Frequentemente negligenciados, pequenos gatos selvagens são importantes e enfrentam problemas
Frequentemente negligenciados, pequenos gatos selvagens são importantes e enfrentam problemas:
Uma entrevista com o especialista em pequenos gatos selbagens Dr. Jim Sanderson
Rhett A. Butler, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
19 de Agosto, 2008
Enquanto frequentemente ofuscados por seus parentes maiores e mais conhecidos como os leões, tigres, leopardos e jaguars, os pequenos gatos são importantes indicadores da saúde de um ecossistema, diz um especialista em pequenos selvagens que usa armadilha de cameras extensivamente para documentar e monitorar mamiferos na selva.
Dr Jim Sanderson, um cientista da Aliança de Conservação de Pequenos Gatos e Conservação Internacional, está trabalhando para salvar alguns dos gatos mais raros do mundo, incluindo o gato Andino e Guigna da America do Sul e a baía, gatos de cabeça chata, e gatos marmoreados do Sudeste da Asia. No processo, Sanderson capturou em filme alguns dos últimos animais vistos no planeta, incluindo algumas espécies que nunca antes foram fotografadas. Ele também descobriu que apesar de muitas críticas, algumas entidades de corporações estão efetivamente protegendo áreas selvagens remotas. Ele cita o projeto bauxita da BHP Billiton nas montanhas Bakhuys do Suriname como exemplo.
Jim Sanderson com um gato Andino vivo na Bolivia. Foto por Lillian Villalba. |
“Se conduzidos apropriadamente, esses locais podem ser melhor protegidos que um parque nacional porque em um parque nacional o público é permitido. Nessas áreas ninguém é permitido exceto os trabalhadores e seu comportamento é rigidamente controlado e monitorado,” ele explicou. “Então é bem fácil para mim enxergar uma parceria entre industria e conservacionistas… Além disso, eles têm dinheiro para apoiar projetos de pesquisa.”
Sanderson estabeleceu um projeto de armadilha de câmera em larga escala que monitora o impacto da extração de bauxita nos 240.000 hectares de concessão da BHP Billiton. Apesar de que a mineração será limitada a uns milhares de hectares dentro da concessão, Sanderson usará uma coleta extensiva de imagens como uma base para determinar como a vida selvagem é afetada pelas atividades de mineração. A armadilha de camera já deu a Sanderson um insight do comportamento de espécies animais residentes, incluindo relacionamento presa-predador, densidades da vida selvagem, e habitos de acasalamento e reprodução.
“Temos fotos de jaguars carregando tatus em suas bocas, e temos uma foto de um puma derrubando um jovem veado de cor avermelhada no solo. Então, temos alguma indicação do que esses predadores estão comendo,” ele disse a mongabay.com. “Mas também temos comportamento de acasalamento. Temos fotos repetidas de jaguars copulando em frente ás câmeras. Todas essas fotos do acasalamento de jaguars foram tiradas em Maio e Junho, que acabou sendo do final da longa estação de chuvas. Então suspeitamos que não seja verdade que esses animais se reproduzem durante o ano inteiro, mas na verdade eles reproduzem em uma certa época do ano em resposta ás chuvas, e tem seus jovens meses depois durante a estação de secas.”
Sanderson discutiu seu sucesso com a armadilha de camera (incluindo sua preferencia por filme ao inves de cameras digitais), os esforços para salvar espécies selvagens de gatos através da Aliança de Conservação de Pequenos gatos, e comportamento de pequenos gatos em uma entrevista a mongabay.com em Paramaribo, capital do Suriname.
Como você pode ajudar
Quando questionado sobre como as pessoas podem ajudar na conservação de pequenos gatos, Sanderson disse que pequenos gatos soa tipicamente negligenciados pelos zoológicos. Apenas pedindo para ver os pequenos gatos quando for ao zoologico, poderia ajudar a redirecionar ênfase e possibilidade de fundos de conservação para preservar os pequenos gatos na vida selvagem.
“A maioria dos zoológicos da Associação Americana Zoológica (AZA) não exibem pequenos gatos porque não acreditam que o público os queira ver. Ao invés eles exibem os grandes gatos e os pequenos carismáticos,” disse ele. “Quando você visitar um zoológico peça para ver algo incomum — os pequenos gatos selvagens.”
As doações também ajudam: Wildlife Conservation Network
UMA ENTREVISTA COM DR. JIM SANDERSON
Mongabay: Qual sua formação e que tipo de trabalho você faz com os pequenos gatos?
Jaguars no Suriname. Foto por Steve Chin A Foeng e Jim Sanderson |
Jim Sanderson: Eu tenho PhD em matemática e fui um matemático por 20 anos. Eu decidi me reeducar e me tornei interessado na conservação dos pequenos gatos. Eu voltei a faculdade, me formei em biologia e comecei meu PhD em ecologia da vida selvagem e conservação na Universidade da Florida. Eu na verdade, nunca recebi meu PhD porque meu professor disse que eu já tinha um PhD e já havia publicado trabalhos suficientes. Enquanto eu estive lá eu fui co-autor de dois livros com meu professor. Um deles já está em sua segunda edição e nós estamos trabalhando na terceira edição. Já que eles praticamente me expulsaram do programa de PhD prematuramente, Eu fui trabalhar com a Conservação Internacional.
