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As mudanças climáticas reduzirão para metade os habitats de mais de 100,000 espécies comuns

Ao mesmo tempo que as concentrações de dióxido de carbono atingiram, pela primeira vez na história da humanidade, na semana passada, as 400 partes por milhão (ppm), um novo estudo publicado na Nature Climate Change alerta que milhares de espécies comuns irão sofrer uma grave perda de habitat devido às mudanças climáticas.



“Embora haja muita investigação sobre os efeitos das alterações climáticas nas espécies raras e ameaçadas, pouco se sabe sobre como o aumento global da temperatura vai afectar um maior número de espécies comuns,” afirma a autora principal Rachel Warren, da Escola de Ciências Ambientais da UEA e do Tyndall Centre for Climate Change Research.



Ao olharem para as necessidades de habitat de 48,786 espécies de plantas e animais terrestres comuns, os cientistas descobriram que se a temperatura aumentar 4 graus Celsius acima da média pré-industrial, 34% dos animais e 57% das plantas irão perder, até 2080, cerca de metade do seu habitat. De acordo com o estudo, as plantas, répteis e anfíbios são os mais vulneráveis, enquanto que as maiores perdas ocorrerão no Amazonas, América Central, África Sub-Sahariana e Austrália.



Pior ainda, afirma Warren, as estimativas são “provavelmente conservadoras”, uma vez que não têm em consideração o aumento de fenómenos climatéricos extremos, doenças e pestes, juntando ao facto que “os animais podem ter um declínio maior que as nossas previsões, uma vez que serão também afectados pela perda de alimento proporcionado das plantas.”



De acordo com Warren, perdas catastróficas deste tipo teriam um impacto significativo nos humanos, uma vez que “estas espécies são importantes para a purificação do ar e água, controlo de inundações, ciclo de nutrientes e eco-turismo.”



Ao passo que as nações se comprometeram em impedir que as temperaturas globais aumentem acima de 2 graus Celsius, à medida que as emissões de gases de estufa continuam a aumentar ano após ano, este objectivo parece cada vez mais difícil de atingir. Se as coisas continuarem como até aqui, as temperaturas poderão aumentar bem acima dos 4 graus Celsius até ao final do século.



No entanto, o estudo afirma também que se as nações mantiverem os seus objectivos em relação às mudanças climáticas (p.e. se as temperaturas não aumentarem mais de 2 graus Celsius), então a perda de espécies comuns seria significativamente mitigada. Mas o tempo não está do nosso lado: se as emissões atingirem um pico em 2016, a perda de espécies seria reduzida em 60%, enquanto que se esperarmos até 2030, as perdas seriam reduzidas em apenas 40%.






Largarta não identificada do Amazonas. O novo estudo afirma que a vida selvagem da Amazónia é particularmente vulnerável às alterações climáticas Foto de: Rhett A. Butler.
Largarta não identificada do Amazonas. O novo estudo afirma que a vida selvagem da Amazónia é particularmente vulnerável às alterações climáticas Foto de: Rhett A. Butler.






CITAÇÕES: Warren R, van der Wal J, Price J, Welbergen JA, Atkinson I, Ramirez-Villegas J, Osborn TJ, Jarvis A, Shoo L, Williams S and Lowe J. Quantifying the benefit of early climate change mitigation in avoiding biodiversity loss. Nature Climate Change



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