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Será possível ter roupa cuja matéria prima não esteja associada à desflorestação?

A H&M e a Zara comprometem-se a retirar os processos de desflorestação da sua produção de roupa



Floresta tropical do Borneú
Floresta tropical do Borneú


Duas das maiores companhias de fabrico de roupa, a H&M e a Zara/Inditex, comprometeram-se hoje a eliminar a destruição das florestas antigas dos seus produtos. Este compromisso apoia uma nova corrente de esforços para retirar os processos de desflorestação das cadeias de consumo de marcas globais. Até recentemente, a maioria dos esforços dos ambientalistas focou-se na pasta de papel, madeira e produtos agrícolas como a soja, óleo de palma e gado.



Ao passo que o impacto que a indústria de fabrico de vestuário tem nas florestas é pouco conhecido, a sua pegada ecológica está em expansão. De acordo com uma pesquisa pela Canopy, um grupo ambiental que promove acções para limpar as cadeias de fornecimento de serviços, a fibra produzida nas florestas tropicais e boreais acaba, de modo “routineiro” nos tecidos utilizados numa grande variedade de roupas.



O “Rayon viscose, modal e outros tecidos comercializados são cada vez mais produzidos a partir das florestas mais ameaçadas do planeta, desde as florestas tropicais na Indonésia, às grandes florestas Boreais no Norte”, afirmou a Canopy numa declaração. “As florestas mundiais raras estão a ser desbastadas, convertidas em polpa e tecidas em forro para casacos, vestidos, saias, t-shirts e tops. A indústria de polpa/viscose está pronta para uma expansão ambiciosa e constitui uma ameaça para os já de si débeis ecosistemas florestais do mundo.”



Um exemplo é a Toba Pulp Lestari, uma afiliada da Asia Pacific Resources International Holdings (siga em inglês APRIL), que tem vindo a fornecer madeira, de florestas tropicais ameaçadas da Indonésia, para uma fábrica de pasta de papel em Sumatra. A fibra tem sido utilizada em roupa vendida em todo o mundo. [## see note below ##]



Floresta tropical Indonésia
Floresta tropical Indonésia



A Canopy estima que cerca de 70 milhões de árvores são desbastadas anualmente para produção de firbas têxteis e estima que este número duplique em cerca de 20 anos. Este grupo argumenta que é vital que os líderes estabeleçam boas prácticas que salvaguardem as florestas ameaçadas da expansão projectada por estas indústrias.



“Estes líderes do sector de fabrico de roupas estão a mostrar que ter estilo não tem de trazer custos ao planeta,” disse numa declaração, Nicole Rycroft, Directora Executiva da Canopy. “A Canopy está entusiasmada por ver duas das maiores marcas de roupa, dois dos maiores líderes de tendências, a assumir responsabilidades e a assegurar que os seus tecidos não serão provenientes das florestas mundiais ameaçadas.”



O gestor de sustentabilidade ambiental da H&M, Henrik Lampa, adicionou ainda que a sua companhia entende o seu papel na protecção das florestas.



“Estamos completamente comprometidos a explorar as nossas cadeias de fornecimento de materiais e a fazer o máximo posível para evitar estes tecidos nos próximos três anos,” disse Lampa numa declaração. “Ao trabalhar com a Canopy, estamos ansiosos por dar o passo adicional de encorajar outros líderes a apoiar a protecção das florestas ameaçadas através das suas cadeias de fornecimento de matérias primas e a utilizar alternativas, como por exemplo roupa reciclada, para que as nossas acções tenham um impacto duradouro.”



Até à data cerca de duas dúzias de empresas e designers juntaram os seus esforços à iniciativa da Canopy “Moda amada pelas florestas” cujo objectivo é promover prácticas de cultivo de matérias primas para tecidos mais amigos das florestas.





ACTUALIZAÇÃO:

10 Abril 2014
A TPL contestou a nossa afirmação de que é uma subsidiária da APRIL. Depois de nova revisão, aceitámos em alterar a linguagem para “uma afiliada” dado que a Sukanto Tanoto da APRIL é um accionista maioritário na TPL através da Portcullis TrustNet Limited and Pinnacle.



A TPL também afirmou que “a polpa de eucalipto que vendemos aos nossos clientes provém de plantações.” No entanto há fortes evidências que sugerem que a TPL continua a fornecer fibra das florestas naturais do Norte da Sumatra. Não é claro se estas fibras são vendidas para o exterior ou não – a TPL não respondeu a um pedido de clarificação.



A TPL também tem sido liagada a conflitos sociais e a desbastação florestal, como foi recentemente documentado numa série de artigos publicados no site indonésio da Mongabay.



As imagens que se seguem foram tiradas pela Canopy num concessão da TPL, em Fevereiro de 2014. A madeira é claramente proveniente de floresta tropical, enquanto que outras imagens mostram a desbastação de floresta natural.











Iremos actualizar esta secção à medida que recebermos mais informações.





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