Eu estive fazendo meu PhD sobre o Guigna, que é um pequeno gato selvagem do Sul do Chile que nunca havia sido estudado antes. Tudo que tinhamos era uma fotografia de um indivíduo vivo. A extensão total de nosso conhecimento sobre esse gato era a foto e algum conteudo estomacal de espécies de museu, que foi coletado em 1919. Dadas essas circunstanceas, as pessoas estavam bem desencorajadas e os financiamentos eram quase inexistentes, mas no entanto eu me aventurei de cabeça nisso.
Em 1997 eu consegui capturar um e demonstrar que sabiamos onde eles estavam. Um ano depois eu voltei e capturei oito em treze dias e coloquei colares de radio neles. Esse foi o primeiro estudo jamais feito com o Guigna.
Altiplano boliviano com um gato Andino e gato Pampas mortos e secos |
No mesmo ano, eu fui procurar pelo gato andino, que é o mais ameaçado das Américas. O gato Andino foi fotografado duas vezes: uma vez por um fotógrafo profissional e uam vez por um turista da Nova Zelândia que estava viajando pelos Andes. Então para começar, eu tinha uma foto do gato Andino tirada perto de polo laranjado. Tudo que eu sabia era que ele era do norte do Chile. Mais uma vez as pessoas me disseram que eu era louco, que eu nunca acharia esse gato, que eu desperdiçaria muito tempo e dinheiro procurando por ele. Mas na verdade, após seis semanas, eu vi o gato pela primeira vez e quando me aproximei para ver mais de perto, ele veio para me ver mais de perto também. Então a 4300 metros (14,100 pés) eu comecei minha perseguição por um gato que estava tão curisoso sobre mim quanto eu estava sobre ele.
As fotografias apareceram na National Geographic em Fevereiro de 2000. Baseadas nessas fotografias fomos capazes de começar um programa de conservação em quatro países que foi financiado pela Wildlife Conservation Network. Eu sou agora um sócio, um dos oito sócios, da Wildlife Conservation Network (wildnet.org). Nosso projeto do gato Andino ainda está ocorrendo lá; é um projeto muito bem sucedido.
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Eu estive trabalhando em Borneo, China, e Sumatra. Na China fomos atrás de algo chamado Gato Chinês da Montanha. Agora esse é o gato que foi descrito em 1892 por um Francês no museu de Paris. As peles foram adquiridas durante uma expedição para a China por volta de 1890 e trouxe de volta ao museu de Paris onde eles foram identificados por um mamologista francês como uma espécie de gato desconhecida para a ciência. Foi o último novo gato a ser descrito.
Quando começamos, nós não sabíamos onde procurar. Não sabiamos seu habitat e ele nunca havia sido fotografado na selva. Durante o período de quatro anos eu fui e voltei para a China para tentar descobrir onde esse gato vivia. Eventualmente eu cheguei a uma vila onde os Tibetanos estavam usando chapéus feitos desse gato então eu soube que era em algum luga do plateau Tibetano. Eu falei numerosas vezes sobre minha procura por esse gato e um jovem homem tibetano disse, ‘Eu vi esse gato. Eu me lembro quando era criança meu pai tinha peles desse gato. Etou certo de que esse gato vive nos arredores da minha vila.’ Ele disse que viva no lado leste do Tibet, nos escarpados perto de Szechwan. ‘Temos que ir a minha vila.’ Então entramos em um ônibus. Era cerca de onze horas de ônibus pelas montanhas da China. Chegamos na vila e as pessoas usavam a pele do gato. Quase todas as casas nas quais batemos nos mostravam a pele do Gato Chinês da Montanha. Foi o Santo Graal. Então nesse ponto ja estavamos aptos a colocar nossas armadilhas de cameras, sabiamos onde procurar. Nós três, meu aluno Chinês, um Tibetano e eu, fomos de motocicleta para acima das montanhas. Colocamos nossas cameras e conseguimos a primeira foto do gato chinês da montanha.
Carlos Driscoll depois classificou o gato como uma sub-espécie do Felis silvestris. Portanto não é mais considerado o último gato jamais descrito. Essa distinção agora vai para o gato Bay. O segundo é o gato andino.
Na Bolivia, Lillian Villalba, Constanza Napolitano, e eu conseguimos capturar um gato Andino em uma elevação de 5.400-5.500 metros e colocamos coleira de rádio nele. Agora 5.400 metros (17,700 pés) é mais alto que qualquer outro ponto dos Estados Unidos. Esse é o verdadeiro leopardo da neve dos Andes. Ou talvez eu deveria dizer o leopardo da neve é o gato Andino dos Himalayas. Mas este é o gato mais ameaçado das Américas e a razão é que ele não demonstra medo das pessoas. O Gato Chinês das Montanhas tem medo das pessoas. Ele tem sido caçado para fabricação de acessórios como chapéus, apesar dessa prática ter parado agora por causa da quantidade de pronunciamentos do Dalai Lama para os Tibetanos pararem de matar esses gatos, pelo menos na vila onde fomos.
