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Publicações de mudanças climáticas estão direcionadas para países mais ricos, mais frios e menos vulneráveis

  • Conhecimento científico gerado sobre mudança climática está, geograficamente, desequilibrado e tendencioso, de acordo com estudo;

  • Pesquisadores descobriram que, países desenvolvidos e, bem como a índia e a China, produzem bastante conhecimento sobre mudanças climáticas, enquanto que países em desenvolvimento, localizados nas partes mais quentes do mundo, onde se é esperado efeitos maiores em mudanças climáticas, produzem muito pouco;

  • O estudo, também, descobriu que, as pesquisas de mudanças climáticas que possuem o foco em países em desenvolvimento, são dominadas por autores baseadas nos países desenvolvidos, e muitas vezes carecem de autores de base local.

Um projeto de pesquisa de mudanças climáticas nas Montanhas Azuis da Jamaica, envolvendo parceiros locais, a empresa Café Oubu e o coautor do estudo Bo Dalsgaard são um exemplo de colaborações de pesquisas recomendadas para além das fronteiras geográficas, climáticas e político-econômicas. Foto cedida pela Café Oubu.

Publicações de mudanças climáticas estão, geograficamente, desequilibradas, de acordo com um recente estudo publicado na Mudanças Ambientais Globais.

Pesquisadores da Dinamarca e Brasil analisaram mais de 15.000 publicações cientificas sobre mudanças climáticas, publicadas entre 1999 e 2010, e descobriram que, países desenvolvidos como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Austrália e Suécia, bem como dois países em desenvolvimento do BRIC, China e Índia, produzem a maior parte das publicações sobre mudanças climáticas.

Em contraste, muitos países em desenvolvimento, localizados nas partes mais quentes do mundo, onde se é esperado efeitos maiores das mudanças climáticas, produzem muito pouco conhecimento cientifico nesse tópico, segundo pesquisadores.

“Constatamos que, o viés caso país- publicação está direcionado para países mais ricos, mais frios e menos vulneráveis, que possuem altas emissões de carbono, instituições mais fortes e mais liberdade de imprensa”, afirmam os autores.

(A) Geographical distribution of publications concerning climate change in a specific country (see also Ref. Pasgaard and Strange, 2013). (B) Production of climate change publications based on first author affiliations.  Image from Pasgaard et al (2015)
(A) distribuição geográfica de publicações relativas às mudanças climáticas em um país específico (ver também Ref. Pasgaard e Strange, 2013). (B) Produção de publicações de mudanças climáticas com base em primeiras filiações dos autores. Imagem de Pasgaard et al (2015)

Essa produção desconectada e esse fluxo de conhecimento sobre mudanças climáticas entre regiões pobres e vulneráveis e regiões ricas “pode pôr em perigo a integração do conhecimento gerado localmente para fornecer conselhos contextualmente relevantes”, acrescentam.

O estudo, também, descobriu que, as pesquisas de mudanças climáticas que possuem o foco em países em desenvolvimento, são dominadas por autores baseadas nos países desenvolvidos, e muitas vezes carecem de autores de base local.

Por exemplo, as publicações de mudanças climáticas que possuem o foco em países como a República do Congo e Coréia do Norte não dispõem de nenhum autor ou coautor de base local, de acordo com pesquisadores. Em muitos países da África, menos de 20 por centos das publicações de mudanças climáticas possuem autores de base local. Por outro lado, mais de 80 por cento das publicações de mudanças climáticas com foco em países desenvolvidos, como Estados Unidos, possuem primeiro autores de base local, afirmam.

“Sem o conhecimento gerado localmente, é mais desafiador fornecer e integrar conselhos contextualmente relevantes, deixando uma crítica lacuna nos debates de política climática”, disse, em um anúncio, a Autora-líder Maya Pasgaard da Universidade de Copenhague. “Isso é particularmente preocupante, desde que estamos lidando com países susceptíveis a experimentar severas mudanças climáticas, e que são mais sensíveis aos seus efeitos prejudiciais”.

O aumento das colaborações é essencial para mitigar os impactos de mudanças climáticas em todo o mundo, de acordo com o estudo.

“Colaborações além das fronteiras não são apenas cientificamente relevantes, mas, também, gratificante a nível pessoal, desde que a troca de conhecimento cultural torna-se parte integrante da colaboração”, disse Maya Pasgaard em seu comunicado.

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