Levantamento exclusivo revela 145 requerimentos protocolados na Agência Nacional de Mineração até 3 de novembro, o maior volume em 24 anos. Projeto de lei formulado por Bolsonaro em fevereiro quer legalizar atividade, atualmente vedada pela Constituição. Em setembro, o governo publicou o Programa Mineração e Desenvolvimento, que cita a meta de “promover a regulamentação da mineração em terra indígena”. Nem mesmo a pandemia de covid-19, que até o começo de novembro tinha matado 867 indígenas e contaminado mais de 38 mil, fez arrefecer esse apetite do setor minerador. Os requerimentos de mineração representam uma ameaça real a áreas protegidas, especialmente na Amazônia Legal, onde estão 98% das TIs já reconhecidas do Brasil. É em grande parte graças a esses territórios que a floresta segue em pé. É inconstitucional, mas a Agência Nacional de Mineração (ANM) mantém ativos mais de 3 mil pedidos para minerar em terras indígenas (TI) na Amazônia, revelam dados do projeto Amazônia Minada, do InfoAmazonia. Qualquer atividade mineradora, até mesmo de pesquisa, é vedada nessas áreas, mas isso não impede que, a cada ano, dezenas de novas requisições sejam protocoladas no órgão — que deveria barrá-las imediatamente, mas não o faz. Nem mesmo a pandemia de covid-19, que até o começo de novembro tinha matado 867 indígenas e contaminado mais de 38 mil, segundo a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib), fez arrefecer esse apetite do setor minerador. Em apenas dez meses, 2020 já apresenta o maior volume de solicitações dos últimos 24 anos, com 145 registros. As terras Kayapó, no Pará, são as mais afetadas, concentrando mais de um terço do pedidos feitos no ano.