Exploração mineira a céu aberto em Bihar, India. Cerca de 40 por cento da energia na Índia é providenciada pelo carvão, a maior fonte de carbono .
No ano passado, as emissões de dióxido de carbono subiram de 3.2 por cento para um novo recorde de 31.6 gigatoneladas, mantendo o planeta no caminho de uma perigosa mudança climática, o que poderia potenciar um falhanço nas culturas agrícolas mundiais, aumento do nível do mar, um agravamento dos extremos meteorológicos e extinção massiva de espécies. De acordo com dados da Agência de Energia Internacional (do inglês, IEA), as emissões de carbono da China aumentaram substancialmente no ano passado (9.3 por cento), enquanto que as emissões na Europa (EU) e Estados Unidos (US) diminuíram ligeiramente. A China é, presentemente, o país com mais emissões de gases de estufa do mundo, enquanto que os US foram o país que mais emissões registaram, em termos históricos.
“Quando olho para estes dados, a tendência está de acordo com o aumento de 6 graus Celsius de temperatura (11 graus Farenheit), o que poderia ter consequências devastadoras para o planeta,” disse à Reuters, Fatih Birol, economista no IEA.
O aumento massivo, no ano passado, nas emissões chinesas, esteve ligado a um aumento de consumo de carvão nesta nação em expansão económica. À semelhança da China, a Índia também apresentou um pico semelhante de 8.7 por cento nas suas emissões de dióxido de carbono, empurrando esta nação para o quarto país com maiores emissões de carbono, depois da China, US e EU. A Rússia caiu para a quinta posição. As emissões do Japão aumentaram 2.4 por cento, devido à maior utilização de combustíveis fósseis depois do desastre nuclear em Fukushima.
Quer os US, quer a EU assistiram a uma ligeira diminuição nas suas emissões. As emissões de carbono dos US diminuíram 1.7 por cento devido a um aumento da utilização de energia proveniente por gás natural, em detrimento do carvão, um declínio no uso do petróleo, e um inverno quente, o que reduziu os consumos energéticos. A UE assistiu a uma quebra de 1.9 por cento devido a um lento crescimento económico e, tal como os US, um inverno ameno.
Mesmo que as emissões da China continuem a aumentar, a IEA salienta que a nação teve, desde 2005, um corte de 15 por cento no seu factor de emissão (emissões de carbono ligadas ao GDP). Recentemente a China anunciou que iria investir $27 milhares de milhão em energias renováveis, conservação de energia e redução de emissões em 2012.
No entanto, as nações do mundo inteiro não estão a fazer o suficiente para manter a sua promessa de não permitir que as temperaturas globais aumentem 2 graus Celsius (3.6 graus Farenheit) acima da média do século 20, avisa a IEA.
“Os novos dados fornecem evidências que o caminho para a trajectória dos 2 graus Celsius está prestes a terminar,” avisou Birol num comunicado à imprensa.
Cerca de metade (45 por cento) das emissões reportadas pela IEA estavam ligadas ao carvão, 35 por cento ao petróleo e 20 por cento ao gás natural.
Ao mesmo tempo que os novos dados da IEA foram divulgados, as nações terminavam uma nova ronda de conversas internacionais sobre o clima em Bona, Alemanha. No entanto, estas discussões aparentaram ser acrimoniosas, com os assuntos mais importantes a ficarem num impasse devido a questões processuais.
“ É absurdo ver os governos a apontarem os dedos uns aos outros e a lutarem como crianças enquanto os cientistas explicam os impactos terríveis das alterações climáticas e o facto de que temos toda a tecnologia necessária para resolver o problema ao mesmo tempo que criamos novos empregos “verdes”,” disse numa declaração, Tove Maria Ryding, coordenador para a política climática do Greenpeace Internacional.
Temperaturas globais da NASA entre 1980 e 2011 comparadas com a média do século 20.