A aprovação da Barragem Hidroelétrica Belo Monte da agencia ambiental brasileira, IBAMA, aumentou as condenações por parte dos ambientalistas e grupos indígenas. A barragem irá desviar o fluxo do Rio Xingu, um rio afluente do Rio Amazonas, que corre por toda Amazônia, no norte do Brasil. De acordo com críticos, a barragem destruirá vastas áreas de floresta tropical intacta, perturbar ecossistemas sensíveis e deslocar 12.000 pessoas.
“O governo está tentando viabilizar este projeto, que teria conseqüências imprevisíveis e irreversíveis, apesar do fato de que o Presidente nos prometeu rever o projeto e ter dito que não o ‘enfiaria goela abaixo de ninguém’. Um terço da cidade de Altamira ficaria debaixo d’água ninguém sabe ainda para onde aquelas 20.000 pessoas iriam, além das populações ribeirinhas e aquelas que sentiriam o impacto devido á secagem dos afluentes do Rio Xingu,” diz Dom Erwin Kräutler, Bispo Católico da Prelazia do Xingu.
O governo, que estabeleceu um leilão para o projeto em Abril, diz que qualquer companhia que for atribuída á barragem terá de desembolsar 800 milhões de dólares para assegurar a proteção ambiental, e o governo também estabeleceu 40 condições que devem ser atendidas. No entanto, mesmo com tais proteções, a barragem irá inundar 500 quilômetros quadrados (97 milhas quadradas) de floresta e afetará 40.000 pessoas na área.
O Rio Xingu visto do espaço. Foto cortesia da NASA. |
Os povos indígenas têm lutado por décadas contra a barragem. Nos anos 90 o projeto foi abandonado devido á protestos, mas o governo diz agora que negociou com muitas das questões da barragem, incluindo a redução da área inundada em 90 por cento.
“O impacto ambiental existe mas tem sido bem pesado, calculado e reduzido,” disse o Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc á Reuters, acrescentando que “nenhum índio ou terra indígena serão deslocados.”
No entanto, muitos locais não estão convencidos pelo governo. “Queremos ter certeza de que a Belo Monte não destrua os ecossistemas e a biodiversidade que tomamos conta há milênios. Somos contra a barragem no Xingu, e iremos brigar para proteger nosso rio,” diz Megaron Tuxucumarrãe, um chefe Kayapó.
A barragem de 11.000 megawatts é estimada para fornecer eletricidade para 23 milhões de casas no Brasil. No entanto, durante três a quatros meses do ano a barragem somente irá funcionar a menos de 10 por cento de sua capacidade devido ás baixas águas—um fato que produz criticismo adicional á proposta.
“Belo Monte é um projeto de viabilidade de engenharia duvidosa, um projeto de extrema complexidade que dependeria da construção não apenas de uma barragem, mas de uma serie de grandes barragens e diques que iriam interromper o fluxo do curso das águas de uma enorme área, requerendo escavação de terra e pedras em uma escala parecida com a da construção do Canal do Panamá,” diz Francisco Hernandez, um engenheiro elétrico e co-coordenador de um grupo de 40 especialistas que analisaram o projeto.
A barragem Belo Monte é apenas uma das quase 100 barragens planejadas para a Amazônia brasileira para lidar com as crescentes demandas por energia da nação. Ano passado uma queda de energia no Brasil afetou um terço da população, e muitos imaginam se isso vai acelerar a construção de barragens, como a de Belo Monte, que havia há muito sido suspensa. Tais considerações parecem ter sido corrigidas: após o leilão em dois meses, a construção de Belo Monte está marcada para começar ainda este ano. Contudo, longe de ser neutra em carbono, as barragens que inundam as florestas liberam quantidades maciças de carbono e metano, um gás muito mais potente que o carbono.
“Ninguém sabe o verdadeiro custo de Belo Monte,” disse Aviva Imhof, Diretora da International Rivers Campaigns, em uma divulgação de imprensa. “O projeto iria deslocar dezenas de milhares de pessoas, e destruir o meio de sobrevivência de milhares mais. Mesmo que o Brasil defenda que a comunidade internacional deva apoiar a proteção da floresta, o governo insiste em promover projetos de mega-infraestrutura na Amazônia que são socialmente e ambientalmente indefensáveis.”
Ativistas dizem que irão continuar a luta contra a barragem, no entanto a aprovação ambiental pelo IBAMA torna a realidade da Barragem de Belo Monte muito mais provável de acontecer. Se construída, a barragem será a terceira maior do mundo.