair folhas e galhos, criando ambiente proprício para espalhar o fogo para a floresta. Enquanto essas queimadas forem pequenas, elas causam danos significantes em um ecossistema não bem adaptado ao fogo.
“Quando uma floresta queima pela primeira vez, a altura das chamas raramente excedem 30-40 centimetros, e o fogo se move vagarosamente pelas folhagens secas,” disse Jos Barlow, um pesquisador da Universidade de Lancaster no Reino Unido e do Museu Paraense Emilio Goeldi no Brasil. “Apesar dessa queimadas parecerem relativamente inócuas, elas são na verdade muito destrutivas já que a maioria das árvores da floresta tem baixa tolerância ao calor, e sua baixa velocidade significa que as chamas ficam em contato com árvore por longos períodos de tempo. Como resultado, até mesmo queimadas de baixa intensidade matam até 40 por cento das árvores.”
Conforme a vegetação se esvai na fumaça, a capacidade própria da floresta de geração de chuva é reduzida — cerca de metade da umidade em algumas partes da Amazônia é reciclada através da evapotranspiração. Menos árvores significam menos chuva, enquanto a fumaça pesada das queimadas inibem a formação de nuvens e reduzem as chuvas. Esses efeitos não são limitados ao Brasil; pesquisa liderada por Roni Avissar da Univesidade Duke sugere que mudanças na Amazônia podem ter um impacto ainda mais amplo, influenciando padrões de chuva do México ao Texas e o Golfo do México.
Uma simulação em 2003 por Peter Cox e seus colegas do Centro Hadley de Previsão Climática e Pesquisa provocou alarme e controvérsias quando previu significativa “morte” da Floresta Amazônica na metade do século e um colapso virtual do ecossistema em 2100. A projeção, que avaliou apenas o impacto das crescentes concentrações de dioxido de carbono na atmosfera na temperature e nas precipitações na região, tem sido divulgada por modelos de previsão de tempo em um ritmo mais acelerado devido à interação da mudança climática e mudança no uso da terra.
Escrevendo no Philosophical Transactions of the Royal Society B no começo desse ano, Daniel Nepstad e colegas previram que 55 por cento da floresta Amazônica sera “desmatada, extraída, danificada pela seca, ou queimada” nos próximos 20 anos se o desflorestamento, queimadas florestais, e tendencias climáticas continuarem agindo rapidamente. O estrago liberará 15-26 bilhões de toneladas de carbono dentro da atmosfera, alimentando um ciclo vicioso que irá piorar tanto o aquecimento global quanto a degradação da floresta na região. Nepstad diz que este cenário é um cenário conservador — perda florestal e emissões podem ser bem piores.
“O modelo Hadley para o fim do século quando haverá uma grande “morte” da Amzônia ,” ele disse. “Mas antes que o aquecimento global predomine, haverá todo tipo de danos provenientes das secas que ja estamos presenciando, bem como o desflorestamento, extração de madeira, e queimadas que são parte desse regime.”
Nepstad e outros cientistas apontam a seca de 2005 como a direção que a Amazônia está tomando novamente. Aquela seca, que foi recentemente ligada ao aquecimento no Atlântico tropical ao invés do El Niño, foi a pior da memória da Amazônia. Conforme os rios secavam, comunidades de partes remotas foram isoladas e o comércio parou. Milhares de quilômetros quadrados de terras queimaram por meses, liberando mais de 100 milhões de toneladas métricas de carbono na atmosfera.
Enquanto pode parecer inevitável que muito da Amzônia seja queimado, arado para pastos de gado ou para cultivo industrial de soja, ou se torne savanna pela mudança cimática, tendencies emergentes mostram que há uma razão para acreditar que a Amazônia pod epode evitar o pior. Num futuro rodeado por incertezas sobre os impactos que surgem do aquecimento global e imensas mudanças na economia internacional, paradoxalmente são esses mesmos condutores que poderiam ser a chave para a salvação Amazônica.
Os maiores poderes industrializados do mundo finalmente concordam em estabelecer um preço nos bilhoes de toneladas de gases de efeito estufa jogados na atmosfera a cada ano, que poderia preparar o caminho para medidas inovadoras de conservação que poderiam ajudar a controlar o desflorestamento na Amazônia dentro de uma década. Sob uma grande iniciativa, conhecida como REDD (Redução das Emissões do Desflorestamento em países en Desenvolvimento), tanto iniciativas privadas como governos pagariam o Brasil e o povo da Amazônia para não extrair ou queimar a floresta. Os mercados do REDD seriam conduzidos pela necessidade de indústrias e países para compensar suas emissões de gases pagando outros para preserver suas florestas que absorvem carbono.
Enquanto os custos para programas do REDD e iniciativas mais tradicionais de conservação seriam substanciais, os benefícios para a humanidade e ecossistemas globais seriam enormes.
Próximo: O REDD e um mercado global de carbono poderiam salvar a Amazônia?