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Poluição do ar de Cingapura atinge o pior nível já registrado, o governo culpa as plantações de óleo de palma e as indústrias madeireiras em Sumatra

O Índice de Poluição do Ar (Pollutant Standards Index, em inglês) de Cingapura atingiu o maior nível já registrado na Sexta-Feira causado pela densa névoa devida às queimadas de plantações, turfeiras e áreas florestais que continuavam enfurecidas na Sumatra.



O indicador de poluição do ar bateu um recorde de 400 às 11 horas, hora local na Sexta-Feira, segundo o site da National Environment Agency (Agência Nacional do Meio-Ambiente, em inglês). Devido ao nível ser considerado “alarmante”, as pessoas foram aconselhadas a “minimizar qualquer exposição ao ar livre” e a usar máscaras ao saírem à rua.



O primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, expressou “séria preocupação” numa carta ao presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono e pediu ação imediata para controlar o fogo, os quais a Indonésia diz que estão concentrados principalmente nas concessões detidas por empresas de papel e celulose e óleo de palma. Entre essas empresas, várias com laços com Cingapura, de acordo com várias fontes.



Na Sexta-Feira, Kuntoro Mangkusubroto, um alto-funcionário responsável pela reforma do setor florestal da Indonésia e pela implementação de um programa com o objetivo de reduzir o desmatamento, identificou as empresas Sinar Mas e APRIL, cujas concessões são responsáveis por um grande número dos focos de incêndio na província de Riau, ao sul de Cingapura. A Sinar Mas é proprietária da Asia Pulp & Paper, uma gigante florestal, e Golden Agri-Resources, uma companhia de óleo de palma, enquanto APRIL (Asia Pacific Resources International Holdings) é uma subsidiária do grupo Raja Garuda Mas, um conglomerado diversificado que possui plantações de óleo de palma e madeireiras. Os relatórios mostram que pelo menos um foco de incêndio foi registrado em uma concessão detida pela empresa First Resources de Cingapura.








A partir de dados da BAPPEDA há 814 focos de incêndio dentro dos limites das plantações de óleo de palma, e 385 de acordo com o mapa do Ministério das Florestas. Dados sobre as concessões de plantações de óleo de palma não estão prontamente disponíveis por nenhuma agência central do governo indonésio. Os conjuntos de dados utilizados para a análise são baseados em dados compilados em 2006-2008 por várias fontes e são parcialmente atualizados pelo Greenpeace em intervalos regulares. A origem final vem de agências governamentais centrais e regionais, incluindo a Agência Rural Nacional (BPN), a Agência da Agricultura (DISBUN, Agriculture Agency) e órgãos de planejamento regional (BAPPEDA).



Além disso, o Ministério das Florestas disponibilizou dados parciais sobre as concessões dentro das áreas de florestas (isso inclui a borracha, bem como plantações de óleo de palma). Dada a falta de transparência do setor, os dados utilizados para a análise devem ser entendidos como parcial, os melhores possíveis. Mapas e legendas são cortesias do Greenpeace. Clique nas imagens para aumentar.





Mas o que complica a luta é a falta de informação centralizada sobre as concessões na Sumatra. Algumas das áreas apresentando focos de incêndio estão sob licenças concedidas por governos locais, ao invés do Ministério das Florestas. Além disso, devido à natureza expansionista das empresas potencialmente envolvidas – incluindo uma rede de subsidiárias, afiliadas e fornecedores – não está claro se as empresas sabem se os incêndios estão occorrendo dentro de suas terras. Por exemplo, quando perguntado sobre incêndios supostamente dentro de suas áreas de concessão, a empresa Asia Pulp & Paper (APP) disse inicialmente que estava à espera de mais informações, mas observou que ela tem tido uma política desde 1996 de não realizar queimadas e uma política de não desmatamento desde fevereiro deste ano.



“Mapas dos focos de incêndio são um sinal útil de alerta inicial, mas para compreender a origem e a escala da atividade do fogo as nossas equipes precisam verificar isso pessoalmente. Estamos mais preocupados se o fogo está se alastrando e que impacto terá sobre o nosso investimento em recursos de plantação e conservação das florestas que protegemos”, APP disse a Mongabay.com via e-mail.



