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Repórter da Mongabay é 1ª brasileira a receber o Prêmio Oakes, da Universidade de Columbia

  • Em uma cerimônia em Nova York em 18 de setembro, Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay, tornou-se a primeira brasileira vencedora do John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism, da Universidade de Columbia, nos EUA. Jornalista foi premiada por investigação que revelou a explosão de gado ilegal e crimes ambientais na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, em meio a um número recorde de assassinatos de indígenas Guajajara.

  • “Sua investigação estabeleceu uma conexão direta entre a expansão da indústria pecuária e o aumento dos crimes contra as pessoas e a natureza”, disse Jelani Cobb, reitor da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, durante a cerimônia.

  • Criado em 1993, o Prêmio Oakes reconhece jornalistas “cujo trabalho atende aos mais altos padrões de excelência jornalística” e “dá uma contribuição excepcional para a compreensão pública de questões ambientais”; esta é a primeira vez que a Mongabay vence o Prêmio Oakes, considerado um dos mais importantes do mundo.

  • “Hoje, receber este prêmio é, realmente, uma honra. Não só para mim, mas especialmente para honrar a memória de Paulo Paulino Guajajara, de todos os guardiões da floresta, e de todos os povos indígenas que dão suas vidas para proteger seu território e, claro, Dom Phillips e Bruno Pereira, e todos os jornalistas e defensores ambientais que lutam para proteger a natureza”, disse Mendes.

A jornalista Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay, tornou-se a primeira brasileira a receber o John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism (Prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental), oferecido pela Universidade de Columbia, nos EUA.

Em uma cerimônia em Nova York, em 18 de setembro, Mendes recebeu o reconhecimento por sua investigação que revelou uma conexão direta entre o aumento da violência contra os indígenas Guajajara e a expansão da pecuária ilegal na Terra Indígena Arariboia, no estado do Maranhão. Nos últimos 30 anos, cerca de 40 indígenas Guajajara foram mortos na Arariboia; nenhum dos autores dos crimes foi julgado, como mostrou a reportagem.

“Hoje, receber este prêmio é, realmente, uma honra. Não só para mim, mas especialmente para honrar a memória de Paulo Paulino Guajajara, de todos os guardiões da floresta, e de todos os povos indígenas que dão suas vidas para proteger seu território e, claro, Dom Phillips e Bruno Pereira, e todos os jornalistas e defensores ambientais que lutam para proteger a natureza”, disse Mendes na cerimônia de premiação, realizada cerca de dois meses após o anúncio dos vencedores.

Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay, recebe o John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism (Prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental), em 18 de setembro. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.
Karla Mendes, repórter investigativa da Mongabay, recebe o John B. Oakes Award for Distinguished Environmental Journalism (Prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental), em 18 de setembro. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.

O assassinato de Paulo Paulino Guajajara, Guardião da Floresta morto por madeireiros em uma emboscada dentro da TI Arariboia em 2019, foi o fio condutor da investigação, que teve financiamento e apoio editorial da Rainforest Investigations Network, do Pulitzer Center. Mendes entrevistou Paulo nove meses antes de sua morte para um documentário que co-dirigiu e que ganhou outros quatro prêmios internacionais.

Criado em 1993, o Prêmio Oakes reconhece jornalistas “cujo trabalho atende aos mais altos padrões de excelência jornalística” e “dá uma contribuição excepcional para a compreensão pública de questões ambientais”. Esta é a primeira vez que a Mongabay vence o Prêmio Oakes, considerado um dos principais prêmios do mundo.

Após a premiação, Karla Mendes participou de um painel sobre os bastidores da investigação vencedora e de outras reportagens finalistas na Universidade de Columbia. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.
Após a premiação, Karla Mendes participou de um painel sobre os bastidores da investigação vencedora e de outras reportagens finalistas na Universidade de Columbia. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.

Jelani Cobb, reitor da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, destacou o caráter inovador da reportagem e os riscos da apuração em campo enfrentados por Mendes. “Sua investigação estabeleceu uma conexão direta entre a expansão da indústria pecuária e o aumento dos crimes contra as pessoas e a natureza”, disse Cobb, durante a entrega do prêmio. “Ela arriscou sua vida várias vezes para fazer reportagens no local, passando por áreas controladas pelos pecuaristas.”

Após a premiação, Mendes participou de um painel sobre os bastidores da investigação vencedora e de outras reportagens finalistas. Sharon Lerner, da ProPublica e da The New Yorker, foi finalista por sua reportagem sobre executivos da 3M que suprimiram evidências de seus próprios cientistas sobre os perigos e a contaminação generalizada de “produtos químicos permanentes” (forever chemicals) de seus produtos. Já Naveena Sadasivan representou as equipes do Grist, El Centro de Periodismo Investigativo, Atlanta News First e El Paso Matters, que estiveram à frente de uma investigação que revelou como armazéns de suprimentos médicos em todos os EUA estão vazando óxido de etileno, um gás tóxico cancerígeno.

Vencedora do Prêmio Oakes, Karla Mendes foi homenageada na Universidade de Columbia, junto com as duas finalistaas. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.
Vencedora do Prêmio Oakes, Karla Mendes foi homenageada na Universidade de Columbia, junto com as duas finalistas. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.

A investigação de Mendes, vencedora do Prêmio Oakes, é parte da série A Madeira do Sangue Guajajara, que será usada pelo Ministério Público Federal como prova no julgamento da morte do guardião Paulo Paulino.

As reportagens, que também receberam menção honrosa no Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo, foram destaque em uma série da CBC sobre os riscos de se fazer jornalismo na Amazônia. A matéria também foi citada no livro What Will Your Legacy Be?: Conversations With Global Game Changers About the Climate Crisis (Qual o seu legado? Conversas com lideranças sobre a crise climática), de Sangeeta Waldron, que dedicou um capítulo do livro à investigação e à trajetória profissional de Mendes.

Imagem de destaque: Jelani Cobb, reitor da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, entregou a Karla Mendes, repórter da Mongabay, o Prêmio John B. Oakes de Excelência em Jornalismo Ambiental, em uma cerimônia em 18 de setembro em Nova Iorque. Foto: Sirin Samman/Oakes Award.

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