O Brasil tem visto um grande aumento da violência nos últimos anos, com 63.880 homicídios em 2017, uma tendência que inclui áreas urbanas e rurais, e partes da Amazônia onde a apropriação de terras e outros crimes ambientais são comuns.
A eleição presidencial brasileira altamente polarizada entre o candidato progressista Fernando Haddad e o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro parece ter aumentado as ameaças e os atos de violência em todo o país. No período após as eleições do primeiro turno em 7 de outubro, três ativistas em defesa da terra foram assassinados na Amazônia.
Críticos acusam Bolsonaro de perpetrar “fake news” (notícias falsas) e de incitar violência, especialmente contra minorias, incluindo comunidades LGBT urbanas, grupos indígenas rurais, quilombos (descendentes de escravos fugidos que vivem em comunidades rurais remotas) e o movimento camponês sem-terra (MST).
A eleição presidencial está agendada para domingo, dia 28 de outubro, e as pesquisas mostram Bolsonaro com uma vantagem significativa sobre Haddad, com Bolsonaro esperado para ser o próximo presidente do Brasil, salvo surpresas. Se Bolsonaro vai persistir com promessas revolucionárias feitas durante a sua candidatura, ninguém sabe.
Enquanto o Brasil vive a última semana febril antes da eleição presidencial do segundo turno deste domingo, há relatos indicando um aumento alarmante de ameaças e ataques violentos desde o início da campanha – ocorrendo em áreas urbanas e rurais.
O Brasil não enfrenta uma eleição tão polarizada desde a mudança de uma ditadura militar para a democracia em 1985. Um candidato progressista do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, enfrenta o político de extrema direita, Jair Bolsonaro, que se valeu de um preconceito social e racista extremo que, quando inflamado, pode estar levando a um conflito mais intenso.
A violência já estava aumentando no Brasil antes das eleições. Houve um número recorde de homicídios – 63.880 – no país em 2017. Isso equivale a 30,8 homicídios por 100.000 pessoas, uma das taxas mais altas do mundo.
Embora a maioria das mortes ocorra nas cidades, em grande parte devido à guerra de facções, tem havido um aumento constante da violência rural, particularmente em áreas da Amazônia que estão sendo penetradas pela fronteira econômica – regiões propensas a roubo de terras, extração ilegal de madeira, mineração e criação ilícita de gado.
Três recentes assassinatos na Amazônia ocorreram logo após a eleição do primeiro turno deste ano, em 7 de outubro, e podem ter sido cometidos por perpetradores encorajados por uma expectativa de menos ou nenhuma punição sob um novo governo de extrema direita.
Em apenas três dias do mês de outubro três assassinatos, todos supostamente resultantes de conflitos de terra, ocorreram em áreas rurais no norte do país. Em 11 de outubro AAluisio Sampaio, conhecido como, um conhecido sindicalista rural e líder do movimento dos sem-terra, foi assassinado em Castelo dos Sonhos, no estado do Pará. Um dia antes, um líder indígena, Erivelton Tenharin, foi morto a tiros em Colniza, no estado do Mato Grosso, como resultado do que a associação indígena local acredita ter sido uma conspiração organizada por madeireiros. E no dia 12 de outubro outro líder indígena, Davi Mulato Gavião, que fazia campanha contra a extração ilegal de madeira em território indígena, foi assassinado no estado do Maranhão.
Rumores da violência eleitoral
Casos de violência aparentemente eleitoral ocorreram em todo o Brasil:
Na cidade de São Paulo, uma cozinheira chamada Luisa Alencar estampou os dizeres “EleNão” na parede. “EleNão” é o grito de guerra do movimento de mulheres contrárias ao Bolsonaro. Ela diz que dois policiais militares passaram pelo local. Um a empurrou contra a parede, gritando obscenidades em seu ouvido, acrescentando: “EleSim”. Luisa diz que ela foi presa, levada para a delegacia de polícia local, despida e trancada em uma cela. Ela afirma que só foi libertada depois que disse: “EleSim”, sob coação. Mais tarde, Luisa comentou: “Tive a sensação de que estava vivendo sob uma ditadura”. A polícia respondeu dizendo que Luisa foi presa por porte de maconha e não foi maltratada.
