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Financiamento para a conservação da biodiversidade pode ser melhor destinado, afirmam cientistas

Pesquisadores identificaram os países que recebem menos recursos para a conservação da natureza em um estudo publicado nesta semana no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). As 40 nações que menos contam com ajuda contêm um terço das espécies ameaçadas de mamíferos. O estudo fornece a oportunidade para uma “rápida triagem global” na conservação: uma melhor coordenação entre doadores e um modesto aumento na ajuda internacional podem limitar as perdas da biodiversidade com relativamente poucos custos.



Os cientistas descobriram que possivelmente existem características em comum entre os projetos de biodiversidade que acabam sendo financiados. Por exemplo, projetos localizados em países mulçumanos, mas que são praticamente iguais a outros beneficiados, recebem apenas cerca de metade dos financiamentos.



O Mongabay conversou com o pesquisador chefe do projeto, o Dr. Anthony Waldron, professor de Conservação da Universidade de Santa Cruz, no Brasil.



Herpetologist trying to save a Hyloscirtus colymba tree frog in Panama. Photo by Rhett A. Butler 2011



Mongabay.com: Dr. Waldron, quais são as descobertas mais importantes?



Anthony Waldron: Primeiramente, sabemos que ações de conservação não recebem o financiamento adequado, mas não existe uma noção do quadro global e onde a situação está pior. Nossa análise sugere onde os buracos de financiamento são maiores.



Em segundo lugar, é preocupante que essas falhas de financiamento se concentrem em determinadas áreas. No Sudeste Asiático, espécies ameaçadas estão sob uma nuvem negra de péssimo financiamento. Por todo o planeta, espécies adaptadas em ambientes áridos também recebem poucos recursos.



Mongabay.com: Qual a importância de sua pesquisa para os legisladores?



Anthony Waldron: Ninguém está no comando de todo o financiamento global para a conservação. A importância, portanto, depende da atribuição dos responsáveis. Se você está na Austrália, o importante é que se saiba que os gastos estão abaixo da média. Se você é um doador internacional para muitos países, você pode usar os resultados para identificar que países estão precisando de mais ajuda.



Nós também precisamos coordenar ações para o gasto em conservação. Existe muita crítica sobre financiadores individuais competindo uns com os outros e não se coordenando. Ao apresentarmos essa visão global, estamos também convidando todos os doadores, ONGs etc. a adotarem ações mais coordenadas.



map showing levels of threatened global biodiversity

Levels of threatened global biodiversity. Color coding is in blocks of 0.5 standard deviations, with white and blue showing very low and low threatened diversity; yellow, medium diversity; and the four red colors, darker reds indicating higher values.



biodiversity conservation map

Underfunding levels from the predictor model (darker colors indicate worse underfunding, in blocks of 20 countries). Maps courtesy of the authors.





Mongabay.com: Você pode destacar os três países que precisam mais urgentemente de injeções de recursos para a conservação?



Anthony Waldron: Não. O estudo revela a aparência do que seria uma distribuição balanceada dos fundos ao redor do mundo. Muitos países possuem menos do que essa quantidade média. Se você der dinheiro extra para somente três ou quatro países, você deixaria uma centena de outros abaixo da média. Escolher favoritos acabaria salvando menos biodiversidade.




Mongabay.com: A religião predominante de um país influência nas escolhas dos doadores?



Anthony Waldron: Precisamos enfatizar que não explicitamos as características dos doadores, apenas mostramos o padrão que é de menos financiamento para os países mulçumanos, especialmente no mundo árabe e ao redor do Afeganistão. Existem muitas razões de por que isso ocorre. Nós simplesmente destacamos os padrões para que os doadores possam analisar e concluir o porquê isso acontece.



Mongabay.com: O seu estudo fornece o tamanho da conta para a conservação da biodiversidade global?



Anthony Waldron: Não. Fornecemos a quantidade de dólares que cada país está abaixo da média de financiamento. Leitores devem estar conscientes de que “a quantidade abaixo da média” não é o mesmo do que “a quantidade necessária para evitar a perda de biodiversidade”. A média já é, por isso, abaixo do que seria necessário, então abaixo dela simplesmente significa um problema maior.



Citação: Anthony Waldron, Arne O. Mooers, Daniel C. Miller, Nate Nibbelink, David Redding, Tyler S. Kuhn, J. Timmons Roberts, and John L. Gittleman (2013) Targeting global conservation funding to limit immediate biodiversity declines. PNAS.



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