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Brasil liberará plantações de dendezeiros em terras devastadas da floresta amazônica

Brasil liberará plantações de dendezeiros em terras devastadas da floresta amazônica

Brasil liberará plantações de dendezeiros em terras devastadas da floresta amazônica

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Traduzido por Luis Carlos Oña Magalhães

11/5/2008



O Brasil está por competir com a Malásia na produção de óleo de dendê, mas ambientalistas se preocupam se a alteração na lei de reserva florestal prejudicará os esforços de conservação da biodiversidade.

O Brasil permitirá a formação de plantações de dendezeiros em áreas devastadas da floresta amazônica sob um acordo firmado entre os ministros da agricultura e do meio ambiente, relata a Folha de São Paulo.

O ministro do meio ambiente Carlos Minc disse que a lei proposta tem como objetivo a expansão da produção de biodiesel na Amazônia sem a contribuição para maior devastação, mas ambientalistas afirmam que o plano vai efetivamente reduzir a área, que os donos de terras devem preservar da floresta, de 80 para 50 por cento, e por meio disso acelerarão a conversão da floresta e quebrará uma promessa feita anteriormente por Minc de que o governo não faria mudanças na restrição. A iniciativa apelidada de "Floresta Zero" permite ao dono da terra contar a plantação de dendezeiros e outras espécies exóticas como parte exigida da sua "reserva florestal legal". A lei existente demanda o uso de espécies nativas na regeneração da floresta para o estabelecimento de reservas florestais legais.

Grupos conservacionistas dizem que uma vez que as plantações são biologicamente mais pobres que as florestas naturais, elas iriam prejudicar a biodiversidade. 12 ONGs demonstraram oposição às mudanças propostas ao código florestal em uma declaração feita nesta sexta-feira.

Minc respondeu à carta na terça-feira. Em notas citadas pela Folha de São Paulo Minc concordou que a proposta tem um foco econômico e não ecológico.

"A idéia de recuperar áreas devastadas com apenas espécies nativas é mais interessante para a biodiversidade, mas não há um estímulo econômico," ele disse.

O ministro brasileiro da agricultura estima que a área cultivada de dendezeiros na Amazônia Legal poderia expandir de 60.000 acres atuais para mais de 6 milhões de hectares sem a necessidade de esvaziar as terras de floresta.

Óleo de dendê na Amazônia

Ambientalistas temem que o Floresta Zero possa fornecer um novo estímulo para plantações em larga escala na Amazônia. No mês passado o Brasil assinou um acordo com a Autoridade de Desenvolvimento de Terra da Malásia (FELDA) para estabelecer 100.000 hectares (250.000 acres) de plantações de dendezeiros em áreas de floresta próximas a Tefé no estado brasileiro do Amazonas.

Atualmente pouco óleo de dendê comercial é produzido na região parcialmente devido à natureza tradicional dos fazendeiros brasileiros e preocupações com pragas, mas a entrada de produtores líderes da indústria na Malásia pode servir de modelo e rapidamente aumentar a visibilidade do óleo de dendê como uma forma viável de uso da terra. Como a maior produção mundial de semente de oleaginosa do Mercado de massa o óleo de dendê possivelmente oferecerá melhor retorno financeiro do que as fazendas de gado e fazendas mecanizadas de soja, que são as atividades agrícolas dominantes na Amazônia Brasileira. Ela empregará um grande número de pessoas (plantações de dendezeiros podem empregar um trabalhador para cada 8-10 ha enquanto que um único vaqueiro pode cuidar de 4.000 – 5.000 cabeças de gado pastando em centenas de ha de terra).

O potencial para a plantação de dendezeiros na Amazônia Brasileira é grande: o Woods Hole Research Center estima que 2,283 milhões de quilômetros quadrados (881.000 milhas quadradas) de área de floresta sejam apropriados para os dendezeiros, uma área muito maior em extensão que aquela que poderia ser convertida para soja (390.000 de quilômetros quadrados) ou cana de açúcar (1,988 milhões de quilômetros quadrados). Woods Hole calcula que essa área encarcera cerca de 42,5 bilhões de toneladas (gigatons) de carbono em biomassa acima da terra, ou quase seis vezes as emissões globais de 2006. Ao converter essa área para os dendezeiros seriam liberados cerca de 60% desse carbono.

A expansão de dendezeiros na Amazônia provavelmente será facilitada por projetos de infra-estrutura atualmente já encaminhados nessa região, incluindo a construção de rodovias, expansão do porto, e novos projetos de hidroelétricas. Os produtores de dendezeiros podem também se beneficiar de um subsídio da venda de madeira pela qual madeira de lei de uma parte da terra ajuda contrabalancear o custo de formação da plantação. Antes do recente aumento no preço do óleo de dendê, a venda de madeira foi um elemento chave para a lucratividade das plantações de dendê no Sudeste da Ásia.






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