Na cidade de Salvador, a 1.900 km ao norte de São Paulo, dois dias antes, Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa de Katendê – um professor de capoeira, compositor de música popular e um defensor do candidato Haddad – estava falando sobre os resultados das eleições com seu irmão. Um estranho interrompeu a conversa deles. Um argumento se seguiu. O homem, mais tarde, ficou à espera na rua, em seguida, esfaqueou Moa de Katendê 12 vezes, matando-o.
Em 20 de outubro, no estado de Rondônia, na Amazônia, a 4.000 km a oeste de Salvador, Em 20 de outubro, no estado de Rondônia, na Amazônia, a 4.000 km a oeste de Salvador em três veículos pertencentes à agência ambiental do governo federal, o IBAMA. E no Trairão, uma cidade no estado do Pará, no leste da Amazônia, homens incendiaram outro veículo, este pertencente a outro grande órgão ambiental do Brasil, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade). Tiros foram ouvidos, mas ninguém ficou ferido. Muitos residentes do Triarão supostamente sobrevivem da extração ilegal de madeira, por isso as agências ambientais são desacreditadas.
Segundo funcionários do IBAMA e do ICMBio, a retórica incisiva de Bolsonaro aumentou a animosidade em relação às agências e incentivou os críticos a fazer ameaças. Desde as eleições de 7 de outubro, o clima hostil no estado do Pará piorou tanto que, em um movimento surpresa, a Polícia Militar (PM) anunciou no dia 22 de outubro que estava suspendendo temporariamente todas as operações realizadas em cooperação com o ICMBio para controlar o desmatamento ilegal no distrito do Trairão. De acordo com a PM, o nível de intimidação após a queima do veículo e a subsequente destruição de uma ponte que leva à Floresta Nacional de Itaituba tornou-se tão intenso que a polícia temia pela segurança de seus policiais.
Embora a PM tenha dito que após a eleição eles realizarão uma reunião entre os funcionários do ICMBio e os moradores locais para ver se podem resolver as tensões, pode não ser fácil restaurar a lei e a ordem. Bolsonaro disse que vai “pôr fim à indústria de multas”, implicando que as agências reguladoras lucram com as penalidades financeiras impostas por crimes ambientais, embora poucos proprietários de terra, de fato, alguma vez as paguem. Bolsonaro também disse: “Vamos acabar com todos os ativismos no Brasil. Vamos tirar o estado do pescoço dos agricultores”.
Um contribuinte da Mongabay também testemunhou intimidação relacionada à eleição na Amazônia. Em 20 de outubro, ele assistiu a uma manifestação LGBT em Belém, a capital do estado do Pará, na qual muitos gritavam “EleNão”. Homens furiosos, ameaçando a violência, interromperam o evento e obrigaram os participantes a guardar a bandeira estampada do arco-íris, símbolo do movimento LGBT. Bolsonaro fez repetidas observações incendiárias contra a comunidade gay.
Em 22 de outubro, o mesmo contribuinte da Mongabay foi contatado em Belém por um pai que alegou que seu filho, vestindo uma camiseta pró Haddad, foi abordado por policiais que ameaçaram o filho e dois amigos, dizendo que a única razão pela qual os policiais não cortavam os jovens em pedacinhos e colocavam no porta-malas de seu carro era por causa “desses direitos humanos de merda”. A polícia advertiu que, com a eleição de Bolsonaro, tudo isso mudaria.
Aumento da violência eleitoral, ou não?
Além dos relatos da mídia, há outras indicações de que a tensão causada pela eleição levou a um pico de violência. Um estudo da prestigiada Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o número de ataques violentos registrados no Twitter mais que dobrou no período de 7 a 13 de outubro, em comparação aos 30 dias anteriores à eleição.
