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O Caos Político em Madagascar Ameaça os Ganhos em Conservação



Desde que houve a ruptura do governo após um golpe em Março passado, a Floresta Tropical de Madagascar tem sido ‘saqueadas de suas preciosas madeiras e vida selvagem única. Mas agora há alguns sinais encorajadores, já que funcionários prometem repressão violenta á exploração da madeira ilegal e conforme os ecoturistas começam a retornar para a ilha. Somente dez anos atrás, Madagascar — uma ilha do tamanho do estado da California na costa leste do sul da África — ficou notória por sua degradação ambiental e desflorestamento; os astronautas que estavam orbitando a Terra observaram que a cor vermelha dos rios de Madagascar sugeriam que o país estava sangrando até a morte conforme aquilo desnudava suas montanhas como uma hemorragia para dentro de suas águas.


Mas isso começou a mudar no começo desta década quando o Presidente Mark Ravalomanana, trabalhando junto com organizações de conservação ambiental e grupos locais, estabeleceu anulação de 10 por cento do país como parques e alimentou uma próspera empresa de turismo, medidas que desaceleraram o desflorestamento e preservou um pouco mais da lendária biodiversidade da nação. O sistema do parque de Madagascar determinou que metade das taxas de entrada do parque fosse revertida para a comunidade local, assegurando que pelo menos alguns dos benefícios do ecoturismo — dois-terços dos visitantes vão á Madagascar pelas atividades relacionadas á natureza — alcançassem os povos que de outra forma estariam em desvantagem pelas iniciativas da conservação. Realmente a emergência do ecoturismo ajudou a tornar os povos locais parceiros — ao invés de adversários — na conservação. Em um período não muito longo, Madagascar se transformou de pária do mundo da conservação em um modelo.


Uma Sifaka Coquerel, um lêmure encontrado apenas em Madagascar.



Tudo isso torna o espasmo da destruição da floresta que tem varrido o país desde um golpe ocorrido no ultimo mês de Março ainda mais trágico. Após o Presidente Ravalomanana ter sido perseguido para o exílio, o serviço civil e administração do sistema do parque entraram em colapso, e fundos de doadores, que proviam metade da renda anual do governo, secou. Na ausência de governancia, gangues organizadas saquearam florestas protegidas na ilha por seus tesouros biológicos — incluindo Madeiras preciosas e lêmures em perigo— e afastou os turistas, que forneciam um incentivo econômico relevante para a conservação.


Agora com o prospecto de estabilidade política retornando, a questão é se o alto sistema de conservação de Madagascar que um dia existiu pode ser restaurado e mantido. Um sinal encorajador, evidente durante recente visita ao país, é que os povos locais que tem se beneficiado do ecoturismo estão agora pressionando o governo para acabar com a destruição em massa que foi a marca desse ano escuro.



Sifaka



Isolados de outras massas de terra por pelo menos 80 milhões de anos, Madagascar é abrigo para a coleção mais memorável e eclética de plantas e animais, mais de 80 por cento dos quais nao sao encontrados em nenhum outro local do mundo. Nas montanhas e nas planícies das florestas tropicais, a ilha abriga tais curiosas variedades evolucionarias como a fossa, um mamífero carnívoro que se parece mais um cruzamento entre um puma e um cachorro mas é parente da fuinha; o indri, um lêmure de um tamanho de um gato que canta ao caçar, como a canção das baleias; os camaleões brilhantemente coloridos, e geckos com cauda folhosa que são quase impossível de distinguir de uma casca ou musgo. Tem árvores baobá que parecem ter sido plantadas de cabeça para baixo; a rosy-caamujo, uma delicada flor usada na cura da leucemia pediátrica e da Doença de Hogkin; e um ecossistema deserto inteiro consistindo apenas de plantas espinhosas, nenhuma das quais são cactos. Os cientistas continuam a descobrir mais espécies. O numero de lêmures tem aumentado de 50 em 1994 para mais de 100 hoje, enquanto os cientistas no começo desse ano anunciaram uma quase duplicação no numero das espécies de rãs conhecidas na ilha. Todas menos uma, são endêmicas. Por todas essas razoes, os cientistas declararam a ilha — apelidado de o Oitavo Continente— a prioridade top na conservação.


Na ultima metade de século, no entanto, essa rica biodiversidade tem sofrido tremenda pressão. As florestas que outrora cobriam um terço do leste da ilha foram degradadas e fragmentadas, enquanto as florestas endêmicas espinhosas têm diminuído devido á agricultura de subsistência, criação de gado, e produção de carvão.






