O Peru está pedindo US$ 200 milhões em contribuições internacionais pelos próximos dez anos para reduzir a zero o desmatamento, informa a BBC News.
Falando à BBC News na reunião sobre clima da ONU na Polônia, o ministro do meio ambiente Antonio Brack disse que o Peru conservaria 54 milhões de hectares de floresta nos próximos dez anos, uma área que eventualmente poderia aumentar para 60 milhões. Ele disse que o país está pedindo US$ 20 milhões por ano aos países industrializados, para aumentar os US$ 5 milhões que o governo peruano está disposto a entregar. Ele acrescentou que o governo acredita que oitenta por cento do crescimento das florestas antigas ou as primeiras a crescer do país podem ser salvas.
“Não somos uma nação pobre que vai à reunião implorando por ajuda,” disse ele à BBC. “Somos um país importante com uma extensa área de floresta que tem um valor.”
A proposta peruana divide os 54 milhões de hectares em quatro categorias: 17 milhões de hectares de parques nacionais existentes; 12 milhões para reservas nativas; 21 milhões para o desenvolvimento florestal sustentável; e 5 milhões para o ecoturismo. Uma parte da reserva financeira seria para o aumento da força policial ambientalista inicial do país, de sessenta e um policiais para mais de três mil.
Enquanto não ficava inicialmente claro como a redução das emissões de desmatamento e degradação (REDD) mecanismo que funcionaria na proposta do Peru, o surgimento de um mercado de carbono florestal poderia valer centenas de milhões de dólares para o país.
Florestas do Peru
Peru, lar da quarta floresta tropical mais extensa depois do Brasil, do Congo, e da Indonésia, historicamente, teve um dos índices anuais de desmatamento mais baixos na bacia amazônica, mas a perda florestal tem aumentado nos últimos anos devido à exploração ilegal de corte de madeira, da mineração, da agricultura, e da expansão de redes de estradas, incluindo a pavimentação de uma auto-estrada que dá acesso a uma região afastada e biologicamente rica no sudeste do país. Em 2005, o último ano no qual há dados disponíveis, pelo menos 150.000 hectares de floresta foram perdidos, enquanto uma área similar foi degradada devido à exploração de madeira e outras atividades.
O desmatamento é responsável, aproximadamente, pela metade das emissões de gases estufa, segundo o WWF (World Wide Fund for Nature). Atravessando uma variedade de ecossistemas, incluindo a região costeira árida, o Amazonas tropical, e a elevada cordilheira dos Andes, o país é particularmente vulnerável a mudança climática. O governo peruano estima que as geleiras do país tenham diminuído mais de vinte por cento nos últimos trinta anos e supõem que elas desapareçam por volta de 2040. A diminuição das geleiras, que constituem a fonte de mais de cinqüenta por cento de água no alto Amazonas, poderia ter um impacto significativo sobre a agricultura e no fornecimento de água urbano assim como na floresta amazônica.