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30% das emissões provenientes do desmatamento no Brasil são movidas pela exportação

2.7 bilhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, ou 30% do carbono associado ao desmatamento na Amazônia brasileira entre 2000 e 2010 foram efetivamente exportadas na forma de produtos de carne bovina e soja, segundo um novo estudo publicado no jornal Environmental Research Letters. A pesquisa destaca o papel crescente que o comércio mundial desempenha na condução do desmatamento tropical.



O estudo, liderado por Jonas Karstensen, do Centro para Pesquisa Internacional em Ambiente e Clima em Oslo, Noruega, examinou as emissões de carbono provenientes da produção de carne bovina e de soja na Amazônia brasileira. Em seguida, foi calculada a parcela dessas commodities que foi exportada para o mercado externo.



A pesquisa constatou que o consumo brasileiro é responsável pela vasta maioria das emissões provenientes de seu próprio desmatamento: 85% das emissões em produtos de carne bovina e 50% das emissões em produtos de soja foram movidos pelo consumo interno entre 1990 e 2010. No entanto, durante a última década, a parcela de emissões atribuidas às exportações de commodities tem aumentado acentuadamente, com mais produtos brasileiros sendo exportados para a China e para a Rússia.



“Com uma perspectiva de consumo, os responsáveis pelo desmatamento são divididos entre os consumidores globais. O que antes era problema do Brasil, agora é também um problema global”, disse Karstensen em um comunicado. “Particularmente na última década, maiores importações de mercados emergentes e países industrializados têm levado a um aumento na parcela de emissões exportadas do Brasil.”




Emissões de desmatamento comercial distribuídas entre os maiores importadores de (a) carne bovina e (b) soja, de 1990 a 2010. No total, o Brasil (eixo vertical à direita) é responsável por cerca de 85% das emissões de gado e 50% das emissões de soja. Imagem e legenda são cortesia de Karstensen et al 2013.



De acordo com o jornal, na última década, 29% das emissões provenientes do desmatamento na Amazônia brasileira resultam da produção de soja e 71% da atividade pecuária. Mas as emissões provenientes da produção de soja caíram substancialmente durante a segunda metade dos anos 2000, uma possível consequência por parte de uma moratória na produção de soja no código florestal assinado em 2006, após uma campanha devastadora do Greenpeace. Emissões globais de desmatamento na Amazônia brasileira estão caindo em sitonia com a queda da taxa de desmatamento, embora as taxas fora da Amazônia brasileira — especialmente na Bolívia e no Peru — parecem estar aumentando, possivelmente por consequência do deslocamento do desenvolvimento agrícola entre as fronteiras.



O jornal ainda acrescenta um crescente corpo de pesquisa que mostra uma enorme mudança nos condutores globais do desmatamento, da agricultura de subsistência à produção de commotidies industriais. A tendência indica que os que se esforçam para conter o desmatamento — como a emergente Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD) — terão que recorrer ao consumo urbano para que sejam efetivas. Focar-se somente em minifúndios impedirá a redução de emissões provenientes do desmatamento.





taxa annual de desmatamento na Amazônia brasileira


CITATION: Jonas Karstensen, Glen P Peters, Robbie M Andrew. Attribution of CO2 emissions from Brazilian deforestation to consumers between 1990 and 2010. Environmental Research Letters, 2013; 8 (2): 024005 DOI: 10.1088/1748-9326/8/2/024005


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