O planalto central tem em sua maioria sido desmatado para pastagens, arrozais e plantações de eucalipto. A cada ano, cerca de um terço do país incendeia como resultado das queimadas feitas pelos agricultores e criadores de gado quando desmatam a floresta para agricultura de subsistência. Enquanto isso as mineradoras industriais dos países desenvolvidos estão esgotando os últimos traços da floresta de Madagascar.


Esta destruição deixou Madagascar com vazios de extraordinária biodiversidade, a qual o Presidente Ravalomanana tentou preservar. Atraídos pela paisagem espetacular, vida selvagem inigualável e uma grande riqueza cultural, o turismo cresceu continuamente chegando a alcançar $390 milhões em 2008.






Mas esses ganhos foram todos apagados pela crise política em Março. O Presidente Ravalomanana democraticamente eleito havia se tornado cada vez mais autocrático em seu Segundo mandato, censurando a mídia de oposição, usando seu poder político para expandir seus negócios de interesses pessoais, e assinando acordos controversos, incluindo um que tornou mais da metade das terras aráveis de Madagascar em Daewoo, um conglomerado Sul Coreano, para produção especial exclusiva para exportação. Depois que uma serie de manifestações terminou em violência sob circunstâncias questionáveis, uma facção do exército aliada com Andry Rajoelina, o major da capital Antananarivo, derrubou Ravalomanana, que fugiu para a África do Sul.


Na seqüência do golpe, as reservas de Madagascar — especialmente na parte norte do país — foram devastadas por madeireiros ilegais. Sem o suporte do governo central ou apoio das agencias internacionais que retiraram a ajuda após o golpe, pouco pôde ser feito para evitar a carnificina. Bandos armados, financiados por madeireiros ilegais estrangeiros, ás vezes em coluio com funcionários locais, adentraram os parques nacionais de Marojejy e Masoala, retirando valiosas madeiras, incluindo rosewood e ebonies.





Em Marojejy, uma montanha florestada que está entre os parques de maior biodiversidade de Madagascar, bandidos armados invadiu a reserva, cortando trilhas, caçando a vida selvagem e extraindo madeira. O caos forçou as autoridades a fechar o parque Marojejy para os turistas — seu sangue de vida — pela primeira vez, efetivamente evitando que os estrangeiros testemunhassem a devastação.


Os madeireiros logo se infiltraram dentro do Parque Nacional de Masoala, um local de Herança Mundial da UNESCO que é considerado uma das jóias das áreas protegidas de Madagascar. A Penínsola Masoala — o local onde um grande volume recente de jacarandá extraídos ocorreu — é um lugar de espetacular beleza, com a exuberante floresta tropical se estendendo de um terreno relativamente mais alto para as praias de areias emolduradas por mares de águas claras e seus recifes de corais. As florestas de Masoala e a vizinha Makira abrigam estimadamente 50 por cento da biodiversidade de Madagascar, apesar de compor menos de 2 por cento de sua massa de terra.






A extração de Madeira foi tao intensa em Masoala que o fornecimento de barcos de carga nas cidades vizinhas foi integralmente utilizado para a retirada da madeira para fora da floresta — nenhum barco-cargueiro estava disponível para transportes convencionais. Todos disseram que a extração de madeira afetou de 27.000 a 40.000 hectares de floresta, segundo estimativas de Peter H. Raven e seus colegas do Missouri Botanical Gardens. Mais de US $ 100 milhões em madeira foi cortada. A maior parte foi para a China para fazer produtos de madeira que serão eventualmente vendidos na Europa e nos Estados Unidos.


O que foi particularmente irritante para os conservacionistas foi o fato de que a extração madeireira era principalmente para ganhos comerciais de traficantes muito bem relacionados, ao invés da subsistência do povo pobre de Malagasy.





“A colheita dessas madeiras extremamente pesadas e valiosas pe um trabalho intensive e pesado que require coordenação entre os residentes locais que A diminuição do turismo fizeram com que os Malagasy se tornassem conscientes da importância dos visitantes para seu bem-estar. manualmente cortam as árvores, mas recebem pouco por esse trabalho, e uma rede criminosa de exportação, transportadores internos, e funcionários corruptos que iniciam o processo e embolsam a maior parte dos lucros,” disse Erik Patel, um pesquisador da Cornell University que estuda o Silky Sifaka em Marojejy. “Os povos locais se beneficiam muito pouco da extração da madeira rosewood. Na maioria dos casos, a extração é perigosa para os povos locais por causa da perda do turismo e da violação dos tabus locais.”


Ao mesmo tempo as florestas tropicais do norte estavam sendo saqueadas por causa de sua preciosa Madeira, um novo comercio perturbador surgiu: a caça commercial de animais selvagens como os lêmures. Em Agosto, a Conservação Internacional (CI), uma ONG que tem sido particularmente ativa em Madagascar, divulgou fotos mostrando pilhas de lêmures mortos que foram confiscados dos traficantes e restaurants no norte da cidade.





