Notícias ambientais

Pássaros enfrentam maior risco de extinção do que convencionalmente se pensa

Pássaros enfrentam maior risco de extinção do que convencionalmente se pensa

Pássaros enfrentam maior risco de extinção do que convencionalmente se pensa
Uma entrevista com o ornitologista Dr. Cagan Sekercioglu
pt.mongabay.com

Traduzido por Marcela V.M. Mendes
6 de Agosto, 2008





Pássaros podem enfrentar maiores riscos de extinção do que tradicionalmente se pensa, diz um especialista em ecologia dos pássaros e conservação da Universidade de Stanford.



Dr. Cagan H. Sekercioglu, um cientista-pesquisador senior de Stanford e líder do maior projeto de rastreamento por rádio de pássaros tropicais do mundo, estima que 15 por cento das 10.000 espécies de pássaros do mundo serão extintas ou ameaçadas de extinção até 2100 se medidas necessárias á conservação não forem tomada. Enquanto os pássaros são um dos menos ameaçados de um grupo maior de organismos, Sekercioglu acredita que a mudança climática, perda de habitat, e outros fatores poderiam conspirar para duplicar essa proporção até o final do século. Por mais extremo que isso soe, Sekercioglu diz que muitos pássaros ameaçados são mais raros que pensamos e quase 80 por cento dos pássaros previstos serem extintos pela mudança climática ainda nao estao sendo considerados ameaçados de enxtinção, sugerindo que a perda da espécies pode ser muito pior do que imaginado. Em um risco particular estão as espécies marinhas e especialistas em habitats montanhosos.



Sekercioglu em Angola

“Milhares de espécies de pássaros estao confinadas nas florestas tropicais de montanha que esão se deslocando devido a mudança climática,” ele explicou. “Essas espécies de pássaros também são muito sensíveis ao clima portanto sua distribuição se estreitará conforme eles se movem para as montanhas em resposta às temperaturas mais quentes. Algumas espécies eventualmente ficarão sem lugar, um fenômeno que eu chamo de “a escala para extinção”, uma assustadora “passagem para o céu”. Isso se aplica a outros organismos também, particularmente espécies menos móveis como os anfíbios ou plantas, mas temos poucas informações sobre os deslocamentos que estão acontecendo nos trópicos.”



“Cerca de metade das espécies de pássaros marinhos já se encontram ameaçados ou perto de estarem ameaçados de extinção. Isso é o dobro da taxa dos pássaros da floresta. Pássaros marinhos se reproduzem bem devagar e portanto são sensiveis à mortalidade adulta que resulta de ser pego em linhas de pesca quando tentam pegar a isca. Além disso, suas colonias de reprodução são vulneráveis a predadores introduzidos como gatos e ratos. E agora eles têm de lidar com os crescentes niveis de CO2 que causam aumento da temperatura do oceano e acidez, levando a deslocamentos dos passaros marinhos para o solo.”



Sekercioglu acredita que os esforços de conservação serão a chave para impedir a extinção em massa entre os pássaros e outros organismos. Em particular, Sekercioglu diz que conservar habitats intactos e aumentar a capacidade da paisagem dominada pelo homem — como terras agrícolas tropicais — para apoiar a biodiversidade poderia sustentar muitas espécies que de outra forma poderiam ser extintas devido às mudanças e a cobertura da terra.



Sekercioglu banding birds in Las Cruces, Costa Rica.

“A paisagem agrícola provê uma grande oportunidade de conservação,” Sekercioglu disse a mongabay.com. “Paisagens tropicais dominadas pelos homens deveriam ser melhor integradas a programas de conservação ao invés de serem consideradas sem esperança. Elas também oferecem uma grande oportunidade para os ecologistas de restauração, tanto para pesquisa quanto para a conservação aplicada.”



Sekercioglu — que dirige três projetos de pesquisa em conservação: em sua terra-natal, a Turquia, Costa Rica e Etiópia — diz que tais esforços devem envolver pessoas locais para ser eficiente.



“Qualquer projeto de conservação precisa considerar e envolver povos locais,” disse ele. “Mesmo sem garantir qualquer benefício financeiro, você pode trazer muitas pessoas locais para o seu lado trantando-as bem, enfatizando a importância global de sua terra-natal, e envolvendo a supervisão delas.”