Altiplano boliviano com um gato andino recheado |
Mas como o gato Andino não tem medo das pessoas e vive nos altos Andes, as pessoas atribuem a ele poderes supernaturais. Esses poderes só podem ser aproveitados se os gatos estiverem mortos. Então eles matam os gatos, tipicamente dando uma pedrada neles. Ou como algumas pessoas descreveram para nós, eles correm até os gatos, jogam seus casacos sobre eles e os sufocam. Eu tenho muitas fotos de pequenos gatos andinos nas pequenas vilass—muito mais do que há nos museus ao redor do mundo, existe uma foto dessa espécie nos Estados Unidos—com pessoas e a espécie morta de gatos andinos e eles as vendem nas lojas como sinal de boa sorte. Nativos americanos os adornam com moeddas de prata e lã e os carregam como objeto sagrados. Essa peça é chamada titi e não é vendida. São considerados sagrados e são passadas para a família. Os andinos estão sempre querendo mais, mas esses são gatos muito raros. Então temos um dilema de conservação em que estamos tentando salvar um gato que nao tem medo das pessoas mas é desejado como um objeto sagrado. Este é um problema dificil de resolver, particularmente quando os guardas do parque são nativos e eles abatem o gato se o encontram.
Eu estou trabalhando agora no gato de cabeça chata e o gato Bay do Sudeste da Asia. Ambos estao em ameaça de extinção.
Mongabay: Por que você decidiu estudar pequenos gatos?
Jim Sanderson: Eu descobri no inicio dos anos 80 que todos os grandes gatos foram realmente estudados, mas todos os pequenos gatos, que são a maioria dos gatos nunca tinham sido estudados. Eu poderia abrir um livro sobre gatos selvagens e nele nao haveria nada sobre os pequenos gatos. Apenas sabemos que eles existem. Não sabemos o que eles comem. Não sabemos quando ele é ativo. Não temos certeza de sua distribuição.. Então os pequenos gatos eram desconhecidos e ninguem estava trabalhando neles. Todos os grandes gatos — tigres, leões, pumas, jaguars, leopardos, chitas — tinham muitos estudos. Mas os pequenos gatos, era como se eles tivessem sido deixados para que eu os estudasse.
Mongabay: Você tem experiências incríveis, tendo sido capaz de encontrar e capturar alguns desses raros pequenos gatos. Qual o segredo para capturar pequenos gatos?
Jim Sanderson: Você deve ter várias coisas. Uma paixão pelo que está fazendo. Sem a paixão você não será bem sucedido, porque não é fácil. A segunda qualidade que voce tem que ter é paciência. Acontece que eu tenho muita paciencia para esses pequenos gatos, e eu estou disposto a esperá-los aparecer porque eu sei que eu irei eventualmente os encontrar. No entanto nao tenho tanta paciência ao lidar com pessoas, tenho muito mais paciencia com animais. Então diria que precisa-se de pasixão e paciencia. Persistencia é importante também. Você tem que continuar mesmo quando parece que você nunca vai achar o que procura; deve continuar procurando, porque é nessa hora que os animais estão lhe dizendo algo de que você nao sabe. Você aprende mais quando não os consegue encontrar por um longo tempo. Quando os encontra logo você nao aprende tanto.
Mongabay: Existe algo que você possa aprender sobre uma ecologia maior de um ecossistema da presença ou ausência desses pequenos predadores?
Margay dormindo em uma árvore |
Jim Sanderson: Esses pequenos predadores ocupam uma grande variedade de habitat. Não existem caninos arbóreos (cães) mas há gatos arbóreos—gatos que vivem em sua maioria em árvores. Então como rsultado, temos muito mais espécies de gatos do que espécies de cães. Os gatos mostram uma maior variação em peso corporal — não existe um cão tão grande quanto um tigre — e eles usam o espaço mais eficientemente. Quem tem esses pequenos gatos em um ecossistema pode nos afirmar.
Por exemplo, um dos gatos que estávamos estudando é o margay no Brasil. Nós o encontramos durante o dia procurando nos topos das árvores. O que ele estava fazendo? Ele não poderia estar capturando pássaros durante o dia, porque os pássaros podem competir com um gato no topo de uma árvore. Acontece que o gato estava comendo morcegos. Ele estava procurando por morcegos que estavam dormindo nas árvores. Então, isso nos diz muito sobre o meio ambiente. Quando eles são ativos durante a noite, eles estão caçando roedores. Quando são ativos durante o dia estão caçando outra coisa. Eles nos dizem com sua própria presença que tem muitas presas por ai. A saude do ecossistema pode ser determinada pelos predadores do topo, porque sua presença no diz que há presas adequadas para eles.
Mongabay: Vamos olhar para o elemento humano nessa foto. Com a advertencia de que as ameaças ao gatos são altamente variáveis dependendo de onde eles estão, quais são os maiores perigos para os pequenos gatos?
Jim Sanderson: Claro que alguns gatos compartilham ameaças similares — como a destruição do habitat, perda de presas, e a caça — mas eles também enfrentam ameaças variáveis em alguns casos.
