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Vídeo: Cinco indígenas Tembé baleados em “guerra do dendê” na Amazônia

Ativistas protestam em Belém, exigindo justiça depois que cinco indígenas Tembé foram baleados. Imagem cortesia dos indígenas Tembé e Turiwara.

Ativistas protestam em Belém, exigindo justiça depois que cinco indígenas Tembé foram baleados. Imagem cortesia dos indígenas Tembé e Turiwara.

  • Em apenas 72 horas, cinco indígenas foram baleados em ataques violentos na região Amazônica em meio à chamada “guerra do dendê”.

  • Esses são os mais recentes episódios de uma onda de violência ligada a conflitos fundiários entre comunidades indígenas e empresas de óleo de palma na região de Tomé-Açu, no Pará, cujas tensões crescentes são documentadas pela Mongabay há um ano.

  • Neste vídeo, a Mongabay mostra a indignação dos indígenas Tembé contra a crescente violência na área e seu clamor por justiça.

Esta reportagem recebeu suporte do Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center, do qual Karla Mendes é bolsista.

Em apenas 72 horas, cinco indígenas foram em baleados ataques violentos na região Amazônica em meio à chamada “guerra do dendê”, provocando indignação e pedidos de justiça.

Em 4 de agosto, seguranças particulares da empresa de óleo de palma Brasil BioFuels S.A. (BBF) supostamente atiraram em Kauã Tembé, de 19 anos, na aldeia indígena Bananal, em Tomé-Açu, no Pará. Em 7 de agosto, Felipe Tembé, Dayane Tembé, Erlany Portilho Ferreira Tembé e Pylikape Tembé também foram baleados, supostamente por seguranças da BBF, afirmam líderes indígenas.

Dayane Tembé foi baleada no pescoço; ela está internada em um hospital em Belém, recuperando-se de uma cirurgia à qual foi submetida em 8 de agosto. O quadro de saúde dela é estável, mas ela ainda não consegue se alimentar, disse à Mongabay Urutaw Turiwar Tembé, cacique da aldeia indígena Yriwar, em uma mensagem de voz em 11 de agosto.

Após os tiroteios de 7 de agosto, os indígenas Tembé protestaram em frente à delegacia de Quatro Bocas, onde Felipe Tembé, alvejado naquele dia, foi preso por motivos não esclarecidos, segundo os indígenas. “Prenderam o segurança que atirou no meu filho?”, Urutaw Tembé gritou em um vídeo da manifestação, reivindicando justiça para seu filho Kauã Tembé e todos os indígenas baleados.

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Os tiroteios do fim de semana são o mais recente episódio de uma onda de violência ligada aos conflitos fundiários entre comunidades indígenas e empresas de óleo de palma na região, cujas tensões crescentessão documentadas pela Mongabay há um ano. De um lado, as comunidades indígenas dizem que a BBF ocupou suas terras ancestrais; de outro, a BBF afirma ser proprietária das terras.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará informou que o segurança identificado como autor do disparo que atingiu um indígena em 4 de agosto foi preso em 7 de agosto; foram instaurados inquéritos para identificar os outros suspeitos envolvidos no atentado de 7 de agosto e a segurança na área foi reforçada, de acordo com um comunicado por e-mail.

Em comunicado por e-mail, a BBF negou as acusações e acusou as comunidades indígenas de invadir uma área que “não se trata de terra indígena demarcada e sim de propriedade privada da empresa” e de atacar seus funcionários seguranças privados durante uma ação de retomada. A declaração completa da BBF está disponível aqui.

Os líderes Tembé foram para Belém em 8 de agosto para protestarem durante a Cúpula Amazônia; eles também participaram de uma reunião com a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana.

“Não podemos aceitar violência para resolver qualquer tipo de impasse. Diferenças devem ser resolvidas com diálogo ou judicialmente, mas jamais com violência”, disse Joenia Wapichana em comunicado publicado na internet.

Ela disse que a procuradoria da Funai está acompanhando o caso e que técnicos do órgão irão à região nos próximos dias para averiguar a situação. Também está sendo analisada a criação de um grupo interministerial “para definir medidas imediatas para evitar que os indígenas sofram ameaças e/ou sejam vítimas de violência”, segundo o comunicado.

Joenia Wapichana disse que as reivindicações, relacionadas à expansão das terras indígenas Turé-Mariquita, Turé-Mariquita 2, Tembé do Acará Miri e a demarcação de terras para o povo Turiwara, todos em Tomé-Açu, estão em andamento e deverão ser criados grupos de trabalho para investigar cada caso. “Todas as demandas que recebemos estão em estudo, mas precisamos reconhecer que não dispomos de pessoal suficiente para conduzir o trabalho, pois a Funai está sucateada”.

Imagem de destaque: Ativistas protestam em Belém, exigindo justiça depois que cinco indígenas Tembé foram baleados. Imagem cortesia dos indígenas Tembé e Turiwara.

Karla Mendes é repórter investigativa da Mongabay no Brasil e bolsista do Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center on Crisis Reporting. Leia outras matérias publicadas por ela na Mongabay aquiEncontre-a no Twitter, Instagram e LinkedIn.

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