Neste momento crítico que antecede as eleições, a Mongabay quer garantir que o público tenha acesso a informações confiáveis sobre questões ambientais no Brasil.
Os esforços da Mongabay incluem uma investigação conjunta de um ano com a Earthsight, que descobriu novas evidências de corrupção e ilegalidade usadas pela maior exportadora de pisos do Brasil, a Indusparquet, e seus fornecedores.
A Mongabay também produziu uma coleção de tópicos no Twitter que examinam a interação entre as autoridades eleitas do Brasil – principalmente o governo Bolsonaro –, o meio ambiente e os povos indígenas.
A depender do resultado das eleições presidenciais, o futuro dos biomas brasileiros – em particular a Floresta Amazônica – pode tomar rumos totalmente distintos. Neste momento crítico que antecede as eleições, a Mongabay quer garantir que o público tenha acesso a informações confiáveis sobre questões ambientais no Brasil e sobre como o resultado pode impactar ecossistemas de relevância global, como a Amazônia e o Cerrado, e os povos que neles habitam.
Recentemente, publicamos uma investigação feita ao longo de um ano em parceria com a Earthsight, Os Intermediários: Maior exportadora de pisos do país acusada de corrupção exporta para os EUA, que descobriu novas evidências de negócios corruptos e práticas ilegais usadas pelo maior exportador de pisos do Brasil, a Indusparquet, e seus fornecedores.
Além disso, a equipe internacional de notícias da Mongabay tem relatado a interação entre as autoridades eleitas do Brasil – principalmente o governo Bolsonaro – e o meio ambiente, bem como os direitos e a segurança dos povos indígenas e de comunidades tradicionai. A Mongabay publicou os tópicos no Twitter cobrindo quatro tópicos:
- Desmatamento
- Incêndios florestais
- Direitos indígenas
- Violência contra povos indígenas, jornalistas e ativistas
Expondo a corrupção e a ilegalidade do maior exportador de pisos do Brasil
Na recente investigação conjunta da Mongabay com a Earthsight, a editora Karla Mendes informou que a Indusparquet foi acusada em dois processos de corrupção no Brasil pelo uso de funcionários públicos para obter acesso a suprimentos de madeira. A Mongabay e a Earthsight tiveram acesso a dezenas de horas de escutas telefônicas e imagens de vídeo, juntamente com milhares de páginas de registros judiciais, revelando como os supostos esquemas de suborno foram realizados.
“Esta investigação é extremamente importante porque expõe o modus operandi de vários infratores ambientais”, disse Mendes. “Apesar da existência de leis e sanções ambientais – e sua ampla visibilidade –, o que vemos é que as empresas continuam cometendo os mesmos ‘erros’ e os compradores continuam comprando seus produtos. A pergunta chave é: Por que? As sanções são ‘muito baratas’ para eles?”
Um dos processos judiciais mostrou que a Indusparquet usou um funcionário local para garantir o fornecimento de bracatinga, uma espécie de árvore nativa da Mata Atlântica, para um “cliente nos EUA”. A Mongabay também descobriu indícios de que o cliente americano era a Floor & Decor, a maior rede varejista de pisos da América, anteriormente envolvida em escândalos de madeira ilegal com a Indusparquet. Além disso, a cadeia nacional LL Flooring, multada por descumprir a Lei Lacey (lei que proíbe o tráfico de espécies silvestres capturadas ilegalmente) em 2013 por suas exportações ilegais de madeira, também é cliente da Indusparquet.
“A colaboração da Mongabay e da Earthsight revela que o crime vale o risco para algumas grandes corporações”, disse Mendes.
Leia a reporagem completa: Os Intermediários: Maior exportadora de pisos do país acusada de corrupção exporta para os EUA
Tópicos do Twitter sobre questões ambientais no Brasil
Conforme mencionado, a investigação da Indusparquet faz parte de um esforço maior da Mongabay em trazer mais conscientização sobre as questões socioambientais no Brasil. Isso inclui quatro tópicos do Twitter que examinam a interação entre as autoridades eleitas do país, o meio ambiente e as questões que afetam povos indígenas e comunidades tradicionais.
Desmatamento
Fiscais do Ibama realizaram uma série de inspeções em 2017, quando expuseram deficiências nos sistemas de manejo florestal do Brasil que permitiam a venda de madeira ilegal tanto no mercado interno quanto no exterior. As ações destacaram a importância de órgãos ambientais federais eficazes e atuantes. Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace.
O desmatamento aumentou em todo o mundo nas últimas décadas, e o Brasil é um dos países onde ele mais avança. Em apenas duas décadas, a Amazônia brasileira se transformou de sumidouro de dióxido de carbono em fonte de novas emissões desse gás de efeito estufa. O afrouxamento das políticas ambientais e os cortes orçamentários também não vêm ajudando: quase 98% dos alertas de desmatamento não estão sendo investigados.
Apesar das fortes evidências de desmatamento na Amazônia, o governo Bolsonaro acusou o Inpe de manipular dados, mentir e conspirar com ONGs internacionais, chegando a demitir o chefe do instituto, Ricardo Magnus Osório Galvão.