No entanto, Marcos César Alvarez, sociólogo do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, pede cautela na análise dos fatos, porque acredita que a atual inundação das mídias sociais com “fake news” pode estar estimulando as pessoas a relatar agressões que antes teriam ignorado. “O número de casos pode estar aumentando como um resultado da disputa sobre as narrativas”, comentou. “Cientificamente, não podemos ter certeza de que realmente há uma onda de violência [crescente]”.
Embora os militantes da candidatura de Haddad também tenham cometido atos de violência, as pesquisas constataram repetidamente que a maioria dos atos agressivos está sendo cometida por partidários de Bolsonaro. Uma pesquisa realizada em conjunto pela Agência Pública e pela Open Knowledge Brasil, uma rede de compartilhamento de informações sem fins lucrativos, descobriu que, durante os primeiros dez dias de outubro, apoiadores de Bolsonaro realizaram pelo menos 50 ataques. No entanto, deve-se ressaltar que o candidato Bolsonaro, que quase foi esfaqueado até a morte durante um evento de campanha, também foi vítima da escalada da violência.
Notícias falsas em ascensão
O que é certo no Brasil é que tem havido um aumento maciço das “fake news” durante as eleições, principalmente via WhatsApp, usado por 44% da população para obter suas informações políticas. E muitas dessas notícias falsas têm sido inflamatórias, uma nova realidade para o Brasil que poderia, no futuro, desencadear uma escalada na violência em lugares como a Amazônia, onde casos de conflito tiveram uma melhora considerável.
O volume de “fake news” foi colossal: nas sete semanas anteriores à primeira rodada das eleições, no início de outubro, a Agência Lupa, uma agência brasileira líder em verificação de fatos, em um projeto conjunto com duas universidades brasileiras, coletou e analisou publicações em 347 grupos de bate-papo do WhatsApp. Este foi, eles disseram, “apenas um pequeno exemplo das centenas estimadas de milhares de grupos [de mídias sociais] que milhões de brasileiros usam todos os dias para coletar informações”. Explicaram que, no entanto, era particularmente difícil monitorar o WhatsApp porque suas conversas são criptografadas.
De 100.000 imagens políticas, eles selecionaram as 50 mais compartilhadas. Dessas, 28 eram “fake news”, manipuladas ou usadas fora do contexto para transmitir uma mensagem enganosa. Outras não tinham embasamento efetivo. Apenas quatro foram consideradas verdadeiras. A grande maioria das imagens enganosas foi divulgada pelos partidários de Bolsonaro.
Essa proliferação de “fake news” parece não ser aleatória. Parece estar aprimorada para apelar aos preconceitos sociais profundamente arraigados que se supõe serem comuns a potenciais apoiadores de Bolsonaro, uma tática semelhante à usada durante a eleição dos EUA de Donald Trump.
As “fake news” no Brasil contra Haddad retratam o candidato como pertencente à elite rica, e circula um vídeo dele em uma Ferrari, alegando que ele é o dono, embora não seja. As “fake news” também implicam que, se eleito, Haddad promoverá a homossexualidade, alegando que nomeará o homem gay mais conhecido do Brasil como ministro da educação, mesmo que não tenha planos de fazer isso. Os defensores do PT também tiveram que distribuir uma contestação na mídia social sobre a alegação, feita por partidários de Bolsonaro de que, quando era prefeito de São Paulo, Haddad distribuiu mamadeiras em forma de pênis para promover a “promiscuidade e gayismo”. Os fãs de Bolsonaro também alegaram sem nenhuma base que Haddad é a favor do incesto.
Como o próprio Bolsonaro tem pouca experiência em mídia social, alguns analistas sugerem que fontes externas estão ajudando a organizar a campanha de desinformação. Apesar de nenhum jornalista ter conseguido se infiltrar na equipe de Bolsonaro – e a própria mídia deve ter o cuidado de não divulgar “fake news” – alguns eleitores afirmam que a campanha está sendo planejada por pessoas influentes na formação do esforço de mídia social de Trump. Rafael Azzi, doutor em linguística e filosofia, expressa essa visão: “As técnicas usadas por Bolsonaro seguem à risca as táticas criadas por [Steve] Bannon para Trump – que estão sendo seguidas por movimentos de extrema direita em todo o mundo”.
