O projeto Amazônia Minada detectou 1.265 requerimentos de mineração em terras com registros da existência de povos isolados. Dos 114 registros de povos isolados que a Funai possui, 43 estão em terras indígenas (TI) que são alvo de requerimentos de mineração. Além da proliferação de doenças como covid-19 e malária, os garimpos podem contaminar rios e peixes por causa do mercúrio. Entidades indigenistas apresentaram uma ação contra o governo Bolsonaro no STF exigindo proteção a povos indígenas isolados. Garimpeiro não faz home office. Enquanto o mundo parou por causa da covid-19, em 2020, a busca por minério enterrado em terras indígenas da Amazônia não deu trégua, atingindo o maior número de requerimentos nos últimos 24 anos. Quase metade dos pedidos protocolados na Agência Nacional de Mineração (ANM) — 71 de 143 — no ano passado estão sobre terras indígenas onde há registro na Fundação Nacional do Índio (Funai) de povos isolados, ainda mais vulneráveis a qualquer tipo de doença externa, explicam indigenistas e pesquisadores. O interesse da mineração ilegal em áreas de povos isolados é citada na ação (ADPF 709) que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e oito partidos políticos apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), em julho do ano passado, cobrando medidas do governo federal para evitar o que chamaram de “risco real de genocídio” devido à pandemia de covid-19, que já entrava no seu quinto mês no Brasil. Mesmo assim, o governo, como admitiria ao longo do processo judicial, ainda não tinha implementado medidas de proteção em diversas terras que abrigam povos isolados.