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Ilhas no céu: as últimas florestas de Moçambique

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  • Pequenas montanhas chamadas “inselbergs” estão espalhadas pela paisagem central e do norte de Moçambique. Elas são coroadas por florestas tropicais, que abrigam espécies que evoluíram isoladamente por milênios.

  • As florestas de inselbergs são as últimas matas primárias no interior de Moçambique, mas estão ficando cada vez menores à medida que são queimadas por humanos para uso agrícola, caça e extração de madeira e carvão.

  • Um desses inselbergs é o Monte Nallume, que os pesquisadores pesquisaram durante uma expedição em novembro. Enquanto estiveram no local, encontraram camaleões que suspeitam ser de uma nova espécie.

  • No entanto, a floresta de Nallume está desaparecendo rapidamente; os pesquisadores estimam que poderá se extinguir no período de 5 a 15 anos se o desmatamento continuar em sua taxa atual. Eles pressionam para que o governo de Moçambique faça mais para proteger essas “ilhas no céu” antes que elas e os animais que nelas habitam desapareçam para sempre.

Este camaleão pode ser uma espécie nova para a ciência. Foto: Julian Bayliss.

NACOPA, Moçambique — Já é noite no Monte Nallume, no centro de Moçambique, e o zunido frenético dos grilos preenche o ar denso da floresta. Por volta da meia-noite, outra voz se junta à cacofonia.

“Encontrei um!”, grita Julian Bayliss aos colegas Vanessa Muianga e Phil Platts. Muianga é curadora e especialista em água doce no Museu de História Natural de Maputo, enquanto Platts e Bayliss são cientistas conservacionistas – Platts na Universidade de York e no Grupo de Especialistas em Mudanças Climáticas da IUCN e Bayliss no African Butterfly Research Institute (Abri), no Transglobe Expedition Trust e na Oxford Brookes University. Segundo Bayliss, eles são os primeiros biólogos a pisar no Monte Nallume.

Eles emergem da vegetação rasteira segurando um pequeno camaleão verde com apenas alguns centímetros de comprimento. Esse camaleão-pigmeu (do gênero Rhampholeon) possui um significado especial para os pesquisadores: eles suspeitam que possa ser uma espécie nova para a ciência, que não habita nenhum outro lugar do mundo a não ser esta pequena floresta. E em breve, diz Bayliss, pode não habitar lugar algum.

A floresta de Nallume, lar do camaleão e de outros animais silvestres — incluindo mais espécies que Bayliss suspeita serem novas para a ciência — está desaparecendo rapidamente à medida que os moradores de comunidades próximas cortam suas árvores para madeira e as queimam para alimento. Bayliss estima que, em seu ritmo atual de desmatamento, ela desaparecerá em 5 a 15 anos.

Mas essa não é a única. Espalhadas por toda a metade norte do país, a maioria das florestas montanhosas de Moçambique está desaparecendo rapidamente enquanto fazendeiros, caçadores e madeireiros cortam suas árvores em busca de comida e dinheiro.

É por isso que Bayliss, Muianga e Platts estão aqui. Eles estão examinando a vida selvagem do Monte Nallume antes que seja tarde demais e a floresta e seus animais tenham desaparecido para sempre.

Os pesquisadores também suspeitam que descobriram uma nova espécie de borboleta. Foto: David Njagi/Mongabay.

Ilhas no céu

As florestas de Nallume abrigam árvores nativas que se elevam 30 metros acima do solo, uma altura que Platts confirma usando medições de um telêmetro tiradas em diferentes pontos da selva.

Usando uma câmera hemisférica equipada com uma lente olho-de-peixe que tira imagens de 190 graus do dossel de muitos pontos da floresta, também é possível deduzir que essa floresta possui muito mais umidade do que outras da região.

“A partir dessas medições, podemos calcular a quantidade de área foliar nas florestas que se relaciona com o potencial das florestas de sequestrar carbono através da fotossíntese”, diz Platts, acrescentando que a equipe estimará a quantidade de carbono retida pelas árvores de Nallume quando voltarem em 2020. Essa expedição faz parte de um programa de pesquisa de 15 anos das montanhas de alta altitude do norte de Moçambique e do desejo dos pesquisadores de vê-las conservadas.

