Folhas de Floresta Tropical em Uganda. Foto por: Rhett A. Butler
Para ler artigo sobre O Dia da Terra do ano passado: World failing on every environmental issue: an op-ed for Earth Day.
Não há dúvidas de que o Planeta Terra tem sido um Planeta generoso. Tudo o que humanos precisam para sobreviver e prosperar tem sido providenciado naturalmente pelo mundo que nos rodeia: alimentos, água, plantas medicinais, materiais para construção de abrigo, e até ciclos naturais, tais como o clima e as nutrientes. Cientistas têm nomeado tais presentes como os serviços ecossistémicos, no entanto o reconhecimento de tais serviços nos fazem voltar a umas centenas de anos atrás, e talvez até antes destes centenas, se é que alguém considera as pinturas em cavernas em Lascaux como evidência. Agora, estamos tão desconectados do mundo natural que é fácil—e várias vezes conveniente—esquecermos que a natureza permanece generosa como sempre, mesmo enquanto está desaparecendo pouco a pouco. O aumento tecnológico e industrial pode ter nos distanciado superficialmente da natureza, mas não tem mudado nossa dependência do mundo natural: a maioria do que usamos e consumimos diariamente são produtos-resultado de multidões de interações depois de extraídos da natureza, e muitas destas interações estão em perigo. Além de bens físicos, o mundo natural providencia menos tangíveis, mas mesmo assim importantes, presentes em termos de beleza, arte e espiritualidade.
O Dia da Terra parece um dia oportuno como qualquer outro para lembrarmos a nós mesmos o que a natureza tem nos dado sem cobrar nada em troca. Aqui veremos uma seleção de exemplos da importância da natureza em nossas vidas:
 Cachoeira Tad lo em Laos. Foto por: Rhett A. Butler. |
Água potável: Não há no mundo substância física que humanos possam precisar mais do que água potável: sem água podemos sobreviver por apenas alguns dias (dias infernais, diga-se de passagem). Enquanto a poluição e uso excessivo tem ameaçado várias fontes de água potável do mundo, a natureza tem uma solução à moda antiga, pelo menos quanto à poluição. Ecossistemas saudáveis de água fresca—bacias hidrográficas, pantanais e florestas—naturalmente limpam a poluição e as toxinas da água. O solo, os microorganismos e as raízes de plantas fazem um papel importante em filtrar e reciclar poluentes com um preço muito mais barato do que a construção de uma planta de filtração de água. De acordo com pesquisas, quanto maior a biodiversidade no ecossistema, a água será purificada mais rápida e eficientemente.
Polinização: Imagine tentar polonizar cada flor de maçã no pomar: isto é o que a natureza faz por nós. Insetos, pássaros e até alguns mamíferos, polinizam as plantas do mundo, incluindo grande parte da agricultura humana. Em torno de 80% das plantas ao redor do mundo exigem diferentes espécies para agir como polinizadores.
Na agricultura, polinizadores são exigidos para tudo, desde tomates ao cacau, amêndoas ao trigo sarraceno, em meio à centenas de outras culturas. Globalmente, polinização agrícola tem sido estimada a um valor aproximado de 216 bilhões de dólares por ano. No entanto esta alta estimativa monetária não inclui polinização de culturas consumidas na pecuária, em biocombustível, em flores ornamentais ou na polinização das tão importantes plantas silvestres.
Dispersão de sementes: Bem parecido com o processo da polinização, várias plantas exigem outras espécies para mover as sementes da planta-mãe para o novo solo que adotará a brotação. As sementes são dispersadas por uma variedade vasta e incrível de “trabalhadores”: pássaros, morcegos, roedores, megafauna como elefantes e antas, e até peixes, como prova a recente descoberta de pesquisadores. Dispersão de sementes é especialmente importante em florestas tropicais onde a maioria das plantas dependem de animais para poderem mover.
Controle de pragas: Um estudo recente descobriu que morcegos economizam milhões de dólares por ano da agricultura americana pelo simples fato de fazerem o que fazem naturalmente: comendo insetos, muitos dos quais são potencialmente prejudiciais à plantas cultivadas nos EUA.
Quase todas as pragas agrícolas têm inimigos naturais, juntamente com morcegos esses inimigos incluem pássaros, aranhas, vespas e moscas parasitas, fungos e doenças virais. A perda, ou mesmo diminuição de tais predadores que naturalmente se alimentam de pragas pode ter impactos massivos na agricultura e no ecossistema.