Manakin branco, uma das espécies de núcleo estudadas por Sekercioglu que foi rastreada por radio intensivamente ao redor de Las Cruces, Costa Rica.

Ele acrescenta que o ecoturismo é uma das maneiras pela qual as comunidades locais podem se beneficiar da conservação.



“O ecoturismo pode ser imprescindível em envolver pessoas locais já que pode prover importantes fundos se conduzido em escala local, pode prover excelentes oportunidades para a educação ambiental que pode levar a empregos como guias, visitantes de toda parte do mundo criam camaradagem internacional, e a atenção faz com que o povo local se orgulhe de sua herança natural e cultural.”



Sekercioglu discutiu conservação e sua pesquisa em uma entrevista concedida em Julho de 2008 a mongabay.com




Uma entrevista com Dr. Cagan Hakki Sekercioglu




Mongabay: Voce foi recentemente premiado com o prestigioso Whitley Gold Award pelos seus esfor conservacionistas na Turquia. Como você passou de uma carreira em Wall Street para um especialista em rastreamento de pássaros?



Sekercioglu radio rastreando pássaros.

Cagan Sekercioglu: Eu não estava exatamente e trabalhando em Wall Street mas foi certamente uma tentação em forma de uma proposta de emprego de um grande banco de investimento que estava procurando especialistas em ciência formados em Harvard com experiências quantitativas e honras como summa cum laude. Isso foi há 11 anos atrás. Mesmo sabendo que eu tenho Ph.D. e um cientista da Universidade de Stanford, eu ainda alcancei o salário inicial oferecido por aquele emprego fora da esfera educacional! Mas eu não me arrependo. Minha paixão é ajudar a biodiversidade do mundo enquanto vivo uma vida de baixo impacto ambiental. Fazendo ciência de ponta e conservação baseada em comunidade no mundo subdesenvolvido é muito mais significante para mim do que manter uma existencia de alto consumo. Muitas pessoas ricas procuram significado, querem ajudar o planeta, e ajudar em projetos de conservação. O Prêmio Whitley é um exemplo perfeito disso. Eu estou vivendo o sonho de muitas pessoas.



Eu sempre gostei de pássaros e comecei a observá-los em Istanbul quando tinha 15 anos. Na época, havia menos de vinte observadores de pássaros Turcos de 65 milhões. Ainda agora existem apenas algumas centenas. Eu fiz minha tese de graduação sobre os efeitos a longo prazo da extração seletiva de madeira nos pássaros da Floresta de Kibale, Uganda. Então fiz meu Ph.D. sobre as causas e consequencias da extinção dos pássaros, ambos no interior de Costa Rica e como parte de uma análise global baseada em uma database que criei de pássaros do mundo todo.




Mongabay: Como é conduzida sua pesquisa?



Cagan Sekercioglu: Eu tenho quatro projetos principais.



Sekercioglu no Pantanal Brasileiro com colegas Andras Baldi e Walter Jetz.

O projeto que eu dirijo há mais tempo é o “Dinâmicas da população da Floresta de Costa Rica e pássaros do interior do país” em Las Cruces, onde eu conduzi minha pesquisa de PhD com Gretchen Daily e Paul Ehrlich. Mongabay escreveu sobre nosso trabalho de rastreamento lá. Atualmente apoiado pela Universidade de Stanford, National Geographic Society, Fundos da Família Moore, e Fundo Koret, nós combinamos uma diversidade de métodos (recaptura marcada usando observação dos pássaros, rastreamento por rádio, análise GIS, monitoramento de ninho, análises isotópicas e moleculares, pesquisas de vegetação e medidas microclimáticas) para estudar a ecologia e as dinâmicas da população a longo prazo das espécies nativas de pássaros nas florestas vs. fragmentos de floresta e habitats modificados pelo homem. Os objetivos primários são entender o uso pelos pássaros dos fragmentos da floresta e outros habitats tropicais do interior do país, obter medidas de mudanças da população a longo prazo em diferentes habitats, e implantar em habitats localmente compatíveis políticas de restauração que aumentam a viabilidade das populações regionais de pássaros. Desde 1998, temos coletado cerca de 50.000 pássaros de 250 especies. Além disso para coletar os pássaros, nós rastreamos cerca de 450 indivíduos de 11 especies, que de acordo com nossos conhecimentos, é a maior amostra de pássaros tropicias rastreados por radio no mundo. Nós também monitoramos centenas de ninhos de aves para medir o sucesso da reprodução, investigar a malária em aves e outros parasitas sanguineos, usamos biologia molecular para entender a conectividade da população, e usamos isótopos estáveis das penas para entender a dieta dos pássaros e padrões de migração.