Em agosto, o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, que é um assessor próximo de seu pai, gabou-se no Instagram de conhecer Steve Bannon, que ajudou a projetar a vitória de Trump e trabalhou anteriormente na Cambridge Analytica, uma consultoria conhecida por suas táticas de interferência e propaganda eleitoral. Mais tarde, Eduardo disse que Bannon se ofereceu para ajudar na campanha de seu pai: “O suporte envolve dicas de internet, talvez uma análise, interpretação de dados, esse tipo de coisa”. Em várias ocasiões, o filho mais velho de Bolsonaro expressou sua admiração por Donald Trump. “Ele é um exemplo para mim”, comentou.
Uma campanha de ódio contra minorias rurais
A atual onda brasileira de “fake news” parece fomentar especialmente o ódio contra populações com histórico por serem alvos de intolerância, incluindo comunidades LGBT, povos indígenas e quilombolas (mais de 3.000 comunidades rurais, em sua maioria descendentes de escravos fugitivos).
Alguns dizem que Bolsonaro ajudou a provocar uma mudança em direção à violência crescente por meio de suas palavras e atos. Ele diariamente posa para fotos fingindo disparar uma arma. Ele também disse que usaria as forças armadas para patrulhar as ruas como rotina, descrevendo a nação como “em guerra”.
Bolsonaro não esconde sua visão de que as comunidades indígenas já têm muita terra, especialmente na Amazônia, onde resistiram às invasões de seus territórios por grileiros e empresários do agronegócio: “Sempre que posso, reduzo em tamanho uma reserva indígena. Será uma grande luta com a ONU [Organização das Nações Unidas]… Eles [os indígenas] estão na ofensiva, praticamente buscando inviabilizar o agronegócio”, disse Bolsonaro, acrescentando que “interessa a outros países que nos tornemos inviáveis… Se não tomarmos uma ação vigorosa, grandes áreas se tornarão outros países no Brasil”. Ao adotar essa visão, Bolsonaro está ecoando a linguagem jingoísta da segurança nacional, empregada pelos governos militares que governaram o Brasil de 1964 a 1985.
Bolsonaro está ciente de que tais políticas serão contestadas com vigor pelas ONGs do país, muitas das quais trabalham em questões ambientais. Ele está preparado para aceitá-las: “Se eu for eleito, não haverá dinheiro para as ONGs. Essas pessoas inúteis vão ter que trabalhar. Todo cidadão terá que ter uma arma em casa. Não vai haver mais um centímetro de terra dada às reservas indígenas ou quilombolas”.
Bolsonaro mostrou um veneno particular para os quilombolas, comunidades que são vítimas frequentes do roubo de terras no Brasil. A maioria dos quilombolas provou ser um guardião efetivo das florestas brasileiras, mas Bolsonaro atacou seus moradores por repetidas vezes, dizendo que “eles não fazem nada e nem são bons para a procriação” porque são muito gordos. Ele se enfureceu: “Os mais leves pesam sete arrobas”, uma medida usada para pesar o gado.
Bolsonaro também costuma usar linguagem abusiva quando fala do movimento campesino sem-terra do Brasil, o MST (Movimento dos Sem-terra), e até encorajou os proprietários de terra a usar armas para impedir as ocupações de terras do MST. “Se depender de mim, os agricultores receberão o MST descarregando o cartucho de uma 762”, disse, referindo-se a uma arma que usa munição de 7,62 mm. E, só para ficar claro, ele acrescentou: “Se você perguntar se isso significa que eu quero matar esses vagabundos, sim eu quero”.