Um gato Andino recheado em uma loja boliviana |
O gato andino enfrenta três ameaças principais. Número um, ele não tem medo das pessoas. Então, é um problema quando as pessoas locais atribuem poderes supernaturais ao gato e o matam (nummero dois). Numero três, os locais comem a mesma presa que os gatos, o roedor vizcacha da montanha que se parece muito com um coelho. Então, como lidar com essas ameaças? Bem, as pessoas tem caçado os vizcachas por milhares de anos, então é improvável que eles mudem seu comportamento só porque dizemos a eles que oos gatos precisam ser preservados. Que tal ensinar a esses gatos a ter medo das pessoas? Bem, eu vi apenas quatro em minha vida, e isso é dois mais que qualquer pessoa de que temos conhecimento. Das 45 pessoas envolvidas nesse projeto pelos habitats do gato—Peru, Argentina, Chile, e Bolivia—apenas 6 viram um gato andino vivo e eles estiveram trabalhando nesse projeto por quatro anos. Não é todo dia que se vê uma coisa dessas. Mas essa é a ameaça que temos com o gato andino, estamos lidando com algumas questões delicadas aqui. As pessoas comem a mesma comida e ainda matam o gato quando os vêem. Elas perseguem o gato o sufocam com seus casacos e os matam. Portanto essa seria uma ameaça direta dos humanos.
Por outro lado, um pequeno gato chamado gato da cabeça chata, enfrenta exatamento a ameaça oposta. Ele não compete com os humanos por comida. Ele não come galinhas. Ele é um especialista em planicies que come apenas peixes e rãs e é do tamanho de um gato doméstico. Ele vive nos pântanos da Malásia, Sumatra, e Borneo. Mas aqui as ameaças são as plantações de palmeiras de óleo — a conversão abrupta e a perda total do habitat dirigida pelas plantações de palmeiras de óleo. Sem consideração com ninguem da vida selvagem, todas as árvores são cortadas e então são plantadas as palmeiras de óleo. E é de uma forma não mitigada, ou seja, não há nada colocado para compensar a perda da terra. Aqui o gato perde seu habitat sem ninguem dar a mínima para o que acontece. Esta é a maior ameaça do Sul da Asia, a substituição do habitat por plantações de palmeiras de óleo. Você pode dirigir por horas seguidas—cinco horas—e ver nada além de palmeiras de óleo.
Mongabay: Alguem sabe das exigencias de habitat do gato de cabeça chata? Se você fosse preservar zonas ribeirinhas dentro das plantações de palmeira de óleo, seria o suficiente para eles?
Jim Sanderson: Bem essa é uma boa pergunta—não sabemos realmente. Mas geralmente há três animais nas plantações de palmeiras de óleo: ratos, gambás, e gatos leopardos que comem os ratos. Apenas isso.
Eles não são ricos em termos de biodiversidade. Eu não penso que preservar uma área ribeirinha dentro das plantações de palmeiras de óleo funcionaria e a razão é que o uso de pesticidas e o que vai dentro daqueles córregos acabaria com os peixes e as rãs. Mas nao sabemos de verdade porque ninguem nunca estudou o gato de cabeça chata.
Sabemos que esse gato é o mais aquático dos gatos. Ele coloca sua cabeça dentro da água e espera pelo peixe. Quando ele vê a presa, ele entra direto dentro da água. Ele tipicamente pesca ao longo de bancos do rio.
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Deixe-me dar um exemplo de quão raro isso é. Se voce colocar uma armadilha de câmera nas montanhas de Sumatra você gravará todos os cinco gatos: tigre, leopardo das nuvens, gato marmoreado, gato dourado, e gatos leopardos. Se voce colocar armadilhas de câmera nas planicies, voce muito improvavelmente conseguirá gravar um gato de cabeça chata ou gato pescando. Eu só sei de uma foto capturada por armadilha de câmera de um gato pescando em centenas de milhares de fotos tiradas por armadilhas de câmeras na Sumatra e eu apenas sei de três fotos de gatos de cabeça chata. Esses são gatos extremamente raros. A razão é que o gato que pesca e o gato de cabeça chata são ambos especialistas em pesca e as planicies da Sumatra estão sendo convertidas em plantações de palmeiras de óleo. Portanto esses pequenos gatos estão bem encrencados. Dizemos que os grandes gatos agem como espécies guarrda-chuva, que significa que se protegermos o habitat dos tigres e conservarmos os tigres eles servirão como proteção do habitat em que vivem. Mas os tigres são capazes de viver em situações de altas densidades humanas. Na Índia esses parques são rodeadas por pessoas e ainda temos tigres. Mas quando se trata de pequenos gatos, estamos procurando por eles mas nao os encontramos. Estão eles mesmo sob as asas de proteção ou eles desapareceram? Não sabemos.
Mongabay: O que as pessoas em casa podem fazer para ajudar a proteger seus pequenos gatos ou gatos selvagens?
