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Tribo da Floresta Amazônica vende créditos do REDD+ para gigante brasileira de cosméticos

Os Paiter-Suruí, uma tribo da floresta Amazônica, que em junho tornou-se o primeiro grupo indígena a gerar créditos do REDD+, através do Verified Carbon Standard (VCS), já fechou seu primeiro negócio. Conforme relatado pelo Ecosystem Marketplace, a Natura Cosméticos, uma mega fabricante de cosméticos brasileira, adquiriu 120.000 toneladas de créditos de carbono a partir do Projeto de Carbono Florestal Suruí, no estado de Rondônia, Brasil.



O acordo é importante porque representa um grande compromisso com a iniciativa de conservação florestal dos Suruí. Isto visa à preservação tanto da floresta quanto da cultura indígena, permitindo que a tribo desenvolva um modelo de economia sustentável baseado nas práticas tradicionais de usos da terra, ecoturismo, e colheita de produtos florestais não-madeireiros. Ao contrário de alguns outros projetos do REDD+, que sofreram com a falta de adesão das comunidades locais, devido a várias questões, a iniciativa Suruí é fortemente apoiada pela tribo, que concebeu a ideia em 2007.



“O REDD+ é uma ponte entre o mundo indígena e o não-indígena, por isso é a forma adequada de iniciar esse processo”, diz o cacique Almir Narayamoga Surui, que se esforçou para desenvolver o projeto e, desde então, se tornou o rosto internacional da tribo. “O projeto cria um meio através do qual o sistema capitalista é capaz de reconhecer o valor da floresta “em pé” e os povos indígenas podem ser recompensados por preservá-la.”




  Território indígena Suruí no Brasil. Os Suruí têm trabalhado em estreita colaboração com o Google Earth Outreach para desenvolver meios de mapear e monitorar seu território Território indígena Suruí no Brasil. Os Suruí têm trabalhado em estreita colaboração com o Google Earth Outreach para desenvolver meios de mapear e monitorar seu território.




O Projeto Suruí foi concebido para evitar a emissão de quase cinco milhões de toneladas de carbono que, de outra forma, seriam liberadas, se as tendências atuais de desmatamento continuassem. A exploração madeireira ilegal e a conversão da floresta para a agricultura em larga escala são os dois principais motores do desmatamento e da degradação florestal em torno do território Suruí.



A aquisição de créditos pela Natura é a primeira venda para a iniciativa Suruí. A aquisição da Natura está no âmbito do programa ambiental da fabricante de cosméticos que visa à redução de um terço das emissões de gases de efeito estufa, em relação aos níveis de 2006, até o final do ano. A Natura, a maior empresa de cosméticos da América Latina, tem o compromisso de compensar as emissões que não pode reduzir, através de medidas internas.



“Desde que a Natura se comprometeu a ser uma empresa Carbono Neutro, em 2007, as emissões são compensadas,” afirma a Diretora de Sustentabilidade, Denise Alves.



O dirigente Almir acrescentou que a neutralização do carbono deve ser vista como uma “obrigação” pelas empresas.



“Até agora, as empresas têm tratado a causa da preservação ambiental como algo que elas fazem apenas porque é bom, ou por filantropia,” disse Almir. “A Natura reconhece que a neutralização do carbono não é apenas um dever, é uma obrigação, e é isso o que nós fazemos. O REDD+ possibilita que as empresas cumpram essa obrigação, e torna-nos prestadores de serviços do ecossistema.”




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