Leia o tópico completo sobre desmatamento no Twitter da Mongabay Brasil.
O #desmatamento aumentou em todo o mundo nas últimas décadas, e o #Brasil é um dos países onde ele mais avança.
Em tempo de eleições, este é um momento chave para explorar a interseção entre política e meio ambiente. 🧵
1/13 pic.twitter.com/C395ODSLHV
— Mongabay Brasil (@mongabay_brasil) September 8, 2022
Incêndios florestais
Em 2019 e 2020, o Brasil viu grandes incêndios devastarem a Amazônia – em grande parte, dizem especialistas, devido às políticas ambientais fracassadas de Bolsonaro. Imagem de Sergio Vale/estado do Acre.
Em 2019, grandes incêndios florestais na Amazônia brasileira chamaram a atenção do mundo. Foi uma ocorrência atípica ou um padrão ambiental?
Quando os céus de São Paulo ficaram pretos de fumaça em 19 de agosto de 2019, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que membros de ONGs poderiam estar por trás dos incêndios florestais. Um relatório do mesmo ano do Projeto Monitoramento da Amazônia Andina (MAAP) revelou uma sobreposição entre áreas desmatadas intencionalmente e alertas de incêndio. De fato, 125 mil hectares da Amazônia brasileira – o equivalente a 125 mil campos de futebol – foram desmatados até 2019 e depois queimados em agosto. Em 2022, a Amazônia brasileira registrou o maior número de incêndios em junho dos últimos 15 anos, com mais de 2.500 grandes incêndios detectados – um aumento de 11,14% em relação a 2021.
Os incêndios também ameaçam a biodiversidade do Cerrado, como as queimadas na Chapada dos Veadeiros em 2021, colocando em risco espécies raras e ameaçadas, como onças-pintadas, lobos-guará e patos-mergulhões.
Leia o tópico completo sobre incêndios florestais no Twitter da Mongabay Brasil.
Em 2019, grandes incêndios florestais na Amazônia brasileira chamaram a atenção do mundo.
Foi uma ocorrência atípica ou revela um padrão ambiental?
À medida que as eleições se aproximam, é importante examinar o que causam os incêndios florestais no país. 🧵
1/19 pic.twitter.com/NBDJmwAIXV
— Mongabay Brasil (@mongabay_brasil) September 15, 2022
Direitos indígenas
O Brasil abriga 900 mil indígenas, que falam 274 idiomas. Muitas Terras Indígenas se sobrepõem a áreas ecologicamente relevantes.
O governo Bolsonaro fez vários movimentos políticos que ameaçam os direitos dos povos indígenas, como transferir o poder de decisão sobre as demarcações de reservas indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, tentando legalizar o agronegócio e a mineração em Terras Indígenas, e a intimidação de lideraças indígenas. Grupos como os Karipuna também processaram o governo por cumplicidade na invasão e roubo de suas terras.
Essas ações levaram a vários protestos, com milhares de lideranças e comunidades indígenas marchando rumo ao Supremo Tribunal Federal em 2019 e 2021, no que se acredita ser a maior mobilização de ativistas indígenas em mais de três décadas.
Leia o tópico completo sobre direitos indígenas no Twitter da Mongabay.
O #Brasil abriga 900 mil indígenas, que falam 274 idiomas. Muitas Terras #Indígenas se sobrepõem a áreas ecologicamente relevantes.
Como as eleições de 2022 podem impactar essa população?
1/19 pic.twitter.com/nryuTycCqL
— Mongabay Brasil (@mongabay_brasil) September 26, 2022
Violência contra povos indígenas, jornalistas e ativistas
Nos últimos quatro anos, houve um aumento na violência contra ativistas ambientais e povos indígenas no Brasil.
Logo após a eleição de Jair Bolsonaro, em dezembro de 2018, o Brasil viu um aumento nas ameaças aos povos indígenas e na apropriação ilegal de terras dentro de suas reservas.
As invasões de terra mais que dobraram em 2020, com 81.255 famílias vendo seus territórios invadidos. Os povos indígenas representaram quase 72% do total.
A violência foi de garimpeiros ilegais cortando pneus de ônibus indígenas a caminho de manifestações e policiais disparando balas de borracha e granadas de efeito moral contra manifestantes até o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara em 2019.
Tendência semelhante continua em 2022. Em junho, os corpos do antropólogo Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foram encontrados, assassinados, no Amazonas.
Leia o tópico completo sobre violência contra povos indígenas, jornalistas e ativistas no Twitter da Mongabay.
Os últimos 4 anos viram um aumento na violência contra ativistas ambientais e #povosindígenas.
À medida que as eleições do #Brasil 2022 se aproximam, é oportuno examinar o que está acontecendo com esses grupos e por quê. 🧵
1/18 pic.twitter.com/HXUC9MSncv
— Mongabay Brasil (@mongabay_brasil) September 20, 2022
Leia mais sobre questões ambientais no Brasil no site da Mongabay Brasil em português.
Assine a newsletter semanal da Mongabay (em inglês) para receber as últimas notícias ambientais diretamente na sua caixa de entrada.