Na Turquia, minha ONG KuzeyDoga dirige uma série de projetos apoiados pelos Fundos Christensen e Whitley, UNDP, e o Programa Liderança em Conservação. Esses incluem a direção das únicas estações de coleta de pássaros no leste da Turquia, fazendo restauração de pântanos, conduzindo o único experimento de restauração ecológica do leste eregindo gados em importantes áreas alagáveis, usando armadilhas com câmeras para estudar lobos, ursos e outros carnívoros, e entrevistando os que moram nas vilas para pesquisa etnobotânica. Nós colaboramos com a Universidade Kafkas de Kars e 19 Universidades Mayis de Samsun. Nosso foco é construir capacidade local, treinar estudantes e realizar conservação aplicada, enquanto colabramos com uma série de experts dos ilustradores científicos para os especialistas da dragonfly. Detalhes estão no
www.kuzeydoga.org



Assistentes de campo de Sekercioglu em Costa Rica

Na Etiópia, também apoiado pelo Fundo Christensen, eu dirijo o Pojeto Educação de Pássaros Etiópia (para educar pessoas, e não pássaros!), que conduz a educação ambiental e a capacidade de construção para todos desde a escola primária, estudantes de graduação a pessoas locais sem instrução alguma. Estamos trabalhando para estabelecer o Programa oficial de observação de pássaros da Etiópia, para ser levado a diante pelo povo da Etiópia. Para que isso ocorra, estamos treinando-os para se tornarem observadores licenseados. Trabalhamos com a Ethiopian Wildlife e a Sociedade de História Natural, Universidade de Awassa, College of Agriculture e Wondo Genet Forestry College para estudar as comunidades de pássaros da savana, shade coffee, floresta montane, e pântanos com a observação de pássaros e pesquisas.



Eu também dirijo meta-análises sobre ecologia de pássaros, conservação e futuros cenários de extinções usando uma database sobre ecologia de pássaros que eu compilei a partir de centenas de livros de pássaros e artigos com a ajuda de estudantes e voluntários. A database tem mais de 600.000 entradas em uma escala de variáveis como dieta, habitats, tamanho, massa corporal, região e status de conservação. Publicações e mais detalhes de minha pesquisa estão em
www.sekercioglu.org




Mongabay: Enquanto você tem trabalhado pelo mundo todo, você passou algum tempo em Kars, Turquia, uma região mais famosa por seu frígido inverno do que por sua biodiversidade. Como é pesquisar a vida dos pássaros de Kars?



