Furacões podem ser parados ou desviados?
Rhett A. Butler, pt.mongabay.com
Traduzido por Fábio Perecin Foltram
5/9/2008
Com Gustav ameaçando ser o segundo grande furacão a atingir Nova Orleans nos últimos três anos, pergunta-se, alguma coisa pode ser feita para direcionar ou pelo menos abrandar tempestades em áreas altamente povoadas? Atualmente a resposta é não, entretanto daqui a algum tempo teremos meios de diminuir a intensidade destas tempestades tropicais. Enquanto isso, a melhor opção é evitar novas construções em regiões propensas a furacões.
Nos anos 60 e 70, o governo dos Estados Unidos tentou enfraquecer furacões pulverizando tempestades com iodeto de prata (a China se utilizou desta técnica como uma tentativa de induzir tempestades para diminuir a poluição atmosférica nos Jogos Olímpicos de Pequim). Este experimento chamado Stormfury, buscava testar a teoria de que a pulverização aumentaria a precipitação fora do núcleo da tempestade, provocando seu colapso e conseqüentemente a diminuição dos ventos. O experimento foi inconclusivo, mas é improvável que este mecanismo pudesse reduzir a magnitude de um enorme furacão.
Atualmente pesquisadores estudam outras maneiras de abrandar furacões e outras tempestades tropicais. Alguns metereologistas acreditam que pequenas mudanças de temperatura dentro e ao redor de um furacão podem mudar seu padrão ou afetar sua intensidade.
Formação de furacões De acordo com a Wikipedia, cinco fatores são necessários para possibilitar a formação de um furacão: temperatura da superfície marinha acima de 26,5 graus Celsius até, pelo menos 50 metros de profundidade; condições atmosféricas condizentes com a formação de uma tempestade (temperatura caindo rapidamente de acordo com a altitude e uma troposfera média úmida); uma perturbação climática já existente; uma latitude de pelo menos 10 graus da Linha do Equador, de modo que o efeito Coriolis seja forte o bastante para iniciar a rotação da tempestade; e ausência de ventos verticais, que poderiam quebrar a estrutura vertical de um ciclone tropical. A temporada de tempestades tropicais e de furacões começa em agosto e vai até outubro, com quase todos os ciclones tropicais sendo formados em até 30 graus do Equador. Furacões geralmente atingem a Costa do Golfo e a Costa Leste Americana, entretanto é possível que uma tempestade atinja o sul da Califórnia. Dados do NOAA (órgão para assuntos sobre Meteorologia, Oceanos, Atmosfera e Clima) indicam que São Diego foi atingido por um furacão em 1858. O aquecimento dos oceanos poderia aumentar a probabilidade de ocorrências parecidas no futuro. |
Cientistas do Centro de Pesquisas Atmosféricas e Metereológicas (AER), uma empresa de consultoria em pesquisas e desenvolvimento, estão modelando furacões para estudar os efeitos que um aquecimento atmosférico poderia ter em seus padrões e em sua força. Em um artigo de 2004 na Scientific American, Ross N. Hoffman da AER sugeriu que, eventualmente, uma cadeia de estações solares em órbita poderia fornecer energia suficiente para a dissipação de um furacão. Através do aquecimento de áreas do oceano, cientistas no futuro poderiam desviar a rota de um furacão que ameaçasse centros povoados. Hoffman admite que a quantidade de energia necessária para alcançar este objetivo é considerável.
Como furacões obtêm sua energia da água do mar evaporando, cortar o suprimento de água quente poderia reduzir sua força. Se utilizando desta premissa, Hoffman sugere uma técnica envolvendo a aplicação de “uma fina camada de óleo biodegradável” para reduzir a evaporação que serve de combustível para um furacão. Mais pesquisas são necessárias para determinar até onde esta estratégia é válida, especialmente com um grande furacão que cobre centenas de milhas quadradas de superfície marinha.
Outras investidas envolvendo o reboque de icebergs ou a detonação de bombas nucleares oferecem mais riscos do que uma eventual proteção.
Controle Metereológico provoca outras preocupações
Enquanto soluções técnicas para estes fenômenos metereológicos podem se tornar possíveis, existem outros problemas que devem ser solucionados. Por exemplo, quem iria determinar quais tempestades tropicais e furacões seriam priorizados? Todos os anos acontecem dúzias de distúrbios climáticos, destes apenas cinco ou seis realmente se tornam furacões. Além disso, “e se esta intervenção causar um furacão em outro país?” pergunta Hoffman. E se países começarem a usar o clima como arma de destruição em massa?
No momento, estas questões são apenas teóricas. Por enquanto o foco deveria ser na sabedoria em se construir em locais altamente suscetíveis a furacões. Enquanto os oceanos continuarem a esquentar os furacões só ficarão mais fortes e serão uma grande ameaça a cidades costeiras de baixa altitude como Nova Orleans.