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Ameaçado, casal resiste à milícia de madeireiros na Amazônia

  • Casal de agricultores sofre graves ameaças por tentar romper dependência de projeto de assentamento no Pará com milícia de madeireiros, que faturam até R$ 4,5 milhões com exploração ilegal de madeira na reserva ambiental.

“Daqui eu só saio morta. E espero que não seja pelo disparo da arma de nenhum pistoleiro”. A frase que a agricultora Osvalinda Marcelino Pereira pronunciou diante do procurador da República Paulo de Tarso Oliveira condensa um histórico de violência, expropriações e mortes anunciadas no campo, tão comuns na Amazônia brasileira. Era a primeira vez que um procurador colocava os pés no assentamento Areia, localizado nas proximidades da BR-163, entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. A visita do procurador e de uma rede de apoiadores havia sido motivada pela mais recente ameaça feita ao casal Osvalinda e Daniel Pereira: em 20 de maio, ao sair para colher frutas, eles encontraram no quintal duas covas, cavadas a 100 metros de casa.

Osvalinda e Daniel vivem no Projeto de Assentamento Areia, criado pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) em 1998. A área é vizinha da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, que compõe um contínuo de 28 milhões de hectares de áreas protegidas na região conhecida como Terra do Meio, um dos maiores maciços florestais do planeta. Por dentro do Projeto de Assentamento Areia passa a principal rota de escoamento da madeira ilegalmente extraída da Resex. Segundo Juan Doblas, que coordena os trabalhos de geomonitoramento na Bacia do Xingu pelo Instituto Socioambiental (ISA), os dados levantados em 2017 indicam essa Resex como um dos mais preocupantes pontos de exploração madeireira da Amazônia.



Essa matéria foi produzida pela Mongabay e republicada em português pela Repórter Brasil. Leia o conteúdo completo em português.

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