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Mudança do modelo de desflorestamento movido por pobreza para um modelo movido pela indústria pode beneficiar a conservação

Mudança do modelo de desflorestamento movido por pobreza para um modelo movido pela indústria pode beneficiar a conservação

Mudança do modelo de desflorestamento movido por pobreza para um modelo movido pela indústria pode beneficiar a conservação
pt.mongabay.com

Traduzido por Thomaz W. Mendoza-Harrell
12 de Agosto, 2008





Um deslocamento do padrão de desflorestamento movido por pobreza para outro movido pela indústria nos trópicos pode oferecer novas oportunidades para a conservação florestal argumenta um novo estudo publicado no periódico, Tendências na Evolução e Ecologia (Trends in Evolution & Ecology).



Citando pesquisas que demonstram uma transição nas forcas motivadoras da destruição de florestas tropicais, Rhett A. Butler da mongabay.com, um site sobre florestas tropicais, e William F. Laurance do Instituto Smithsoniano de Pesquisa Tropical no Panama, sugerem que a “industrialização” do desflorestamento pode oferecer alvos mais fáceis de identificar para grupos de pressão ambiental e que estes podem se mostrar mais suscetíveis à pressão de preocupações ambientais do que milhões de lavradores rurais empobrecidos.



“Em lugar de ser dominado por lavradores rurais, o desflorestamento tropical é hoje substancialmente movido por grandes indústrias — notadamente de agricultura em grande escala, mineração e madeira” disse Laurance. “Embora esta tendência seja bastante assustadora, torna-se muito mais fácil alvejar um punhado de corporações globalizadas do que milhões de lavradores empobrecidos morando na fronteira.”



Desflorestamento tornado corporativo









Fotos por Thomaz W. Mendoza-Harrell

As Nações Unidas estimam que 13 milhões de hectares de floresta sejam desbastados todo ano, uma quantia com pouca mudança nas ultimas décadas. Mas estes números mascaram uma transição do desflorestamento governamental e movido por subsistência para uma destruição movida por corporações.



Entre as décadas de 1960 a 1980, grande parte do desflorestamento era o resultado de políticas governamentais promovendo desenvolvimento rural, incluindo empréstimos para agricultura e construção de estradas. Estas iniciativas, particularmente no Brasil e na Indonésia motivaram o desflorestamento em grande escala por pequenos proprietários. Hoje, a estabilidade econômica, um Mercado global crescente, e um boom mundial de comodidades conspiram para criar um ambiente maduro para o desenvolvimento do setor privado. Em quanto que projetos de planejamento central e programas de alivio à pobreza eram antes as forças motrizes por traz da construção de estradas e esquemas de colonização, o ímpeto político por projetos de grande infra-estrutura vem hoje de interesses industriais buscando facilitar o acesso a mercados internacionais. O aumento na demanda por grãos, empurrado pela sede de bicombustíveis e o aumento na qualidade de vida nos países em desenvolvimento estão alimentando esta tendência.



Embora esta tendência seja freqüentemente vista com alarme, Butler e Laurance dizem que podem existir benefícios inesperados para iniciativas de conservação.



“Nos argumentamos que o deslocamento do desflorestamento motivado por pobreza para o desflorestamento industrializado pode oferecer novas oportunidades para a conservação das florestas tropicais porque é mais fácil para grupos de pressão atingir corporações e empresas que milhares de milhões de pobres lavradores que estão simplesmente tentando colocar comida na mesa para as suas famílias,” disse Butler. “Embora fique evidente que grupos ativistas estão efetivamente aplicando moratórias e campanhas de difamação, nos acreditamos que este estudo aponta porque esta estratégia tem possibilidades de continuar a ser eficiente quando comparada às abordagens anteriores. Já estamos vendo a indústria responder com iniciativas com a Mesa Redonda sobre Óleo de Palmeira sustentável, a moratória Brasileira da soja e moções da indústria madeireira no estado do Pará.”



“Diversas empresas financeiras incluindo: Goldman Sachs, JP Morgan Chase, Citigroup Inc. e Bank of America Corp. tem feito modificações nas suas práticas de empréstimos e financiamentos quando relacionados à destruição florestal depois de terem sido confrontadas por campanhas de grupos ambientalistas, ” ele continuou.



Entretanto, alguns os maiores produtores de comodidades do mundo como Cargill, o Grupo Maggi, Archer Daniels Midland, e Bunge concordaram e parar de processar soja proveniente de terras desflorestadas desde 2006. “Até o presente momento a moratória demonstra rsultados positivos.”



“Grupos ambientalistas estão usando cenouras além de paus” disse Laurance. “Muitas corporações multinacionais estão produzindo produtos mais verdes porque são mais lucrativos. Por exemplo, o mercado de produtos de madeira eco-amigável deve valer dezenas de bilhões de dólares nos Estados Unidos até 2010.”



Desafios à frente



No entanto, Butler e Laurance advertem que em alguns mercados notavelmente na Índia e na China, existe menos preferência dos consumidores por produtos ecologicamente corretos. Além disso, a lavagem verde (“greenwashing”), ou seja, a maquiagem das qualidades ambientais de um produto também posam desafios para realmente reduzir o impacto das indústrias no planeta. Finalmente, as atividades industriais podem em alguns casos criar forte ímpeto econômico para uma infra-estrutura de devastação florestal.






Fotos por Thomaz W. Mendoza-Harrell

“Estradas e projetos de transporte são ainda uma causa crucial no desflorestamento em muitas regiões,” explicou Laurance. “Muitas atividades industriais (corte de madeira, mineração, exploração de petróleo e gás) promovem desflorestamento indiretamente ao promoverem o incentivo econômico para a abertura de estradas. Existe portanto uma interação entre o desflorestamento promovido por interesses indústrias globais e por pequenos colonos e lavradores. Um facilita o outro.”



Mesmo assim, Butler e Laurance estão cautelosamente otimistas que os mercados emergentes para os serviços oferecidos por saudáveis ecossistemas florestais —incluindo a estocagem de carbono, proteção contra enchentes, manutenção da biodiversidade e chuvas — possam oferecer novos incentivos para que os tradicionais devastadores de florestas possam ver e abraçar as florestas como bens valiosos.



“Se os mercados de serviços provenientes de ecossistemas puderem tornar a conservação de florestas uma empreitada lucrativa para as empresas o custo oportunidade do desflorestamento irá aumentar dramaticamente,” disse Butler. “O resultado disso pode ser a conservação empresarial de terras selvagens. Claro que a chave para o sucesso deste esforço é assegurar que as populações rurais e habitantes das florestas compartilhe as divisas. Sem a sua parceria o desflorestamento não irá parar.”





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