O discurso mais conflituoso de Bolsonaro até o momento foi no domingo, dia 21 de outubro, quando prometeu em um vídeo limpar o país de seus adversários de esquerda. “Ou eles vão para o exterior ou vão para a cadeia”, ameaçou. “Esses bandidos vermelhos serão banidos de nossa terra natal. Será uma limpeza que nunca foi vista na história do Brasil”.
Muitos partidários do PT temem que Bolsonaro esteja chegando perto de prometer um retorno às táticas repressivas praticadas pela ditadura militar que governou o Brasil há pouco mais de 30 anos. Marcelo Zero, um assessor do PT, diz que o Brasil está prestes a votar no poder de “uma versão patética e medíocre de Hitler”, que está “pedindo que o Congresso seja fechado”. A última vez que o Congresso foi fechado foi em 1968, durante o regime militar”.
“O discurso do candidato à presidência legitima e incentiva posturas agressivas”, diz Michael Mohallem, professor de direitos humanos e coordenador do Centro de Justiça e Sociedade da FGV.
Esse ponto é ecoado por Thiago Krause, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro: “As eleições sempre foram polarizadas”, expressou. “Mas agora você tem um candidato que diz que as minorias devem se curvar à maioria e que ele vai matar seus oponentes. O respeito pela liberdade e segurança física dos outros está sendo corroído”.
Com tanta atenção da mídia focada nas áreas urbanas do país, é difícil saber completamente o que está acontecendo na remota Amazônia. Mas muitos temem que suas florestas se tornem vulneráveis à grilagem de terras maciça, principalmente após a promessa de Bolsonaro de <a href="https://news-mongabay-com.mongabay.com/2018/10/amazon-and-climate-science-threatened-if-bolsonaro-elected-brazils-president-commentary/"fundir as principais agências ambientais do país com o Ministério da Agricultura, que demonstra pouca simpatia pelos direitos indígenas ou tradicionais da terra.
Vozes de moderação
As políticas prometidas de Bolsonaro chocaram Edson Duarte, atual ministro do Meio Ambiente, do Partido Verde, que tem lutado para atuar efetivamente sob o governo Temer, favorável ao agronegócio. Duarte disse recentemente que a única maneira de conter o desmatamento é ter regulamentações e implementá-las: “O desmatamento na Amazônia está ligado a sinais de comando e controle. Se em vez de atacar o crime, as autoridades atacarem as agências ambientais, isso é o mesmo que remover a polícia das ruas”.
Não são apenas os ambientalistas que se preocupam com alguns dos planos de Bolsonaro para o meio ambiente. Setores do agronegócio, incluindo empresas de commodities, como a Amaggi e a Cargill, e varejistas internacionais como o Carrefour, uniram forças com importantes ONGs para pedir a Bolsonaro que reconsidere sua proposta de que o Brasil deixe o Acordo de Paris sobre o clima e expresse sua oposição à fusão planejada dos ministérios do meio ambiente e da agricultura. Uma carta conjunta para ambos os candidatos apontou: “Propostas como o plano para fundir os ministérios poderiam perturbar o equilíbrio de forças que deve ser respeitado no âmbito das políticas públicas.”
Enquanto as pesquisas mostram que Bolsonaro tem uma maioria esmagadora do número de votos como resultado da votação de domingo, ninguém ainda sabe que tipo de presidente ele será, e se o dano que ele parece ter causado com sua retórica inflamatória se estenderá ao futuro de sua administração.
Mas muitos analistas políticos veteranos, que relembram a ditadura militar, estão com medo.
“A eleição de Bolsonaro não é necessariamente sinônimo de enterrar a democracia, mas é um território onde precisamos agir com cautela”, comenta Clóvis Rossi, um jornalista brasileiro altamente premiado que escreveu extensivamente nos anos de 1980 e 1990 sobre a transição da ditadura para a democracia na América do Sul. “Mesmo que ele não adote nenhuma medida que infrinja a ordem constitucional, [Bolsonaro] pode causar uma enorme confusão em nossas instituições”.