“O que está acontecendo á biodiversidade de Madagascar é realmente estarrecedor, e o cruel abate desses animais gentis e especiais é simplesmente inaceitável,” disse o Presidente da CI, Russ Mittermeier — um especialista nos lêmures de Madagascar. “E isso não acontece por subsistência, mas para servir ao mercado da luxúria em restaurante das grandes cidades… Esses caçadores estão matando a galinha dos ovos de ouro, varrendo da face da Terra os animais que as pessoas mais querem ver e conhecer, e cortando o país de cima a baixo acabando com as comunidades locais, roubando delas a renda que pode advir do ecoturismo.”


A chegada de toristas caiu em torno de 50 ou 60 por cento esse ano, afetando duramente os trabalhadores empregados na industria do turismo. Durante o mês de Setembro a visita á Reserva Perinet Special, o lar do famoso e cantarolante Indri lêmure, guias de turismo estão ociosos á espera de turistas, amontoados na estrada que vai para área de mineração, na esperança de arranjar algum trabalho no dia. Os mais sortudos se alistaram meses atrás para um trabalho temporário na construção de uma mina de níquel de $3.8 bilhões em Sherritt, uma firma de mineração Canadense. O projeto irá eventualmente enviar milhões de toneladas de eclusa de mineração para o porto costeiro de Tamatave através de um gasoduto de 85-milhas que estará entre as duas áreas protegidas.


Em Ranomafana, indiscutivelmente o parque melhor administrado de Madagascar, o turismo caiu mais de 40 por cento. Antes do golpe, em 2008, 24.000 turistas visitaram o parquet, gerando $1.72 milhões de dolares em renda, de acordo com uma análise de Patricia Wright, diretora executiva do Instituto de Conservação do Meio-Ambiente Tropical na Universidade de Stony Brook.





No entanto, a queda no turismo teve um efeito salutar: Fez com que alguns Malagasy se tornasssem conscientes de como são importantes os visitantes para a renda e bem estar do país.


Sem apoio do governo ou apoio internacional após a copa, pouco pôde ser feito para impedir o rampante desmatamento.

“Muitas pessoas não acreditaram que trazendo vazaha [o termo local para estrangeiros] para a floresta iria ajudá-los,” disse Claudio, um guia de turismo do Parque Nacional de Masoala. “Mas a crise tem mostrado a eles que o turismo traz sim benefícios. Todos estão sentindo isso agora — a crise política se tornou uma crise econômica.”


A queda na renda advinda do turismo tem sido acrescida pela perda de apoio de doações. A Ajuda das Nações Unidas, a maior fonte financiadora dos projetos de conservação, e outras organizações suspenderam as doações, e o Corpo de Paz retirou seus voluntários do país por meses. As ONGs tem implorado ao governo para restaurar a ajuda. Há a preocupação de que a suspensão dos projetos tenham arruinado a confiança entre as comunidades locais com as quais os conservacionistas estavam comprometidos em Madagascar.


Mas nos últimos meses, tem havido alguns sinais mais animadores conforme chamou-se a atenção da mídia e dos grupos conservacionistas que colocaram alguma pressão para que o governo tome alguma medida. Gendarmerie foi enviado de volta a algumas áreas vulneráveis, e diversos funcionários locais foram suspensos para investigação da suspeita que os ligam ao trafico de madeira ilegal. Já que o governo atual temporariamente autorizou a exportação de Madeira, os funcionários disseram que o comércio será monitorado mais de perto.


Os turistas parecem estar retornando á ilha. Operadoras como a Cortez Travel e Rainbow Tours relataram um aumento no interesse de reservas neste ultimo outono. E os governos estrangeiros estão tomando posições em relação á compra de madeira ilegal. O U.S. Fish and Wildlife Service convoucou o Ato Lacey — uma provisão que requer que as empresas no Estados Unidos obedeçam as leis ambientais em outros países — para tomar posição contra os compradores domésticos de madeira ilegal.


Mas Madagascar irá precisar de muitas ações engajadas dos países ricos e um estrito reforço das regulamentações do comércio para restaurar suas áreas protegidas outrora admiradas por seu sistema de administração. Precisa de apoio internacional e política doméstica que assegure um futuro para o ecoturismo e sua espetacular vida selvagem.


Rhett Butler é o fundador e editor do Mongabay.com, um dos sites líderes na Wen na coservação das florestas tropicais e biodiversidade. Em artigos anteriores para Yale Environment 360, ele escreveu sobre como o desmatamento nas Florestas Tropicais de Bornéo está ameaçando os orangotangos e como satélites e o GoogleEarth estão sendo usados como ferramentas de conservação.



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