Além do camaleão-pigmeu descoberto durante essa viagem, muitos outros tipos de animais habitam essas florestas: calaus, galagos, coelhos, antílopes, caracóis, sapos, aranhas, porcos, abelhas, caranguejos, peixes, morcegos, macacos e leopardos podem ser vistos no local. Bayliss também suspeita da existência de outra espécie endêmica de borboleta.

Ao lado do acampamento, flui um pequeno riacho, alimentado por um pântano que se estende floresta adentro. À noite, gotas de água do dossel das árvores podem ser ouvidas caindo nas tendas e no chão da floresta. Ao redor da floresta, os pântanos formam um fosso protetor.

Quando Bayliss e Platts param em uma clareira para pilotar um drone e capturar imagens aéreas da floresta, andorinhas azuis o circundam, talvez imaginando quem seria o intruso barulhento. Platts calcula que as aves raras tenham migrado da Bacia do Congo e chegado à floresta porque a estação das chuvas está prestes a começar.

Erguendo-se das planícies, o Monte Nallume é coroado pela floresta. Foto: Phil Platts.

O Monte Nallume é o que os geólogos chamam de “inselberg”, que é basicamente uma pequena montanha rochosa. Compostos tipicamente de granito duro, os inselbergs de Moçambique se formaram à medida que a terra ao seu redor foi erodindo ao longo dos milênios, expondo cada vez mais os afloramentos de rochas mais duras.

Devido à sua altura, os inselbergs são capazes de reter a umidade que as planícies circundantes não conseguem, tornando-os locais ideais para o crescimento da floresta. Essas matas são oásis para animais e plantas que não seriam capazes de sobreviver nas planícies mais secas.

Os inselbergs estão espalhados pela paisagem central e norte de Moçambique, muitas vezes separados por 16 quilômetros ou mais. Suas florestas costumavam ser conectadas quando a região era mais fria, úmida e coberta de árvores. Mas 10 mil anos atrás a região secou, confinando no topo das montanhas suas selvas exuberantes e os animais que nelas viviam, onde evoluíram em isolamento desde então.

Os inselbergs e suas florestas únicas não se limitam a Moçambique, mas podem ser encontradas em todo o leste e sul da África. Os pesquisadores sabem há muito tempo o potencial do local para abrigar espécies não descobertas, sendo que novos camaleões, víboras e outros animais são encontrados regularmente durante pesquisas biológicas.

O próprio Bayliss tem cerca de 20 expedições a inselbergs no currículo, a última delas ao Monte Lico, situado a cerca de 130 quilômetros a sudoeste de Nallume. Nessa montanha, ele e sua equipe escalaram os penhascos íngremes da rocha até a floresta, onde afirmam ter encontrado várias espécies novas para a ciência, incluindo uma borboleta.

Eles passaram um total de duas semanas em 2018 pesquisando Lico e outro inselbergs nas proximidades. Para essa viagem a Nallume e esse outro local, eles tiveram menos de uma semana, mas planejam uma expedição mais longa e formal no final deste ano.

A cobertura florestal primária do norte de Moçambique em 2001 foi limitada a manchas ao longo de sua costa e no topo de seus inselbergs. Os dados indicam que essas florestas só diminuíram desde então. Fonte: Turubanova et al., 2018.
Dados de satélite mostram que o Monte Nallume perdeu uma parte significativa de sua cobertura de árvores desde 2001, com várias áreas de desmatamento recente e em andamento. Fonte: GLAD/UMD, acessado através do Global Forest Watch.
Essa área na parte sudoeste de Nallume (inserção A) perdeu cerca de 18% de sua cobertura florestal entre junho e novembro de 2019. Fonte: Planet Labs.
Há sinais de clareira muito recente nessa área do noroeste de Nallume (inserção B), com imagens de satélite mostrando as mudanças na floresta ocorrendo pouco antes da publicação desta reportagem. Fonte: Planet Labs.

Das florestas às fazendas

As florestas tropicais de inselberg de Moçambique estão cada vez mais ameaçadas pelo desmatamento, com dados e imagens de satélite mostrando que quase todas perderam a cobertura florestal nas últimas duas décadas. O Monte Nallume foi um dos mais afetados: registros do início do ano revelam que perdeu mais de 30% de sua cobertura florestal nos últimos 10 anos. Nos próximos 15 anos, Bayliss calcula que a floresta poderá ter desaparecido – possivelmente até em menos de uma década se as taxas de desmatamento permanecerem tão altas.