 Os besouros de esterco do mundo têm um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê -lo: alimentando-se exclusivamente com fezes desempenham um grande papel na reciclagem de nutrientes e também na reciclagem do solo. Este besouro foi fotografado no Bornéu Malaio. Foto por: Rhett A. Butler. |
Saúde do solo: O chão sob nossos pés importa mais do que costumamos assumir. Solo fértil e saudável proporciona ótimos lares para plantas, enquanto participando de uma séries de ciclos naturais: da reciclagem dos nutrientes à purificação da água. Embora o solo seja renovável, ele também é sensível ao uso excessivo e degradação, que são geralmente causados pela agricultura industrial, poluição e fertilizantes. Vegetação natural e qualidade de solo também atenua o excesso de erosão, a qual pode ter impactos dramáticos da perda das terras agrícolas à litorais que podem simplesmente desaparecer dentro do mar.
Medicina: A natureza é nosso mais grandioso armário de medicamentos: até à data de hoje, ela tem provido a humanidade com uma multidão de medicamentos que salvam vidas, desde quinina à aspirina, e de morfina à numerosas drogas que lutam contra HIV e câncer. Não há dúvidas de que medicamentos adicionalmente importantes—talvez até curas milagrosas—jazem inexplorados no ecossistema mundial. Na verdade, pesquisadores estimam que menos de 1% das espécies conhecidas mundialmente têm sido completamente inspecionadas por seus valores medicinais. No entanto os ecossistemas que têm rendido algumas das drogas mais importantes e promissoras do mundo—tais como florestas tropicais, pântanos de turfa e recifes de corais—também são as mais ameaçadas de extinção. Preservar ecossistemas e espécies hoje pode beneficiar, ou mesmo salvar milhões de vidas amanhã.
Pesca: Por 40 000 anos ou mais, a humanidade se voltou para os rios e mares em busca de alimentos. Hoje, em meio à preocupação de um colapso de pesca mundial, mais de um bilhão de pessoas depende da pesca como sua primeira fonte de proteínas, muitos destes bilhões estão os classificados mais pobres do mundo. A pesca também fornece meios de subsistência diretos e indiretos para em torno de meio bilhão de pessoas. Recifes de corais, manguezais e ecossistemas de grama mar fornecem viveiros para a pesca do mundo, enquanto o oceano aberto é usado para rotas de migração e caça.
Mesmo com a necessidade imediata do mundo da pesca por alimentos, tem faltado responsabilidade, permitindo que a população despenque e ainda assim permitindo pescas ecologicamente destrutivas. Enquanto a pesca do mundo está principalmente ameaçada por sobrepesca, incluindo ascapturas acessórias, poluição marinha é também um problema considerável.
 Nas florestas tropicais de enorme perigo da Sumatra, várias espécies de borboletas de alimentam de nutrientes do chão. Foto por: Rhett A. Butler. |
Biodiversidade e abundância de vida selvagem: A discussão sobre o salvamento da vida selvagem do mundo tem vindo várias vezes de um ponto de vista estético. Vários conservacionistas têm brigado para salvar espécies pelo simples fato de que eles gostam de algumas espécies particulares. Por isso que vários animais conhecidos popularmente—tigres, elefantes, rinocerontes—recebem muito mais atenção do que os menos populares (embora apenas alguns deles estejam em perigo) selvagens—por exemplo, o redbelly egg frog (sapo da espécie Leptodactylodon), o smokey bat(espécie de morcego da família furipteridae), ou o bastard quiver tree (espécie de árvore encontrada na África). Mas além de fazer o mundo um lugar menos solitário, menos chato, e mais bonito—razões admiráveis por si mesmas—muitos dos serviços proporcionados pela biodiversidade são similares àquelas providenciadas por toda a natureza. Biodiversidade produz alimentos, fibras, produtos de madeira, limpa a água, controla pragas na agricultura, poliniza e dispersa as plantas do mundo, e providencia recreações, tais como: observação de pássaros, jardinagem, mergulhos e ecoturismo.
Na discussão sobre biodiversidade, no entanto, a bio abundância é geralmente ignorada. Na discussão sobre biodiversidade, no entanto, a bio abundância é geralmente ignorada. Uma perda em bio-abundância significa que as espécies não são somente importantes para sua diversidade, mas também por sua quantidade. Enquanto elefantes asiáticos podem não correr o risco de ser extintos tão cedo, sua diminuição nas florestas significa que os ecossistemas perderam os talentos ecológicos especiais importantes a estes elefantes tais como espalhamento de sementes necessárias e a engenharia de micro-habitats. A queda na população do salmão dos EUA tem causado a diminuição (gradual e anual) do recebimento de nutrientes ao ecossistema de água potável (pesquisas estimam uma queda de nutrientes maior de 90 por cento); isso significa menos alimentos para as pessoas, menos salmão para os predadores e um rio menos rico global. O declínio de nutrientes também faz com que seja impossível que o salmão tenha repercussão para populações ideais, criando um círculo vicioso de bio declínio.