Jim Sanderson: Uma industria de palmeira de óleo mais ambientalmente correta já seria um bom começo. Isso já seria um bom caminho para ajudar os gatos do Sudeste da Asia que é um ponto quente para as atividades de conservação agora. Trabalhar na América do Sul é um paraíso se comparado a trabalhar no Sudeste da Asia.
Aumentar sua consciencia sobre esses pequenos gatos também é importante.
Mongabay: E sobre a sua organização — smallcats.org?
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Jim Sanderson: O site é uma boa maneira de aprender sobre o que estamos trabalhando. O foco sempre esteve nos mais ameaçados. Minhas prioridades são cobertas pela lista vermelha –esses são sempre os mais raros e menos conhecidos: o gato andino; o gato da cabeça chata; o gato bay que é endêmico a Borneo; e o Guigna. Minha prioridade tem sido sempre os mais raros e os que tem sido largamente ignorados.
A maioria dos zoológicos da Associação Americana Zoológica (AZA) não exibem pequenos gatos porque acham que o publico nao quer vê-los. E ao invés eles exibem os grandes gatos e os carismáticos.
Quando voce visitar um zoológico peça para ver algo incomum — os pequenos gatos selvagens. Os esforços de conservação para os pequenos gatos não custa tanto dinheiro quanto os grandes gatos. Nós aprendemos conseguir muito com pouco. Qualquer contribuição ajuda. Veja o website WCN para ajudar os pequenos gatos com uma doação livre de impostos.
Mongabay: E o gato Tibetano?
Jim Sanderson: Muito pouco se sabia sobre o Chinês da Montanha. O habitat não foi pesquisado e não tinhamos nenhuma foto dele na vida selvagem. Então quando nos estabelecemos para aprender mais sobre eles, foi muito dificil encontrar informação. Após um longo tempo finalmente conseguimos uma pista. Finalmente fomos capazes de conseguir fotos dele.
Qual era a ameaça ao Gato Chines da Montanha? As pessoas estavam fazendo acessórios com as peles dos gatos. Eles matavam os gatos e faziam chapeus e vendiam para os comercianetes chineses mulçumanos. Eles são os que tem as lojas que vendem peles de animais.
Então era essa a ameaça — morte direta. Não há outra ameaça; o habitat é tão imenso que no plateau Tibetano a perda de habitat nao é uma ameaça. É em sua maior parte usado para pastagens. Mas temos ordenhadores semi-nômades que não sabem ler ou escrever e que não tem muito o que fazer durante o dia todo quando seu rebanho está pastando. Quando eles vêem esses gatos eles os pegam e cortam sua pele fora.
Uma pessoa eliminou essa ameaça por todo o Tibet — Dali Lama. Quando ele disse, “Estou cansado do meu povo matando animais e usando suas peles” as pessoas de todo o Tibet ouviram e pararam de matar os gatos. Eu queria ter esse tipo de poder de persuasão.
Essa foi apenas uma parte de um longo discurso que envolvia outras questões, mas claro que essa é uma questão bem política. Então calro que quando os Tibetanos começaram a queimar as peles os Chineses os atacaram por ações políticas — seguindo a palavra de Dali Lama. Mesmo sabendo que era algo positivo para a conservação, era um período de muita pressçao política porque as pessoas estavam ouvindo a Dali Lama.
Mongabay: A domesticação de gatos selvagens como bichanos de estimação causa muito problemas?
Jim Sanderson: Não é muito comum gatos selvagens como bichos de estimação — eles não servem muito bem para isso. As pessoas no entanto colocam comida para os Guignas algumas vezes, então os gatos virão pegar a comida mas eles nao entram dentro de casa. Eles se escondem das pessoas. Mas generalizando eu não acho que isso seja um problema. Em resposta ás leis da vida selvagem e leis estaduais as pessoas estao tentando cruzar gatos selvagens com gatos domésticos para criar novos cruzamentos entao terão mais gatos exóticos para se domesticar mas geralmente eles escapam, claro.
Mongabay: Quais são os outros pequenos gatos selvagens que estão em risco?
Jim Sanderson: Eu estou no grupo IUCN especialista em gatos como um membro com poder de voto. Eu me vejo representando os pequenos gatos e compensando muitos outros membros que são especialistas em gatos maiores e são bem representados em nosso grupo. Claro que somos todos colegas e todos nos ajudamos, mas quando há questões sobre os pequenos gatos, eles olham para mim.
Do lado oposto dos gatos da floresta está o gato das areias, um especialista do deserto. É um pequeno gato que vive no norte do deserto do Sahara e no Oriente Médio. Ele se alimenta de roedores e vive em tuneis escavados por outros animais porque os gatos nao são escavadores. Este é outro gato que precisa de reais análises. Não sabemos o que acontece com ele. Acho que existe um estudo sobre ele na Arabia Saudita.
O gato das patas pretas é encontrado na Africa do Sul. É tão pequeno que é chamada de tigre anthill. É um gato da metade do tamanho de um gato doméstico.
O gato marmoreado é outro gato do Sudeste da Ásia e do Sul do Asia. Acreditamos que seja um especialista arbóreo por causa de sua grande cauda. É muito mais raro do que o leopardo das nuvens, do qual sabemos um bocado graças ao trabalho de Andy Hearn e Jo Ross no Danum Valley.