“À medida que a população aumenta, a pressão sobre as florestas também aumenta. As florestas ficam menores e há maior desmatamento. Portanto, proporcionalmente ao longo do tempo, mais florestas serão esgotadas se isso continuar na mesma taxa que estamos vendo”, diz Bayliss.

Segundo Bayliss, a maior ameaça ao Monte Nallume é a agricultura. Ele diz que o solo de planície sobrecarregado pela agricultura está perdendo sua fertilidade, levando os agricultores cada vez mais a subir a montanha em busca de terras aráveis.

“No entanto, essa é uma visão muito limitada, porque esse solo também perderá seus nutrientes após alguns anos e, portanto, o próximo lote de floresta será desmatado… e assim por diante”, disse Bayliss.

Novas áreas de cultivo abertas na floresta logo ficam aparentes, com uma clareira do tamanho de meio campo de futebol feita recentemente a apenas 50 metros de onde a equipe acampou no topo do Monte Nallume. As árvores derrubadas ficam cobertas de fuligem pela queimada feita na sequência. Mudas de tomate e mandioca brotam do solo cultivado.

Em certo momento, quando Bayliss se aproxima da clareira, encontra um homem armado diante de uma cabana improvisada. Supondo que é um morador local que não consegue se comunicar em inglês, Bayliss volta ao acampamento para buscar outros membros da equipe, incluindo outro morador da área e um tradutor que fala inglês e português.

Mas quando chegam à clareira, o homem já não está mais no local. Em vez disso, encontram outra coisa que talvez seja a razão pela qual o homem partiu: plantas de Cannabis na altura do joelho crescendo em torno da cabana.

“Cultivar e usar maconha é ilegal em Moçambique”, diz Muianga. “E o mesmo ocorre com o corte de árvores”.

Na sequência, Muianga conversa com os moradores da vila de Nacopa sobre a questão do desmatamento. Segundo eles, rios locais como o Namaita, que são alimentados por fontes de água nas florestas do Monte Nallume, começaram a secar. Dizem que, por isso, não têm água suficiente para cultivar milho, sorgo, painço, mandioca e feijão-de-corda. Eles argumentam que a única maneira de continuar produzindo alimentos para suas famílias é cultivar na montanha.

Mas, à medida que as terras cultivadas avançam montanha acima e desmatam cada vez mais florestas, os pesquisadores alertam que os agricultores podem estar piorando a situação da qual estão tentando escapar.

“As florestas agem como uma esponja para absorver e preservar a água”, diz Bayliss. “Quando as árvores são cortadas, a água desaparece”.

Uma clareira recém aberta. Foto: David Njagi para Mongabay.
As plantas de Cannabis crescem onde antes havia uma floresta. Foto: David Njagi/Mongabay.

Extração de madeira e incêndio

A agricultura não é a única pressão humana que afeta as florestas de Nallume e outros inselbergs na região. A extração de madeira para materiais de construção e carvão também contribui com uma parcela.

Em vários pontos ao longo do trecho de 300 quilômetros da cidade de Nampula até o pé do Monte Nallume, cargas de carvão embalado em sacos de 90 kg alinham-se na estrada para serem comprados pelos motoristas que passam. Os moradores locais pedalam com esforço em bicicletas precárias carregadas com pilhas de estacas de madeira recém cortadas enquanto se dirigem ao centro comercial mais próximo. Caminhões carregados com madeira são parados nos postos de controle, aguardando a autorização das autoridades da rodovia.

Alguns desses caminhões, diz Bayliss, estão indo para os portos de Quelimane e Beira, onde a madeira será descarregada e enviada para mercados na Ásia.

“No caminho para esses portos, ao aproximar-se dessas cidades e vilas, você passará por muitos armazéns madeireiros, todos cheios de madeira extraída principalmente das áreas florestais do norte e centro de Moçambique”, diz Bayliss. “Mas é apenas uma questão de tempo até que os madeireiros comerciais cheguem a lugares onde há mais madeira”.

Segundo Bayliss, essa madeira está sendo extraída de forma insustentável das florestas de Moçambique. Ele também suspeita que suborno e corrupção possam estar envolvidos.