Sekercioglu em tempo muito frio em Hokkaido, Japão

Cagan Sekercioglu: Kars é similar ao Alaska de certa maneira. É um lugar selvagem que pode chegar a -50 C no inverno, mas entre Abril-Outubro, é muito agradável. Até mesmo no inverno, é uma paisagem bonita coberta por neve onde você pode ver raposas e lobos. Kars é em sua maior parte repleto de pastagens de estepe, campos de trigo, e terras que são inundadas pelo rio Kars sazonalmente, e lagos. Kars ainda tem extensas florestas amarelas de pinheiros em Sarikamis. No sul, há o mais temperado vale Aras River valley, uma área chave da biodiversidade com orchards. Kars é mais um platô mas pode chegar a 3000 m nas montahas Allahuekber e abaixo de 1000 metros no Aras Valley. Trabalhamos em maior parte no ecossistema pântano/pastagem/rio na Universidade de Kafkas, floresta Sarikamis, Lago Kuyucuk, e o Rio Aras entre Kars e Igdir. Nós conduzimos estações de observação de pássaros at the latter two sites e fazemos pesquisas durante o ano. Nós algumas vezes temos que mergulhar na neve profunda no inverno para contar os pássaros e, em Agosto, pode chegar perto de 40 C no Aras, onde temos que usar roupas de borracha para checar os ninhos sobre os lagos. No Lago Kuyucuk, ficamos em uma cabine de 9 metros quadrados sem banho e cozinhamos em um fogão LPG. As redes são checadas a cada hora, 24 horas por dia, sem folgas durante o outono e a primavera inteira. Apesar de revezarmos as pessoas, nossa equipe de captura de pássaros trabalha sem folga por três meses no outono e na primavera. Precisamos de mais pessoas mas na Turquia existem apenas oito capturadores certificados, incluindo eu mesmo. No entanto, nosso projeto está treinando duzias, educando centenas, e construindo capacidade de conservação crítica e capacidade de pesquisa ecológica.




Mongabay: Quais as maiores ameaças aos pássaros? Qual sua previsão para os pássaros para o próximo século?



Cagan Sekercioglu: Baseado em quatro análises complementares que eu conduzi com meus colegas, eu estimo que cerca de 15% das 10.000 espécies de pássaros do mundo serão extintas ou comprometidas com a extinção até 2100. Tenha em mente que os pássaros estão entre os menos ameaçados de qualquer grupo maior de organismos (e.g. plantas, mamíferos, anfíbios, moluscos). Infelizmente, as coisas estão ficando piores, então esse número pode ser que fique maior, tanto quanto 2 de 5 espécies de pássaros. Globalmente, a perda de habitat está no topo das ameaças. A mudança climática está se tornando uma ameaça cada vez maior, e forçando mudanças em escalas de espécies, isso aumenta os efeitos da perda de habitat (e vice versa). Em nosso trabalho de abril de 2008 em Conservação de Biologia, previmos que até 30% dos pássaros de solo podem ser extintos até 2100 devido a uma combinação de mudança climática e perda de habitat. Mais preocupante ainda, 79% das espécies de pássaros que nós previmos estar extintas ainda não foram consideradas ameaçadas pela extinção. Isso é porque muntas dessas espécies são endêmicas ás montanhas tropicais onde ainda há um pouco de habitat, mas é muito sucetível a mudança climática e resultantes deslocamento de vegetação.



Sekercioglu na Floresta da Malásia

Espécies introduzidas como gatos, ratos, cães, porcos, cobras e cabras também se tornam grandes ameaças, especialmente em ilhas. Gatos ferozes e gatos domésticos que vagam livremente matam pássaros em qualquer lugar. Centenas de milhões de pássaros anualmente são mortos por gatos domésticos só nos Estados Unidos. Nós podemos simplesmente evitar isso mantendo os gatos dentro de casa ou ao menos neutralizando- os e colocando neles um CatBibTM (Eu não tenho nenhuma conexão financeira em sugerir o CatBib). Infelizmente, muitos proprietários continuam dando desculpas pelos danos causados por seus gatos, alguns continuam alimentando gatos ferozes ilegalmente (incluindo as reservas de Stanford), e alguns adoradores de gatos atacarão qualquer pessoa que fale sobre os danos causados á vida selvagem. Estou certo de que receberei alguns emails odiosos por dizer isso. Os gastos não são nativos dos Estados Unidos, 90 milhões de gatos dosméticos estão simplesmente ultrapassando humanos, e ironicamente, o ancenstral selvagem do gato doméstico, Felis sylvestris desapareceu da maior parte da Europa. Se as pessoas gostam verdadeiramente dos gatos, elas deveriam fazer muito mais para salvar as 36 espécies de gatos selvagens. Todas as populações de espécies estão declinando e 26 delas estão ameaçadas de extinção.



Outras grandes ameaças ao pássaros incluem comércio de pássaros silvestres, pássaros capturados em longas linhas de pesca (especialmente de atum), caça de pássaros para alimentação, e poluição, tal como derramamento de óleo. Quanto mais nós consuminos, menos espaço deixamos para os pássaros e outras criaturas neste planeta.