Regulamentação do clima: O mundo natural ajuda a regular o clima da Terra. Os ecossistemas tais como florestas tropicais, turfeiras e manguezais alojam vários montantes de carbono, enquanto o oceano captura montantes massivos de carbono através de fitoplâncton. Enquanto a regulação dos gases do efeito estufa é indispensável na era das mudanças climáticas, uma nova pesquisa está mostrando que o ecossistema do mundo pode também desempenhar um papel no tempo. Um estudo recente descobriu que a floresta Amazônica atuou como sua própria ‘biorreatora’, produzindo nuvens e precipitações através da abundância dos materiais vegetais na floresta.
Economia: Na comum tensão vista entre a economia e o ambiente—por exemplo: cortamos toda a floresta ou a conservamos?—um fator é geralmente negligenciado: o ambiente sustenta toda a economia ambiental. Sem solo fértil, água potável, florestas saudáveis e clima estável, a economia do mundo enfrentaria desastres. Ao pôr em perigo o meio ambiente, nós comprometemos a economia. De acordo com a pesquisa realizada em Science, o valor global do total de serviços de ecossistemas poderia atingir de 40 à 60 trilhões de dólares por ano.
Saúde: Pesquisas recentes descobriram o que amantes da natureza têm há muito esperado: passar tempo em espaços verdes, tais como parques, proporciona benefícios à saúde mental e física. Exercitar num parque ao invés da academia, mostrou que proporciona benefícios à saúde mental, uma maior sensação de bem estar. Tem sido provado que caminhar por 20 minutos em um espaço verde ajuda crianças com TDAH, melhorando sua concentração, e funcionando tão bem ou até melhor do que medicamentos. Pessoas que moram em ambientes naturais têm apresentado melhor qualidade de saúde geral, mesmo quando as pesquisas têm levado em consideração as diferenças econômicas.
 Mosaico artístico da vida selvagem em templo Budista em Laos. A natureza tem inspirado arte e a religião por todas as partes do mundo. Foto por: Rhett A. Butler. |
Arte: Imagine poesia sem flores, pinturas sem paisagens, ou um filme sem cenário. Imagine se Shakespeare não tivesse rosas para comparar com Julieta, ou se William Blake não tivesse o Tyger (tigre em inglês, mas com “y”) para incendiar. Imagine se Van Gogh carecesse de corvos para pintar ou Durer nao tivesse os rinocenrontes. O que seria de Mogli- O menino Lobo(Brasil)sem Balu, ou o Wind in the Willows sem Mr. Badger? Imagine My Antonia sem a grama vermelha da pradaria Americana ou O Morro dos Ventos Uivantes sem os pântanos desertos. Como a série de filmes O Senhor dos Anéis pareceria sem a deslumbrante área da serra de Nova Zelândia, ou Lawrence da Arábia wsem o deserto do Norte da África? Não há sombras de dúvidas de que o mundo natural tem providenciado artes globais com alguns de seus maiores temas. O que perdermos na natureza, também perderemos na arte.
Espiritual: Enquanto algumas das coisas que a natureza oferece é mensurável, a maioria do que ela nos dá é simplesmente além das medidas. Medidas econômicas são úteis, mas como com tudo o que acontece no mundo, a economia é simplesmente incapaz de capturar o verdadeiro valor. Ciência também é uma medida útil sobre a importância da natureza, mas, mais uma vez, não tem como a ciência medir o que a natureza significa—praticamente e esteticamente—para cada indivíduo.
Talvez o presente mais difícil da natureza seja a medida de sua ligação com a espiritualidade humana enraizada. Na maioria das religiões do mundo, o mundo natural é devidamente reverenciado. Na Cristandade, o paraíso terrestre existia em um jardim, enquanto Noé, o verdadeiro conservacionista, é comandado por Deus para salvar todas as espécies. Budistas acreditam que todo tipo de vida—da menor mosca à baleia azul—é sagrada e merece compaixão. Para os Hindus cada pedaço da natureza é infundida com divindade. Os muçulmanos acreditam que o mundo foi criado por Alá e foi dado aos humanos somente como um presente para ser mantido em confiança. Culturas Indígenas do mundo inteiro celebram a natureza como se fosse sua ‘mãe’.
Mas ninguém precisa ser religioso para entender a importância da natureza para o espírito humano: é só passar um tempo a sós na sombra de uma floresta, sentar numa praia esquecida, tocar um sapo ou observar a lua minguante balançando atrás da silhueta das montanhas.
A Igreja descansa atrás da sombra das montanhas no Vale Tsaranoro em Madagascar. Foto por: Rhett Butler.