“Há muito dinheiro sendo ganho. Essas remessas não estão sendo verificadas. Moçambique está perdendo suas florestas muito rapidamente através da exploração madeireira comercial e exportações ilegais”, comenta, acrescentando que cerca de 48% da floresta do norte de Moçambique já foi perdida.

Solo e madeira não são os únicos bens pelos quais as florestas de Nallume estão sendo exploradas. De acordo com Raimundo Machava, 51 anos, da vila de Nacopa, elas também são ricas em plantas medicinais que os habitantes locais usam para tratamentos, porque não têm acesso ou dinheiro para pagar pela medicina ocidental. Machava diz que os moradores também dependem das florestas para se alimentar e que muitas vezes iniciam incêndios para direcionar animais como coelhos para armadilhas que colocam na floresta.

Estacas de madeira recém coletadas a caminho do mercado. Foto: David Njagi/Mongabay.
Imagem de drone de uma queimada recente na margem da floresta de Nallume. Foto: Julian Bayliss.

Por meio de sua pesquisa sobre a influência das mudanças climáticas e da pressão humana sobre os ecossistemas da África oriental e central, Phil Platts descobriu que as comunidades também podem estar inconscientemente iniciando incêndios em Nallume. Ele diz que quando as planícies são queimadas para agricultura e carvão, às vezes brasas quentes são carregadas pelo vento até a montanha, onde podem inflamar a vegetação.

Platts diz que os incêndios às vezes também são iniciados naturalmente; por um raio, por exemplo. Ele explica ainda que esses tipos de incêndios geralmente param na margem das florestas, mas as estações secas prolongadas podem intensificá-los e torná-los mais destrutivos do que normalmente seriam.

Platts alerta que, sem intervenção, os incêndios em Nallume podem queimar e secar toda a floresta. E se suas florestas morrerem, a montanha não poderá mais alimentar o Rio Namaita e outras fontes de água das quais os ecossistemas vizinhos e as comunidades humanas dependem.

“É o que vimos em algumas áreas”, acrescenta Platt. “Qualquer distúrbio nessas florestas pode deixá-las muito vulneráveis ao colapso de sistemas mais secos. Então, não serão mais capazes de tirar a umidade do ar”.

Alberto Americo examina uma árvore recentemente cortada. Foto: David Njagi/Mongabay.
Outra clareira em Nallume. Foto: Julian Bayliss.

Urgência na proteção necessária

O chefe local Alberto Americo diz que as florestas isoladas nos inselbergs de Moçambique são frequentemente consideradas sagradas pelas comunidades que as cercam. Ele comenta que, na ocasiões em que as chuvas não aparecem, um grupo de idosos sobe as montanhas e entra nas florestas para realizar rituais tradicionais.

“Esses rituais são muito sagrados e nos mantêm protegidos por nossos deuses”, disse Americo. “Não podemos nem realizá-los na presença de estranhos. As florestas nos dão nossos meios de subsistência”.

E esse, Bayliss calcula, é o problema subjacente. Ele diz que o fato de as florestas terem apenas a proteção das autoridades distritais tradicionais com capacidade limitada de fiscalização, e não contarem com o apoio do governo de Moçambique, torna-as altamente vulneráveis à invasão humana e às mudanças climáticas.

“Basicamente, não há ninguém para parar [o desmatamento]”, diz Bayliss. “As autoridades ainda não tomaram nenhuma medida para impedir o corte dessas florestas de montanha. Não há patrulhas governamentais em nenhum dos locais de montanha em Moçambique”.

A Mongabay procurou o governo de Moçambique em busca de comentários, mas não recebeu resposta.

Machava diz que o Monte Nallume é reivindicado por três distritos tradicionais — Ribaue, Micuburre e Murrupula —, podendo haver conflitos, já que os moradores de cada um disputam por recursos. Bayliss diz que esse conflito pode diminuir a eficácia da proteção das autoridades distritais.

“Isso pode ficar um pouco mais complicado, porque pode haver forças locais concorrentes envolvidas na extração das florestas”, diz Bayliss. “Isso pode tornar mais difícil tentar desacelerar ou parar o desmatamento”.

