Mover as espécies pode ser a única maneira de salvá-las da mudança climática
Mover as espécies pode ser a única maneira de salvá-las da mudança climática
Jeremy Hance, pt.mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
6 de Agosto, 2008
Tempos de desespero pedem medidas desesperadas, de acordo com um novo papel na Ciência. Cientistas da conservação dos Estados Unidos, Inglaterra e Australia estão pedindo pela consideração de uma técnica controversa de conservação: migração assistida. De acordo com a política, as especies seriam relocadas para locais “onde os fenomenos não ocorrem atualmente ou não tem tido registro de sua ocorrência na história”.
Os cientistas acreditam que certas espécies enfrentam grandes ameaças da mudança climática e a unica maneira de salvá-las da extinção pode ser a migração assistida. Conforme o globo se aquece, a migração natural para habitats favoráveis será impossível para muitas especies — com seus caminhos bloqueados tanto por barreiras naturais ou causadas por humanos. Em seu trabalho os pesquisadores advertem que “ecossistemas inteiros, tais como florestas de nuvens e recifes de corais, podem deixar de exercer suas atuais funções em suas formas atuais.”
Os pesquisadores estabeleceram parâmetros para ajudar os conservacionistas a decidir se uma espécies ameaçada seria uma boa candidata para a migração assistida. Isso inclui completo conhecimento das necessidades de habitat das espécies, se seria ou não mais fácil para a espécie ser coletada e transportada e se há habitat apropriado disponível ainda. Além disso, questões sociais, tais como o custo envolvido e o ‘valor’ (monetário e/ou aestetico) das especies, precisariam ser levados em conta.
O maior desafio da migração assistida, no entanto, é determinar o impacto das espécies que tenham sido migradas em seu novo ambiente. “O mundo está repleto de exemplos onde mover as espécies além de suas escalas atuais para dentro de paisagens naturais e agrícolas teve impactos negativos,” escrevem os cientistas, observando o exemplo do sapo cana na Australia, que teve um efeito devastador sobre o meio ambiente e as espécies nativas. Os pesquisadores afirmam que antes que qualquer decisão seja tomada, os conservacionistas devem determinar se o risco de extinção garante possíveis riscos para o novo ambiente. Apenas se o anterior for alto e o último baixo, daí a migração assistida pode ser uma opção viável.
“Passivamente assistir a migração de recifes de corais pode ser aceitável, mas transplantar ursos polares para a Antartica, onde eles provavelmente levariam os pinguins nativos à extinção, não é aceitável,” um dos pesquisadores do projeto, Professor Camille Parmesan, disse.
Outro membro da equipe de pesquisadores, Professor Chris Thomas, afirmou que a equipe não estava advogando a favor da migração das espécies pelos continentes e oceanos. “Mover as espécies entre os continentes causou todos os tipos de problemas, e deu á translocação uma péssima imagem entre as organizações conservacionistas. Mas não é isso que estamos sugerindo. A ecologia tem evoluido muito desde entao, e agora sabemos que as espécies em deslocamento dentro da mesma região geral (e.g., da França a Inglaterra) dificilmente causaram sérios problemas biológicos. O tempo está se aproximando rapidamente enquanto precisamos identificar as espécies que precisariam ser protegidas.”
Apesar da natureza controversa da migração assistida, Parmesan diz que mais e mais conservacionistas estão levando a questão em consideração: “Quando eu levantei essa idéia cerca de 10 anos atrás em encontros de conservação, a maioria das pessoas ficaram horrorizadas. Mas agora, conforme a realidade do aquecimento global nos desespera, e espécies já estão ameaçadas e até sendo extintas por causa da mudança climática, Eu estou vendo uma nova vontade na comunidade de conservação em pelo menos falar sobre a possibilidade de ajudar as espécies movendo-as.”
Se a migração assistida se provar impossível por qualquer número de razões, outras táticas podem ser empregadas. Os cientistas sugeriram manter populações inteiras de espécies em cativeiro, juntamento com o uso de banco de espermas para preservar os ovulos e espermas para reproduções futuras.
De acordo com os pesquisadores, no entanto, a melhor coisa para a vida selvagem do mundo é usar todos nossos meios para abrandar os efeitos da mudança climática. “Podemos ir tão longe ajudando as espécies a se adptarem a mudaça climática, mas nao seremos bem sucedidos se altos niveis de mudança climática ocorrerem,” Thomas afirmou.