Mongabay: Que tipos de pássaros são particularmente vulneráveis à mudança global (i.e. mudança climática e perda de habitat, modificação, e fragmentação)?



Sekercioglu em sua cabine na Estação Biológica em Las Cruces, Costa Rica.

Cagan Sekercioglu: Floresta Tropical, marinha, pastagens, e pássaros de montanhas, pássaros sedentários, espécies de lenta reprodução e epecializadas, estão especialmente vulneráveis. Muitas espécies de florestas tropicais, tais como understory insectivores, são especialistas extremos em habitats, não migram, e não deixarão a floresta mesmo se estiver muito fragmentada ou for empurrada para o topo de uma montanha. Muitas espécies de pássaros declinam e desaparecem dos fragmentos da floresta como resultado. Milhares de espécies de pássaros estão confinadas às florestas tropicais de montanhas que estão se deslocando mais devido à mudança climática. Essas espécies de pásaros também são muito sensíveis ao microclima então suas distribuições se estreitarão conforme eles se movem para as montanhas em resposta às temperaturas mais quentes. Alguns irão eventualmente ficar sem espaço, um fenômeno que chamei de escalada para a extinção, um assustadora “passagem para o céu”. Isso se aplica a outros organismos também, particularmente espécies menos móveis como anfíbios ou plantas, mas nós temos poucas informações sobre os deslocamentos que estão ocorrendo nos trópicos. Também sabemos muito pouco sobre a distribuição da maioria das espécies, mesmo aquelas de muitos pássaros, um grupo melhor conhecido que a maioria. Com meus colegas Walter Jetz e James Watson, temos mostrado que muitas espécies de aves das escalas globais (distribuições) são superestimadas. A superestima aumenta para as espécies que são mais especializadas, ameaçadas, e estreitando escala, significando que esses pássaros são mais raros do que pensamos e sua probabilidade de extinção são subestimadas. Mais da metade das espécies de pássaros marinhos já estão ameaçadas ou perto de ser ameaçadas de extinção. Isso é o dobro da taxa de pássaros florestais. Pássaros marinhos se reproduzem vagarosamente portanto são muito sensíveis á mortalidade adulta que resulta de ser capturado em linhas de pesca quando tentam capturar as iscas. Por isso, suas colonias de reprodução são bem vulneráveis á predadores introduzidos como gatos e ratos. E agora eles tem de lidar com os crescentes níveis de CO2 que causam aumento na temperatura dos oceanos e acidez, levando a deslocamento dos pássaros marinhos para se alimentar no solo.




Mongabay: O que você vê como a melhor maneira de financiar esforços de conservação? Como as pessoas locais podem se envolver mais na conservação? Qual é o papel do ecoturismo?



Cagan Sekercioglu: Tristemente, muito pouco da vasta quantidade de dinheiro de negócios e governos é gasto em conservação. Conservar nossos ecossistemas em colaboração com as pessoas locais que dependem deles não apenas traz enormes benefícios financeiros na forma de serviços de ecossistema, mas também aumenta a seguridade global melhorando a qualidade de vida de milhões de povos miseráveis, especialmente no mundo subdesenvolvido. Companhias de seguro estão as primeiras a perceber os custos financeiros da mudança climática e as necessidades das corporações de perceber que financiar conservação ajudará tanto suas imagens quanto suas linhas de fundo, mesmo se não se preocupam em viver em um mundo melhor, mais natural e saudável.



Uma Fiery-billed Aracari, uma das dezenas de milhares de pássaros da Costa Rica que tem sido estudados pela equipe de Sekercioglu. Foto de Cagan Sekercioglu.

Cada pessoa tem uma responsabilidade e mesmo em pequenas quantidades podem adicionar e fazer uma grande diferença. As pessoas deveriam procurar e doar para Ongs baseadas localmente que fazem um trabalho eficiente ou para organizações que garantem que o dinheiro vai diretamente para as comunidades locais. A internet está tendo um papel cada vez maior nisso.



