A Malásia de olho na África e na Amazônia para expansão de óleo de palmeira
A Malásia de olho na África e na Amazônia para expansão de óleo de palmeira
Rhett A. Butler, mongabay.com
Traduzido por Ana da Silva
29 de Agosto, 2008
Com falta de terra e com reclamações ambientais, produtores de óleo de palmeira malasianos devem procurar outros países onde possam propagar suas operações, disse nesta segunda-feira um ministro agricultural malasiano de alto cargo.
Falando com repórteres em Kuala Lumpur, o malasiano Ministro das Indústrias e Comodidades Peter Chin Fah Kui repetiu o que havia dito antes, que plantadores de palmeiras deviam usar sua expecialização para estabelecer plantações de palmeiras de óleo na África e América do Sul.
“Há uma necessidade de olhar além da costa malasiana,” Chin disse à Bloomberg. “É difícil dizer quanta terra a Malásia precisa, mas estamos incentivando nossas companias à investir em outros países.”
De acordo com Chin, a Malásia tem aproximadamente 4,4 milhões de hectares de terra sendo cultivada, enquanto outros 2,2 milhões de hectares estão disponíveis para patrimônio de palmeiras de óleo. A maioria da expansão está ocorrendo nos estados de Sabah e Sarawak na ilha de Borneo.
Em face ao crescente criticismo de grupos ambientais por causa da desflorestação e poluição causadas por plantações, a indústria de óleo de palmeira lançou uma reposta com duas faces: limpando suas operações com o estabelecimento de critérias para produção sustentável (a Mesa Redonda de Óleo de Palmeira Sustentável – RSPO) e uma campanha global de relações públicas para promover as virtudes do óleo de palmeira enquanto simultaneamente atacam críticos através de editoriais, blogs e websites. O projeto de marketing tem envolvido alegações enganosas sobre o balanço de carbono e o valor da biodiversidade das plantações. |
A Malásia é a segunda maior produtora de óleo de palmeira depois da Indonésia. Números do Conselho Malasiano de Óleo de Palmeira mostra que a produção em 2007 foi 15,8 milhões de toneladas, enquanto ganhos de exportação chegaram à um recorde de 45,1 bilhões de ringgit (13,6 bilhões de dólares) resultando de um aumento do preço do óleo de palmeira.
Os comentários de Chin vêm logo depois da FELDA, a Autoridade de Desenvolvimento de Terra da Malásia, anúnciar planos para estabelecer imediatamente 100,000 hectares (250,000 acres) de plantações de palmeiras de óleo na Amazônia brasileira. Para facilitar a expansão de óleo de palmeira na Amazônia, o governo brasileiro agora está considerando legislação que permitiria latifundiários a incluír essas plantações como parte de sua requisita “reserva florestal.” Uma lei permitiria que os latifundiários da Amazônia elevassem de 20 para 50 porcento a desmatação de floresta em suas terras.
A expansão de óleo de palmeira está também acontecendo na África tropical, a região de onde a palmeira malasiana originou mas onde rendimento está muito atrás das plantações industriais do Sudeste da Ásia. Em outubro de 2007, uma compania chinesa assinou um contrato de 1 bilhão de dólares para desenvolver mais de 3 bilhões de hectares na Repúbica Democrática do Congo (DRC) para a plantação de palmeiras de óleo. Em junho deste ano, Unilever vendeu seus estoques de palmeira de óleo na Costa do Marfim para a compania Wilmar, com base na Singapura, e Olam International.
Análises da Woods Hole Research Institute (Instituto de Pesquisas Woods Hole) sugere que DRC tem o potencial de converter 778,000 km quadrados de área florestal para plantações de palmeira de óleo. A Amazônia brasileira tem 2,3 milhões de km quadrados adequados para palmeiras de óleo.