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Relatório: quase metade da madeira levada de Moçambique para a China é ilegal

Log truck en route to Beira, Mozambique. Photo © : EIA.
Troncos empilhados em Moçambique: Foto © : EIA.


De acordo com o novo relatório da Environmental Investigation Agency (EIA), 48% da madeira retirada das florestas de Moçambique transportada para empresas localizadas na China é extraída ilegalmente. Esta agência de investigação ambiental internacional afirma que é uma situação causada pela corrupção generalizada e pela uma fraca intervenção governamental. Diz o relatório que a extracção ilegal de madeira em Moçambique custa ao país, o quarto menos desenvolvido no mundo de acordo com UN, 29 milhões de dólares em impostos, que não são assim recebidos aquando da exportação da madeira do país.



“Apesar de recentes e louváveis esforços do Governo moçambicano para controlar o tráfico ilegal de madeira para a China, a nossa investigação descortinou que políticos com ocupação de altos cargos, aliados a traficantes chineses sem quaisquer escrúpulos, continuam não só a quebrar as leis de exploração florestal e de exportação de Moçambique mas também a colocar uma pressão insustentável da regeneração natural das florestas do país,” disse Chris Moye, membro da campanha florestal da EIA.



A EIA infiltrou-se tanto em Moçambique como na China para expor a escala dos crimes florestais.



Log truck en route to Beira, Mozambique. Photo © : EIA.
Camião de madeira a caminho da Beira, Moçambique. Foto © : EIA.

“EM 2012 o Governo de Moçambique registou 260.385 metros cúbicos de madeira exportada para o mercado internacional, incluindo a China, enquanto que a própria China registou 450.000 metros cúbicos de madeira proveniente de Moçambique,” diz o relatório. “A discrepância de 189.625 metros cúbicos representa quase exclusivamente madeira não processada que é traficada de Moçambique para empresas chinesas.”



Moçambique colocou 22 das 118 espécies de árvores comercializáveis sobre regulamentação especial, que obriga a que estas espécies de “1ª classe” preencham as quotas de processamento dentro do país nates de serem exportadas, o que significa criação de empregos e rendimento para o país. A EIA acredita, porém, que grande parte da madeira transportada para a China pelos traficantes pertence justamente a estas 22 espécies.



A extração ilegal de madeira priva os locais de um recurso natural extremamente importante, prejudica a biodiversidade, aumenta a erosão dos solos, provoca derrocadas e interefere na regulação natural do ecossistema. Outra agravante é o facto da extracção ilegal de madeira andar quase sempre a par com outras formas de crime organiuzado, como tráfico de trabalhadores e de droga.



A EIA exige que Moçambique proiba imediatamente a exportação de madeira e que arranque com uma investigação profunda ao tráfico ilegal – isto inclui investigar as redes de corrupção nas autoridades florestais, polícia, agentes alfandegários e grandes corporações. Cerca de metade de Moçambique ainda tem coberto florestal.



A EIA afirma também que a China deve proibir a importação de madeira ilegal, algo que os E.U.A, Australia, e brevemente a UE já decidiram fazer. É pouco provável, porém, que a China pare de importar madeira ilegal nos próximos tempos. No passado mês de Novembro, outro relatório da EIA revelou que a China é o terceiro maior importador de madeira extraída ilegalmente – pelo menos 18,5 milhões de metros cúbicos de madeira processada ilegalmente, 86 vezes quantidade importada de Moçambique.


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