Povos locais são críticos. Como todos nós, eles querem uma vida decente e qualquer projeto de conservação precisa considerar e envolver pessoas locais. A partir da minha experiência, eu percebi que simplesmente explicando nossos objetivos, ouvindo as pessoas locais, e trazendo-as para nosso lado como parceiras faz uma grande diferença. Comunidades rurais ao redor do mundo todo experimentaram muita discriminação e condescência, e são frequentemente muito humildes e auto-depreciativo. Eles apreciam enormemente quando são levados a sério e suas reivindicações atendidas. Mesmo sem garantir qualquer beneficio financeiro, você pode conseguir que muitas pessoas locais fiquem do seu lado tratando-as bem, enfatizando a importância da terra natal deles, e envolvendo a supervisão deles. Conhecimento local e tradicional é grandemente valioso, mas está desaparecendo rapidamente.



O ecoturismo pode ser crítico em envolver os povos locais conforme ele pode prover importante fundos se conduzido em escala local e provê excelentes oportunidades para a educação ambiental que pode levar a empregos como guias. Os visitantes que vêm de toda parte do mundo promovem camaradagem internacional e a atenção faz as pessoas locais se sentirem orgulhosas sobre sua herança natural/cultural.




Mongabay: Você tem algum conselho para quem se interessar em levar adiante uma carreira na área de conservação? (não necessariamente como um cientista)



Rastreamento por rádio do Tangara icterocephala perto de Las Cruces, Costa Rica

Cagan Sekercioglu: É competitivo conseguir um trabalho a longo prazo e você apenas vê esclarecimentos em documentários. Você tem que ser persistente, trabalhar duro, e com entusiasmo como em qualquer outro campo. Ajuda muito se você tiver algum treinamento formal, especialmente em ciências naturais e sociais relacionadas á conservação, mas igualmente importante é experiencia de campo. Voluntarie-se, voluntarie-se, voluntarie-se para a conservação e projetos de pesquisa quanto você puder. Se você conseguir uma posição de voluntário, trabalhe duro, faça um bom trabalho e não aja como se estivesse fazendo um favor ao projeto. Há muita competição por posições de voluntários e se você trabalhar para impressionar, aquelas posições podem levar a empregos pagos ou uma boa recomendação que pode ser o início da sua carreira. Mantenha bons relacionamentos com cada pessoa, especialmente seus mentores, chefes, e colaboradores e eles continuarão a ajudar na sua carreira. É um campo relativamente pequeno e conectado. Vá a encontros de conservação, como rede de relacionamentos é importante como qualquer outra disciplina. Você pode não gostar do trabalho de campo, já que pode exigir muito, ou ser tediodo e até mesmo perigoso, mas você ainda pode ter uma carreira na conservação. Habilidades para os negócios são cada vez mais exigidas. O Projeto Capital Natural de nosso Centro de Conservação de Biologia na Universidade de Stanford é um bom exemplo. Então voce pode ajudar a conervar habitats e especies sem deixar seu escritório apesar de não haver graça nisso!




Mongabay: Onde é seu lugar favorito para trabalhar ou visitar?



Scale-crested Pygmy-tyrant (Lophotriccus pileatus) em Las Cruces, Costa Rica

Cagan Sekercioglu: t é impossível escolher um favorito. Eu amo a floresta tropical porque todo dia é uma nova surpresa. Você pode passar uma vida e ainda verá novas espécies. È muito excitante sair todo dia e estar a procura de algo incomum. Eu gosto muito especialmente das florestas tropicais foothill e florestas pré-montanhas porque a diversidade ainda está lá, mas não parece uma sauna e meu equipaemnte de fotografia e filmes dura mais antes de estragar com a humidade e/ou fungo. Eu gasto a maior parte da minha carreira trabalhando nas florestas pré-montanhas da Australia, Africa e América Latina. Eu sou cativado pelas florestas verdadeiramente remotas como em partes da Amazonia e Nova Guiné. Como um escalador, eu amo altas montanhas e ja escalei até 6310 m. Foi no pico de Chimborazo, Equador, onde acreditam-se ser o ponto de terra mais distante do centro da Terra. Eu amo a vitalidade, diversidade cultural, e a cor da Africa. Mas em relação á beleza da região selvagem inteira, é dificil competir com a Península Antártica. É como um outro planeta.




Exit mobile version