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Ainda em tempo de salvar a maioria das espécies da Amazônia brasileira

Burnt forest in the Amazon. Photo by: Alexander Lees.
Floresta queimada na Amazônia. Imagem de: Alexander Lees.


Uma vez que um habitat for perdido ou degradado, uma espécie não deixa de existir como em um piscar de olhos: isso leva tempo, frequentemente várias gerações, antes que uma espécie se extingua para sempre. Um novo estudo na Science investiga este processo, chamado de “débito de extinção”, na Amazônia brasileira, e encontra que 80-90% das extinções previstas para aves, anfíbios e mamíferos ainda não ocorreram. Mas, ao menos que ações urgentes sejam tomadas, o débito será coletado e estas espécies desaparecerão para sempre nas próximas décadas.




“Este atraso temporal oferece uma janela de oportunidades de conservação, durante o qual é possível restaurar o habitat ou implementar medidas alternativas para salvaguardar a persistência de espécies que estão, de outro modo, condenadas à extinção,” escrevem os pesquisadores.



Desde 2008, a Amazônia brasileira perdeu perto de 20% de suas florestas, compreendendo mais de 720.000 quilômetros quadrados – uma área maior que o Afeganistão. Apesar disso, muitos animais ainda estão se mantendo. Utilizando-se de modelagens complexas, os pesquisadores previram como as espécies vão se comportar até 2050 sob quatro cenários de desmatamento diferentes.



“O futuro da biodiversidade na Amazônia brasileira atualmente se encontra em um momento crítico. Sob o cenário “business as usual” (o atual), a Amazônia continuará a coletar o débito de extinção pelas próximas décadas. Por outro lado, com um programa ambicioso de investimento em conservação no nível de bacia hidrográfica, a Amazônia brasileira pode entrar em 2050 com perda de espécies e débito de extinção mínimos (menos de 5%),” escrevem os pesquisadores.



No entanto, os dois cenários de desmatamento mais otimistas – uma redução de 80% em desmatamento em 2020 ou o desmatamento zero no mesmo ano – são improváveis de serem conseguidos de acordo com os pesquisadores devido às, em parte, mudanças recentes no Código Florestal brasileiro.


O cenário mais provável então veria aproximadamente 5% de extinção para aves, mamíferos e anfíbios em 2050 com um aumento no débito de extinção em aproximadamente 9% nestes grupos. Em outras palavras, as extinções totais aumentado para aproximadamente 14% destes grupos na região.




“Os decréscimos nas taxas de desmatamento no período entre 2005 e 2010 ajudaram a ampliar a janela de oportunidade de conservação para a altamente biodiversa Amazônia brasileira,” concluem os pesquisadores. “As escolhas legislativas e outras relacionadas com o desenvolvimento da terra e conservação feitas nos próximos meses e anos irão, em conformidade, ampliar ou reduzir esta janela.”



“Os decréscimos nas taxas de desmatamento no período entre 2005 e 2010 ajudaram a ampliar a janela de oportunidade de conservação para a altamente biodiversa Amazônia brasileira,” concluem os pesquisadores. “As escolhas legislativas e outras relacionadas com o desenvolvimento da terra e conservação feitas nos próximos meses e anos irão, em conformidade, ampliar ou reduzir esta janela.”




CITAÇÃO: Oliver R. Wearn, Daniel C. Reuman, Robert M. Ewers. Extinction Debt and Windows of Conservation Opportunity in the Brazilian Amazon. Science. Vol 337. 2012.





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