Eu tenho boas pessoas trabalhando em tudo isso agora. Essas são as pessoas que realmente estão fazendo o real trabalho. Eu sou apenas o assistente deles agora.
Mongabay: Parece que voce teve muitas experiências positivas trabalhando com a industria nos esforços de conservação. Você pode nos falar sobre o papel que a industria pode ter ao proteger importantes areas selvagens.
Jim Sanderson: Sim, claro. Neste momento, estou trabalhando na mina de bauxita da BHP Billiton nas montanhas Bakhuys. Eles vão remover o topo das montanhas para extrair a bauxita, que é usada na produção de aluminio, mas é um projeto de longa escala: vinte cinco anos em um único lugar de dois mil hectares. A concessão deles cobre cerca de 240.000 hectares e eles controlam o acesso a toda a área. Ninguem entra ou sai dessa área sem a permissão deles. Os trabalhadores são proibidos de caçar ou prejudicar a vida selvagem de qualquer maneira. Isso significa que os animais estão muito bem protegidos.
Foi um caso similar na mina de Collahuasi no Chile. Esta é uma das maiores minas profundas de cobre do mundo mas a vida selvagem foi novamente protegida porque o comportamento dos trabalhadores no local era bem controlado. Eles estavam ou vivendo num hotel ou iam e vinham de ônibus do local da mina e havia um portão que dava acesso a mina. Então você não poderia adentrar o lugar a menos que o deixassem e eles restringiam o acesso ao público. Então essas minas que eu vi podem ser particularmente bom gerenciamento.
Eu sempre digo as pessoas que se administrados apropriadamente, esses locais podem ser melhor protegidos que um parque nacional onde o público é permitido. Nessas áreas ninguém é permitido exceto os trabalhadores e seus comportamentos é rigidamente controlados e monitorados. Então é bem fácil para mim ver uma parceria a industria e esses conservacionistas. Eu acho isso ótimo. Além disso, eles têm dinheiro para apoiar projetos de pesquisa. Então se as pessoas estiverem interessadas em estudar a vida selvagem ou monitorar a vida selvagem, frequentemente eles estão mais que felizes em prover fundos para isso porque eles gostam de ver as pessoas andando ao redor de suas terras enquanto estão escrevendo e estudando sobre a terra.
Mongabay: Os resultados tem alguma influencia quando uma companhia desenvolve uma área ou não?
Jim Sanderson: Absolutamente. No caso do Suriname, quando os pesquisadores descobriram um pequeno peixe que era endemico de um pequeno córrego, a companhia de mineiração disse, “Bem, nós deixaremos a bauxita no solo. Não estamos interessados em promover a mineiração aqui.” Uma descoberta como essa dá aos conservacionistas uma vantagem.
Mongabay: E quando os mineiradores vão embora? São projetos a longo prazo mas algum dia essas empresas vão se retirar quando tiverem extraídos todos os mineirais. Então há algum tipo de risco que essas estradas terão como condutoras do desenvolvimento, como a extração de madeira ou coisas da natureza. O que você pensa sobre isso?
Jim Sanderson: Isso pode acontecer, mas temos muito tempo para agir já que esses projetos são a longo prazo. Primeiro de tudo, essas companhias têm de reparar os danos que causam. Quando elas removem a tampa do solo, e as plantas e árvores, eles têm pessoas lá documentando tudo então essa área pode ser restaurada tanto quanto possível. As plantas são colocadas em estufas enquanto a mineiração é conduzida.
Nos Bakhuys, BHP Billiton já está olhando por outra companhia para ajudar na restauração ainda que eles não começaram as operações. Eles serão capazes de restaurar alguns dos locais onde eles fizeram a exploração. No interim de 20-40 anis antes eles eles deixarão o local, esperamos que a educação posssoa mudar a percepção de que a vida selvagem é a única comida para os pobres ou para que eles a vendam, particularmente para trabalhadores estrangeiros. Temos tempo para olhar para o futuro e dizer, “Deveriamos começar a ensinar aulas sobre a vida selvagem nas escolas para educar as pessoas.”
Ocelot com armadilha de camera no Suriname |
Com esperança, o padrão de vida no país melhorará dirante esse tempo também. Conforme os padrões de vida aumentem, a necessidade de caçar declina. Nos países desenvolvidos a maior parte das pessoas que caçam, o fazem por diversão. Nos páises pobres as pessoas precisam caçar pela comida, ou para vender a carne para o mercado. Eles não têm licensa, eles têm as estações de caça mas ninguem obedece a elas. Nos Estados Unidos você pode ir á loja e comprar carne mais barata do que se você for pessoalmente matar o veado, apesar de esse nao ser o caso no começo de 1900 quando o total da população de veados era estimada ser menor que 100.000 animais. Foi a época que começamos a ter regras de conservação durante a presidência de Theodore Roosevelt. Então passamos por um período nos Estados Unidos onde nós praticamente eliminamos toda nossa vida selvagem e parece que outros países estão aprendendo a lição que nós aprendemos.
