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Novo estudo: Espécies de aves se desenvolvem em climas estáveis

  • Uma equipe de cientistas da Suécia e dos Estados Unidos descobriram que espécies de aves se desenvolvem melhor em climas estáveis.

  • A descoberta vai contra a hipótese de que a mudança climática produz a evolução das espécies.

  • Isso pode significar que essas espécies de aves estarão menos adaptadas aos aumentos na temperatura que faz parte da mudança climática atual.

  • Porém a estabilidade desses climas pode proteger também as espécies que vivem nesse local, uma vez que não se espera aumentar a temperatura tanto quanto nas áreas sazonais.

Os climas estáveis tendem a ter mais espécies de aves, de acordo com a nova pesquisa.

Existe uma noção muito conhecida que a mudança climática encoraja a proliferação de novas espécies de animais. Porém o ecologista Roland Jansson da Universidade de Umea na Suécia desconfia dessa estabilidade nos climas tropicais, quando comparado com outros lugares dos pólos, isso pode ajudar a explicar o motivo de que mais espécies de aves vivem perto do equador.

Jansson e seus colegas decidiram pesquisar sobre os climas locais nos últimos milhões de anos, e também estudaram outras variáveis, como por exemplo a topografia, afetaram as taxas de novas espécies de aves existentes. Eles estudaram as aves que habitam áreas de climas estáveis tanto no clima tropical da América do Sul quanto no clima temperado da América do Norte, e também pesquisaram as espécies com classificação “transtropical”. Ao fazê-lo, eles controlaram cada local da latitude – ou seja, onde estão localizados de acordo com os pólos Sul e Norte – para que então eles possam verificar de maneira correta o impacto da temperatura de cada local, se ela mudou ou não.

Eles compararam grupos de aves presentes nesses climas estáveis com seus parentes mais próximos – conhecidos como “grupos irmãos” – que vivem em lugares mais dinâmicos climaticamente. A situação é a seguinte: os climas que variam menos deram mais espaço para espécies de aves comparando com as áreas de variação sazonal. Jansson e seus colegas registram seus estudos na edição do mês de agosto do Jornal Ecology Letters

Os anfíbios, mamíferos e répteis apesar de não serem o tema deste estudo, poderiam demonstrar um padrão similar de uma maior especiação nesses locais estáveis, diz Jansson por e-mail para Mongabay, “ou até mesmo grandes relações, uma vez que as aves são mais dispersas e seriam menos afetadas pelas barreiras quando nos referimos à mudança climática.”

Com base nessa pesquisa, é difícil dizer se a sazonalidade realmente causa o desenvolvimento de novas espécies, ou se apenas está correlacionada; “Áreas com uma grande variação sazonal podem ser menos apropriada para a diversificação além da variação sazonal,” ele disse.

A crimson topaz (Topaza pella). Photo by AISSE GAERTNER (Own work)(CC BY-SA 4.0), via Wikimedia Commons

O clima estável poderia permitir que as aves se diversifiquem de uma maneira altamente especializada, essa explicação apoia a função do clima em trazer mais aves para locais com temperaturas estáveis, escreve o autor.

Pode ser muito cedo para dizer como as aves vão responder, assim como os outros animais, ao aumento atual das temperaturas globais. Não é a primeira vez que a Terra experimenta uma alteração no clima, disse Jansson, porém a tendência do aquecimento hoje será maior do que já foi experimentado pelas diversas espécies.

“A maior incerteza aqui é a tolerância das espécies às condições climáticas além do que já foi experimentado por elas dentro das áreas de distribuição geográficas presentes,” ele adiciona.

Um acauã (Herpetotheres cachinnans) na Costa Rica. Foto de Ken Erickson no Domínio Público

Isso poderia colocar espécies especialistas em risco caso elas não sejam capazes de se adaptar aos aumentos de temperaturas. Porém suas distribuições podem também oferecer uma proteção para aquelas mudanças, uma vez que os cientistas climáticos prevêem que as áreas mais estáveis não terão os mesmos picos de temperaturas que acontecerão nos locais sazonais.

“A boa notícia é que algumas espécies são mais tolerantes do que imaginamos,” Jansson diz. “A notícia ruim é que é difícil diferenciar as espécies intolerantes.”

CITAÇÕES

Rodríguez‐Castañeda, G., Hof, A. R., & Jansson, R. (2017). How bird clades diversify in response to climatic and geographic factors. Ecology Letters.

Banner da imagem do American harpy eagle (Harpia harpyja), foto tirada em Belize, por Rhett A. Butler / Mongabay.

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