“Continuamos a monitorar e atacar qualquer fonte de fogo dentro e perto das concessões detidas por nossos fornecedores. Nossos fornecedores disponibilizam bombeiros em cada departamento florestal e oferecerem treinamento para a população local sobre como detectar incêndios e enfrentá-los. ”



O gigante do papel e celulose disse que uma investigação preliminar indica que apenas sete dos 74 focos do incêndio na área de seus fornecedores em Riau são realmente incêndios florestais.



“A investigação preliminar da nossa equipe descobriu que 5 dos fogos foram criados pela comunidade para abrir terra para cultivos e 2 casos ainda estão sob investigação”, disse a mongabay.com APP. Não ficou imediatamente esclarecido o que os outros 67 focos de incêndio eram, mas os dados dos satélites da NASA podem detectarr fontes de calor que vão desde uma pilha de lixo queimando até mato e incêndios florestais.



A APP acrescentou que “continua 100 por cento comprometido com sua política de desmatamento zero” e disse que os incêndios são um alerta para a região.



“Incêndios florestais deste ano estão entre os piores da história”. Precisamos nos concentrar em achar um solução,” said APP. “Esperamos que todos trabalhem juntos e que iniciem urgentemente uma abordagem intersectorial, com todas as partes interessadas para resolver esta questão, que inclua empresas, comunidades, ONGs e governo.”



No entanto evidências de incêndios em concessões dadas aos fornecdores da APP, cuja política de desmatamento zero é uma novidade para o setor, bem como em áreas reservadas pela moratória florestal da Indonésia indica que mais precisa ser feito para resolver o que se tornou um problema crônico e fonte de tensão política na região. Cingapura e Malásia receiam que uma névoa prolongada poderia custar as suas economias bilhões de dólares em negócios perdidos, o impacto na saúde e atrasos no sistema de transporte. Os incêndios de 1997-1998 que deixaram mais de 8 milhões de hectares queimados em Bornéu custaram 9 bilhões em prejuízos econômicos, segundo o Asian Development Bank (Banco Asiático de Desenvolvimento). Esses incêndios foram exacerbados pelas condições secas causadas pelo El Niño, mas a causa principal foi o desmatamento da floresta para dar lugar às plantações de óleo de palma, que na Indonésia são muitas vezes financiadas por empresas ligadas a Malásia e Indonésia.




NASA MODIS focos de incêndios nos últimos 7 dias




As Análises por satélite feitas por ONGs – previstas para serem lançadas neste fim-de-semana – indicam que as plantações de óleo de palma são também um fator-chave nos incêndios deste ano.



“O setor de óleo de palma tem-se demonstrado dependente das queimadas”, disse um conservacionista que não estava autorizado a falar publicamente antes da divulgação do seu relatório da ONG. “Elas lhes convém: a cinza [é] boa para as árvores [e] e ajuda a se livrarem de todo esse lixo de madeira.”



A conversão das turfeiras em plantações é um risco de incêndio em particular – a turfa seca é um barril de pólvora e pode queimar durante meses, ou mesmo por anos, no caso de incêndios subterrâneos de turfa. Os incêndios das turfeiras são também uma grande fonte de emissões de gases de efeito estufa, podendo contribuir para condições ainda mais secas – e mais névoa – na região no futuro.



“Os incêndios em toda a Sumatra estão causando caos para milhões de pessoas na região e destruindo o clima”, disse Bustar Maitar, chefe da campanha das florestas do Greenpeace na Indonésia. “Os produtores de óleo de palma devem mandar os corpos de bombeiros para combater esses fogos, imediatamente. Mas realmente o que conta é que eles começem com a adoção de uma política de desmatamento zero. ”




Nota do Editor: O WRI liberou novos dados logo depois desse post ir online: Espiando Através da Névoa: O Que os Dados Podem nos Contar Sobre os Fogos na Indonésia. A seguir alguns dos dados:




WRI’s Mapa interativo das florestas e concessões.













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