Mongabay: Voltando um poquinho no assunto da mineiração, como os danos da mineiração da bauxita se compara aos danos da mineiração de ouro? Parece que o mercúrio é o grande problema nas minas de ouro de pequena escala aqui no Suriname.
Jim Sanderson: Não quer dizer que essas minas sejam perigosas. É apenas a atitude da companhia em ser ou não responsável pelos danos que causam. Todas as minas causam danos. Na mineiração da bauxita eles têm de remover a floresta e o solo para chegar aos depósitos de bauxita então isso é incrivelmente prejudicial a natureza.
Depende de como a companhia opera; se eles querem ser bons administradores do meio ambiente ou se eles não se importam. Agora, na maioria das vezes as regras do país são tão frouxas que as companhias são capazes de fazer o que quiserem. É apenas uma empresa que mostra responsabilidade que diz, “Nós vamos trabalhar em acordo com as regras que são estipuladas pelo Banco Mundial e não pelas regras do país porque essas regras são muito fracas.”
Mongabay: Vamos dar uma olhada em seu trabalho nos Bakhuys. Você está estabelecendo uma linha de base para ver como a mineiração afeta a vida selvagem e a floresta?
Jim Sanderson: Eu estou trabalhando nas montanhas nos Bakhuys, que é o oeste da Reserva Natural do Suriname Central. Esta é uma área que não tem visto pessoas por pelo menos 50 anos. Ninguem vive perto dessa área. Há duas pequenas operações turísticas pero, mas é só isso. BHP Billiton tem explorado depósitos de bauxita lá por quatro anos e para realizar essa exploração eles abrem algumas pequenas estradas. A área toda tem cerca de 520,000 acres. Os depósitos de bauxita estão relativamente localizados nos topos das montanhas. Esses depósitos são apenas alguns milhares de acres cada e existem menos de oito. Eles estão também interessados em explorar outras partes mas eles ainda nao fizeram isso. Eles o farão provavelmente no futuro.
O que eu gostaria de fazer era estabelecer uma linha de base sobre o que estava lá como parte do impacto do meio ambiente. Três anos atrás eu comecei a trabalhar na avaliação ambiental da área; focando nos grandes mamíferos. Eu decidi usar armadilhas de cameras como parte do esforço para estabelecer uma base do que vive na floresta.
As armadilhas de camera revelam a riqueza da área. As figuras começaram circulando em volta da companhia e eles me perguntaram se eu continuaria o projeto de monitoração para ver que tipo de impacto a minna estava tendo. Eles queriam ver se nós podiamos colocar a monitoração de forma a abrandar o impacto da remoção do topo da montanha sobre os grandes mamíferos. Então continuamos com as armadilhas de câmeras e estabelecemos um padrão de distúrbio para medir como as atividades da mineiração afetaria a vida selvagem.
Jaguars no Suriname. Foto por Steve Chin A Foeng e Jim Sanderson |
Temos estado fazendo isso agora por três anos e aonda temos outros dois anos pela frente antes da mineiração começar. Então teremos cinco anos de informações de base antes que as atividades de mineiração realmente começem. A armadilha tem revelado muito sobre os animais e sabemos que se continuarmos com as armadilhas de cameras iremos eventualmente conseguir imagens de todas as espécies. Estabelecer a inclinação antes da mineiração começar nos permite entender que fatores — como chuva e temperatura — afetam a vida selvagem. Acontece que após três anos podemos dizer que não há diferença entre quaisquer dos locais. É verdade que apenas um ou dois locais mostram animais raros, mas animais mais comuns como jaguar ou pumas aparecem em cada local — não temos um único local que não tenha jaguars ou pumas. Uma vez que a mineiração comece seremos capazes de medir o impacto sobre a vida selvagem.
Mongabay: Expandindo na armadilha de cameras em geral, porque você tem uma quantidade surpreendente de informações, mas se voce pudesse explicar o que se aprende a partir dessas armadilhas de camera como uma atividade e relacionamento de presa-predadores?
Jim Sanderson: A lição mais óbvia que tiramos das armadilhas de camera são os padrões de atividade. Podemos olhar o momento em que a imagem foi gravada e traçar o número de imagens que foram tiradas a cada hora. Se uma espécie é retratada mais de uma vez, nós apenas contamos como uma imagem para aquela espécie para cada armadilha de camera. Em outras palavras, se um animal se senta em frente da camera por dez minutos não contaremos dez retratos, contamos apenas um. Então conseguimos no máximo uma foto por hora por espécie, e traçamos esse numero.
Se um animal é ativo apenas durante o dia então teremos foto apenas durante o dia e não teremos fotos dele durante a noite. Isso possibilita estabeelecer um padrão de atividade para cada animal. Por exemplo de 800 imagens da ante, sabemos que a anta é em sua maioria ativa a noite.
Esta é uma das informações que podemos ter da armadilha de camera. Quando a mineração começar, poderemos ver se os padrões de atividade dos animais mudaraão.
Outra informação que podemos ter é sobre a distribuição dos animais. Se você trabalha com armadilhas de camera há tempo suficiente você deve ser capaz de dizer ‘essa camera tem muito mais imagens do que essa outra e essa deve ser uma razão’. Não vemos muita diferença entre nenhum de nossos locais.
