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O desmatamento contínuo da Amazônia pode acabar com o crescimento da agricultura no Brasil

O desmatamento contínuo da floresta tropical Amazônica poderá prejudicar a produtividade da agricultura na região mediante a redução de chuvas e de um impulso na temperatura, alerta um novo estudo publicado pelo jornal Environmental Research Letters.



A pesquisa se baseia em um modelo que simula o impacto que a perda da floresta e as alterações climáticas a nível global possam causar ao índice pluviométrico e à temperatura locais. A partir daí o modelo prevê os efeitos na produtividade do plantio de soja e da pecuária , as duas formas de atividades dominantes na utilização do solo que seguem o desmatamento da Amazônia Brasileira. Os pesquisadores julgam que as alterações climáticas e o desmatamento terão um impacto significativo nas safras da agricultura da região, com uma redução na produtividade nas áreas de pastagens em 30-34 por cento e na safra da soja em 24-28 por cento, dependendo do grau do desmatamento. O estudo projeta também um acentuado declínio na quantidade de carbono armazenado pela vegetação, correndo assim o risco de agravar as alterações climáticas através de um aumento nas emissões.



“Uma expansão da agricultura em larga escala na Amazônia poderia iniciar uma reação climática que reduziria o índice pluviométrico, tornando a expansão da agricultura na Amazônia auto-destrutiva: esses resultados sugerem que quanto mais a agricultura se expande menos produtiva ela se torna” escrevem os autores liderados por Leydimere Oliveira da Universidade de Viçosa. “Essa seria uma situação em que ninguém vence, mas na qual todos perdem.”




Floresta e terra para cultivo na Amazonia Brasileira em 2009. Foto de Rhett A. Buttler


Os dados verificados sugerem a imposição de um limite na expansão da agricultura às custas da floresta. Entretanto, outra pesquisa aponta que um limite no desmatamento, pelo menos na Amazônia Brasileira, pode ser que não signifique um limite na produção agrícola devido ao uso de enormes extensões de terra de baixo valor. A intensificação, mesmo sem o uso de agroquímicos e curral de engorda industriais, poderia aumentar dramaticamente o volume de produtos agrícolas vindos da região. Por exemplo, algumas pesquisas sugerem que a mudança das áreas de pastagem de baixa densidade para o plantio de óleo de palmeiras poderia impulsionar o armazenamento de dióxido de carbono e a renda local, ao mesmo tempo mantendo a função da floresta relativamente maior à pecuária ineficiente. Em algumas regiões poderia até fazer sentido econômico em permitir que a floresta se regenere, enquanto concentrando a pecuária a áreas menores de terra.



O autor principal, Oliveira, diz que o estudo demonstra a importância econômica em manter a área existente de floresta na Amazônia.



“No começo estávamos interessados em quantificar os serviços ambientais prestados pela Amazônia e sua troca pela produção agrícola,” Oliveira disse em um comunicado. ”Esperávamos ver algum tipo de compensação ou equilíbrio, mas para a nossa surpresa o elevado grau de desmatamento levaria a um cenário sem ganhadores – a perda dos serviços ambientais causados pelo desmatamento possivelmente não seria compensada pelo aumento da produção agrícola.”



“Talvez seja possível que exista um limite para a expansão da agricultura na Amazônia. Até esse limite, não haveria consequências econômicas importantes nessa expansão. Além desse limite, os retornos desse estudo demonstram que começa a exibir perda significante da produção agrícola.”




Gado na Amazonia Brasileira em 2009. Foto de Rhett A. Buttler




REFERÊNCIA: Leydimere J C Oliveira, Marcos H Costa, Britaldo S Soares-Filho and Michael T Coe (2013). Large-scale expansion of agriculture in Amazonia may be a no-win scenario. Environmental Research Letters 8 024021.



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