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Consumo de barbatanas de tubarão alcançou seu pico com 100 milhões morte ao ano?

Scalloped hammerheads (Sphyrna lewini) off Cocos Island, Costa Rica. This species is up for protection by CITES this month if nations votes in its favor. Photo by: Barry Peters.
Scalloped hammerheads (Sphyrna lewini) off Cocos Island, Costa Rica. This species is up for protection by CITES this month if nations votes in its favor. Photo by: Barry Peters.


Apesar de um novo estudo alertar que até 100 milhões de tubarões são mortos anualmente, sinais mostram que a demanda por sopa de barbatana na China pode estar caindo.



Um estudo publicado nesta semana no período Marine Policy estimou que as mortes de tubarões chegaram a 100 milhões em 2000 e 97 milhões em 2010, indicando uma leve queda na matança.



Enquanto isso, notícias vindas da China nos últimos meses indicam um declínio acelerado no consumo de barbatanas neste que é o principal mercado mundial. A sopa de barbatana é considerada pelos orientais como um símbolo de status, sendo servida tipicamente em casamentos e jantares de negócios.



Dados liberados por oficiais chineses no final do ano passado mostram que as importações de barbatanas de tubarão caíram de 10.292 toneladas métricas em 2011 para 3.087 toneladas durante os primeiros onze meses de 2012.



Além disso, no verão passado, o governo chinês anunciou que não servirá mais a sopa em jantares, um ato simbólico importante. A imprensa chinesa também apresentou o assunto recentemente, ressaltando que as barbatanas contêm mercúrio e não oferecem nenhum benefício nutricional.



Finned shark at the bottom of the ocean: Nancy Boucha.
Finned shark at the bottom of the ocean. Sharks that have been de-finned die. Photo by Nancy Boucha.



“O vinho está substituindo a barbatana de tubarão. Ele carrega consigo o mesmo ou até mais status”, comentou Peter Knights, chefe da WildAid, que fez uma campanha contra a sopa, ao Mongabay.



“As coisas estão em um estágio crucial e está cada vez mais em foco a ação no lado da demanda do comércio da vida selvagem. A campanha do tubarão está funcionando, mas se poderemos aplicá-la a rinocerontes e elefantes é o próximo desafio”.



Várias reportagens têm descrito que o preço da barbatana de tubarão está caindo entre 50% e 70% na China. A retração no preço significa que os pescadores provavelmente não se focarão tanto nos tubarões. Tal redução, se confirmada, representaria milhões de tubarões salvos.



Os tubarões também receberam boas notícias no lado da conservação nas últimas semanas. Vários países declararam parte ou todas as suas águas como “Santuários de Tubarões”. Além disso, a sopa tem sido proibida por lei em vários estados norte-americanos.



Ainda assim, biólogos temem por muitas espécies de tubarão, especialmente dado o lento amadurecimento, expectativa de vida longa e poucas crias. Os pesquisadores estimaram que a pesca está retirando dos oceanos entre 6,4% e 7,9% da população total de tubarões a cada ano.



Porém, a taxa de crescimento populacional destes animais é de cerca de 4,9%. Se os tubarões conseguirem se recuperar, será um processo lento e demorado, assim como tem sido com as baleias desde que a pesca industrial foi proibida em meados de 1980.



Enquanto isso, o declínio dos tubarões provavelmente está impactando os oceanos do planeta já que os predadores de topo, tanto na terra quanto na água, têm papéis gigantescos na estabilidade ecológica.



“Isto é uma grande preocupação, pois a perda dos tubarões pode afetar todo o ecossistema”, comentou Mike Heithaus, da Universidade da Florida, coautor do estudo publicado no Marine Policy.



“Trabalhando com tubarões tigre, temos visto que se não houver um numero suficiente destes predadores, mudanças em cascata ocorrem no ecossistema, algo que chega até as plantas marinhas”.



No encontro da CITES que está sendo realizado em Bancoc, Tailândia, alguns países estão propondo listar como protegidas várias espécies de tubarão, incluindo as espécies Sphyrna lewini, Sphyrna mokarran, Sphyrna zygaena, Carcharhinus longimanus e Lamna nasus.



Além disso, os participantes da CITES votarão sobre a proteção de arraias-manta, que também estão enfrentando a sobrepesca devido ao uso das suas guelras pela medicina tradicional chinesa.






Citação: Boris Worm, Brendal Davis, Lisa Kettemer, Christine A. Ward-Paige, Demian Chapman, Michael R. Heithaus, Steven T. Kessel, Samuel H. Gruber. Global catches, exploitation rates, and rebuilding options for sharks. Marine Policy. 2013.


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