Gêmeos Pumas no Suriname. Foto por Steve Chin A Foeng e Jim Sanderson |
Outra informação valiosa é a densidade, o numero de indivíduos em uma área. Para deteminar, precisamos ter duas cameras opostas em cada local e quando o animal caminha entre as cameras, a camera tira a foto de ambos os lados do animal. Para animais que são lateralmente assimétricos, como o jaguar que tem diferentes padrões em cada lado do corpo, podemos distinguir entre individuos e quantos jaguar estão usando nossa área de estudo. Com as suposições apropriadas, podemos calcular como os individuos são em uma área particular e determianr o numero de fêmeas e machos. Acontece que esses jaguars estão aparecendo em varios locais, então eles ficam vagando em volta — tanto os machos quanto as fêmeas.
Quando você coloca isso tudo junto, há uma série de informações que podem ser usadas para monitorar os impactos da mineiração.
Mongabay: Você também conseguiu capturar alguns comportamentos interessantes na câmera.
Jim Sanderson: Obrigada por me lembrar. Claro, a câmera capta também seus comportamentos: temos imagens de jaguars carregando tatus em suas bocass, e temos uma imagem de uma puma lutando com um veado vermelho. Então, temos alguma indicação do que esses predadores estão comendo. E temos também comportamento de acasalamento. Temos imagens repetidas de jaguars copulando bem em frente ás cameras. Todas essas figuras foram tiradas em Maio e Junho, que acaba sendo perto do fim da longa estação de chuvas. Então suspeitamos que não seja verdade que esses animais se reproduzem duranto o ano todo, mas na verdade eles se reproduzem em uma certa época do ano em resposta ás chuvas, e tem seus filhotes alguns meses depois durante a estação seca. Eles deixam seus pais dentro de um ano, porque vemos os jovens nas cameras seguindo a mãe, e dentro de um ano vemos os jovens sozinhos nas cameras. Então, estamos tendo um pouco de história familiar entre os jaguars. Mas definitivamente eles não estão se reproduzindo o ano todo.
Mongabay: Qual sua opnião em relação ao filme versus camera digital, qual voce prefere nas armadilhas de camera?
Jim Sanderson: Uma das primeiras coisas que eu gostaria de enfatizar é que qualquer um, até mesmo um chipanzé, pode colocar uma câmera em uma árvore. Não é isso que eu faço; não é esse o meu trabalho. Meu trabalho é colocar o animal em frente á camera. Então isso é diferente do que colocar uma camera numa árvore, e isso envolve muitas considerações.
Quanto a usar cameras digitais ou filmes: eu prefiro cameras com filme. Agora a maioria das pessoa querem a gratificação instantanea , entao elas querem chegar á camera e ligá-la e ver logo o que tem nelas. Eu prefiro o filme porque são mais rápidos.
O tempo latente é o tempo entre o reconhecimento do sensor de que algo se mexeu em frente á camera e então a camera tira uma foto. Para uma camera de filme o tempo latente é de cerca de meio segundo, certamente, menos que um segundo; enquanto nas cameras digitais esse tempo é de cerca de dois segundos e meio. Então com as cameras digitais se você não for cuidadoso pode ter muitas imagens de “jaguars sem cabeça” ou apenas a traseira dos animais, por causa da demora após eles se mexerem em frente o sensor da camera. A camera digital tem de acordar, ligar e então ela tira a foto. Com o tempo de latencia de menos de um segundo da camera a filme, voce tem uma imagem tirada na hora, exatamente quando o sensor capta, e sempre parece que o animal está bem em frente á camera. Mas é claro que a gratificação instantanea não está lá — voce tem de esperar para reavelar o filme. Há prós e contras.
As cameras digitais sofrem um pouco menos danos da umidade. E exigencias de bateria são maiores para as cameras digitais mas elas podem armazenar muito mais imagens do que as cameras a filme, porque um rolo de filme pode ter trinta e seis fotos. Em nosso local de teste podemos tirar trinta e seis fotos em uma semana; temos que checar as cameras a filme com mais frequencia do que as cameras digitais. Elas custam o mesmo como cameras de alta qualidade mas a comparação ilude. A questão é que o que mais me incomoda é quando alguém diz ‘bem, eu comparei essas cameras e uma é mais barata que a outra’. As pessoas deveriam saber que com as armadilhas de camera voce conseguira por aquilo que pagou. Se o objetivo for economizar dinheiro então nem compre uma armadilha de camera, porque elas são muito caras. Se o obejtivo é conseguir varias imagens então sugiro que comprem uma boa câmera. A medida não é o numero de imagens mas o numero de imagens uteis. Se voce quer a camera mais barata entao essa é uma outra medida.
Dr. Jim Sanderson está envolvido com a Rede de Conservação da Vida Selvagem, a Aliança de Conservação dos Pequenos Gatos, Grupo IUCN Especialista em Gatos, Fundos de Doações para os Pequenos Gatos, e a Federação de Conservação dos Felinos.
Agradecimentos especiais para Tiffany Roufs por sua ajuda em transcrever a entrevista.