Teresa Joàe, conhecida localmente como “A Rainha”, é a principal líder local, supervisionando e governando os chefes locais. Ela fica chocada ao ver imagens de drones do desmatamento de Nallume capturadas por Bayliss e sua equipe. Diz que ela e outros habitantes locais escalaram a montanha há 12 anos e a encontraram cheia de árvores.

“Existe uma maneira de você ajudar a impedir essa invasão?”, Joàe pergunta enquanto olha de novo para as imagens no notebook de Bayliss. O pesquisador explica que a única maneira de cessar o desmatamento é colocando o Monte Nallume sob proteção total do governo. “Essas florestas estão ameaçadas e devem ser oficializadas para receber proteção do governo de Moçambique”, ele explica.

Teresa Joàe (centro) com Phil Platts, Julian Bayliss, Vanessa Muianga e um professor local. Foto: David Njagi/Mongabay.

Ele também recomenda reduzir a dependência local das florestas, introduzindo recursos e meios de subsistência alternativos para as comunidades locais. Isso, ele diz, poderia ser alcançado por meio de parcerias com organizações que podem ensinar as comunidades locais a usar a terra com mais eficiência e aumentar o rendimento dos cultivos por meio da “agricultura de conservação”.

“Precisamos colocar a comunidade do nosso lado em vez de talvez mudar suas práticas agrícolas, suas práticas de cultivo, tentando considerar a floresta como um recurso sustentável que pode estar aqui para as gerações futuras, para os filhos de seus filhos”, afirma Bayliss.

Quando se trata de madeira para fins de construção, Bayliss diz que o estabelecimento de plantações de madeira onde espécies de rápido crescimento como o eucalipto podem ser cultivadas ajudaria a reduzir a pressão nas florestas de Nallume. Ele diz que a criação de coelhos, porcos, galinhas e cabras pode ajudar a reduzir a dependência local da carne de animais selvagens.

Como o mundo está repleto de exemplos de introduções bem-intencionadas de espécies não nativas que deram errado, Bayliss adverte que quaisquer plantações de eucalipto e fazendas de gado precisariam estar localizadas perto das comunidades e longe das florestas vulneráveis de Nallume.

“Isso precisa ser gerenciado com cuidado”, acrescenta. “Acho que estamos lidando com uma situação de crise aqui, então é o menor dos dois males, por assim dizer”.

Os seres humanos vivem na sombra de Nallume há milhares de anos. No entanto, Bayliss diz que, até pouco tempo atrás, a população era baixa o suficiente e a floresta grande o suficiente para resistir a invasões ocasionais.

“Mas agora temos uma nova era, temos um novo mundo surgindo, as pessoas estão vivendo mais, as populações estão aumentando e a floresta está diminuindo”, explica. “É preciso haver alguma discussão e conscientização nas comunidades locais de que, para florestas como essas, o nível de destruição é muito alto e insustentável. E se continuar assim, essa floresta desaparecerá dentro de 10 anos”.

Mas ele ressalta que o primeiro e mais importante passo para salvar Nallume e outras florestas de inselberg é a proteção do governo: “Obviamente, o governo de Moçambique também precisa tomar medidas e oficializar as florestas como áreas protegidas da forma que for mais adequada para impedir a extração e o desmatamento nessas áreas”.

A equipe de pesquisa desce o Monte Nallume, ladeado por vegetação queimada. Foto: Phil Platts.

Quando Julian Bayliss não está escalando inselbergs, ele pode ser encontrado trabalhando para estabelecer uma unidade de crimes contra a vida selvagem para ajudar o governo etíope a combater o comércio ilegal de animais silvestres. Leia mais sobre seu trabalho em seu site www.julianbayliss.co.uk

Morgan Erickson-Davis contribuiu para o relato desta história.

Imagem do banner: Foto de David Njagi.

Nota do editor: Esta história foi desenvolvida por Places to Watch, uma iniciativa da Global Forest Watch (GFW) projetada para identificar rapidamente a perda de florestas em todo o mundo e catalisar novas investigações sobre essas áreas. O Places to Watch utiliza uma combinação de dados de satélite em tempo quase real, algoritmos automatizados e inteligência de campo para identificar novas áreas todo mês. Em parceria com a Mongabay, a GFW está apoiando o jornalismo orientado por dados, fornecendo informações e mapas gerados pelo Places to Watch. A Mongabay mantém total independência editorial em relação às matérias relatadas usando esses dados.

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